Futebol fragmentado: a proposta de negócios multiplataforma da LFU

Valeria Contado
3 de fevereiro de 2025 - 6h01

Fortaleza, clube de Marcelo Paz, é um dos que estão na divisão da LFU (Crédito: João Moura/FEC)

Neste ano de 2025 passa a valer o novo acordo de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, a principal competição nacional chancelada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Com essa configuração os clubes – especialmente os das Séries A e B – se dividiram em dois grupos para a comercialização dos direitos de transmissão. O primeiro deles é a Liga Brasileira de Futebol (Libra), que conta com Bragantino, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo. Esse grupo comercializou os direitos, em sua totalidade, para a Globo na TV aberta e por assinatura.

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Um segundo grupo, a Liga Forte União, que conta com Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Atlético-GO Botafogo, Fortaleza, Cuiabá, Criciúma e Juventude, optou por uma negociação multiplataforma, em parceria com a LiveMode – agência criadora do canal CazéTV e responsável pelas negociações do Paulistão.

A LFU vendeu os seus 6 jogos por rodada em 3 pacotes. O primeiro é de co-exclusividade, com 38 jogos para Record, Google (através da parceria de YouTube e CazéTV) e Premiere.

O segundo pacote mantem a exclusividade de um jogo por rodada para Prime Video, streaming da Amazon. Por fim, a negociação com a Globo, anunciada nessa sexta-feira, 31, com exclusividade de quatro jogos por rodada.

Essa negociação gerou à Liga Forte União o valor de R$ 1,7 bilhão por ano. Antes disso, os valores giravam em torno de R$1,1 bilhão, segundo dados apurados pela reportagem.

Com exclusividade ao Meio e Mensagem, Marcelo Paz, presidente da LFU e CEO do Fortaleza Esporte Clube, explica como foi a concepção desse pacote e como enxerga o futuro do futebol brasileiro.

Projeto Multiplataforma

“O processo de negociações foi um trabalho coletivo realizado pelos clubes, que na origem se uniram junto com seus investidores e assessores, que trabalharam com empenho e profissionalismo numa venda centralizada. Esse trabalho passou pela estruturação de um processo competitivo, que atraiu os maiores e mais importantes grupos de mídia do Brasil e do mundo. E o resultado foi um aumento extraordinário de receita para os clubes da LFU”.

“A estratégia adotada pela LFU para o novo ciclo de direitos de transmissão, além de promover um aumento significativo no valor dos direitos de transmissão, nos abriu um novo modelo de distribuição que equilibra alcance e exclusividade. Essa estratégia atraiu um número maior de players, gerando uma concorrência saudável em cada segmento, aumentando o retorno para os clubes”.

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Novo cenário para o futebol

“Vai ser um cenário novo tanto para os detentores, quanto para os patrocinadores e torcedores. Acho que vai ter um período de adaptação, mas as boas notícias vão prevalecer, já que teremos um aumento de jogos em plataformas abertas, todos os jogos disponíveis para os torcedores e diferentes formas de transmitir, gerando mais opções para os espectadores escolherem onde preferem assistir”.

“Vejo os nossos parceiros (Record, Google, Amazon e Globo) usando os direitos adquiridos para alavancar significativamente os seus negócios no Brasil nos próximos 5 anos. E vejo outros players globais e nacionais, que participaram deste ciclo mas que não adquiriram direitos, ganhando confiança no trabalho que os clubes estão fazendo e no valor dos direitos”.

Um futuro em ligas

“O avanço e o crescimento do futebol brasileiro estão diretamente ligados a uma liga unificada e esse é o nosso grande projeto conjunto. As negociações recentes realizadas pela Liga Forte União mostraram que há um enorme interesse no futebol brasileiro e um potencial gigante de aumento de receita como o realizado pela LFU. Entendemos que temos todas as condições de alavancar ainda mais as receitas do futebol brasileiro com a formação da Liga Unificada”.

“Esse é o melhor caminho para o futebol brasileiro crescer, evoluir e se tornar uma grande potência no cenário mundial, com uma liga entre as top3 do mundo. Temos todos os elementos postos para a construção de uma Liga Única, e já estamos trabalhando nesta direção”.