Globo e Folha criaram ícone econômico
Há 16 anos, a parceria entre as duas empresas dava origem a um jornal que tornou-se o mais relevante em conteúdo de economia, negócios e finanças
Há 16 anos, a parceria entre as duas empresas dava origem a um jornal que tornou-se o mais relevante em conteúdo de economia, negócios e finanças
Luiz Gustavo Pacete
13 de setembro de 2016 - 15h19
O fim da parceria entre o Grupo Globo e o Grupo Folha, anunciado na tarde desta terça-feira, 13, após o Grupo Globo anunciar a compra da participação da Folha no Valor Econômico, o jornal, criado há 16 anos, em maio de 2000, segue adiante somente com um controlador. O negócio depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Criado com o objetivo de se tornar referência no jornalismo econômico, o Valor alcançou seus objetivos, mas não escapou dos desafios vividos pelas empresas de mídia.
Globo compra parte da Folha no Valor
O Valor recebeu investimentos inicias de US$ 50 milhões destinados a serviços de impressão e distribuição prestados pelos sócios e depois transformados em capital. A cúpula do jornal, com o jornalista Celso Pinto à frente, juntamente com Vera Brandimarte e Carlos Eduardo Lins da Silva, foi anunciada em 26 de novembro de 1999. Outros nomes foram importantes na estruturação do Valor como Flávio Pestana, que presidiu o jornal de 2000 a 2003, Nicolino Spina, diretor presidente de 2003 a 2012 e Alexandre Caldini, que presidiu o Valor de 2012 a 2014 quando deixou a empresa para assumir o comando da Abril.
No ano passado, no aniversário de 15 anos do jornal, Luiz Frias, presidente do Grupo Folha, ressaltou que o objetivo que fez surgir o Valor era a produção de um jornalismo econômico de qualidade e balanceado. “Capaz de prover informação confiável, análise útil e opiniões credenciadas”, disse Frias.
Folha explica motivos de nova reestruturação
Inédita, a parceria era vista por José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo, como responsável por fazer nascer um “jornal bem pensado, bem escrito e gostoso de ler”. “Que conta com uma independência editorial, determinada pelos dois grupos de acionistas, desde seu primeiro editorial, sempre em apoio à iniciativa privada e defendendo um país mais desburocratizado e de menor carga fiscal, um desafio muito grande nos dias de hoje”, disse Marinho.
O jornal tem como seu principal público leitores de alto poder de renda, 90% leitores das classes A e B. De acordo com o último dado do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), foram vendidos 62 mil exemplares do Valor em julho. No digital, a audiência é de 50 milhões de páginas acessadas.
Brasil perdeu oito jornais em 6 anos
Dentre as principais inovações do Valor está o Valor Pro, serviço de notícias e análises em tempo real lançado em 2013. Na ocasião, foram investidos R$ 100 milhões e o produto tem informações de mais de cinco mil empresas. Na época, Alexandre Caldini afirmou que o Valor Pro era um dos projetos mais ambiciosos da empresa. “A gente pretende trabalhar fortemente para, em três anos, ser líder no mercado”, disse Caldini. O Valor Pro concorre atualmente com AE Broadcast e CMA.
Segundo Caio Túlio Costa, cofundador da Torabit e professor de pós-graduação da ESPM, ambos os grupos, Folha e Globo, construíram um jornal econômico de respeitabilidade em muito pouco tempo. “Neste ínterim, o mercado de jornais vem enfrentando uma enorme crise sistêmica, agravada no Brasil pela crise político-econômica. Ou seja, os jornais vivem uma crise dupla no nosso país – com perda de receita de publicidade e quedas de circulação. Isso pode sugerir alguma explicação”, diz Túlio Costa.
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