Greve de Hollywood: roteiristas e atores garantem proteção em relação à IA
Sindicato dos atores chegam a acordo com AMPTP, dando fim a maior greve de Hollywood
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10 de novembro de 2023 - 16h37
Em maio deste ano, o Sindicato dos Roteiristas de Hollywood, WGA, (Writers Guild of America) entraram em greve. Dois meses depois, em julho, o sindicato dos atores, SAG-AFTRA (Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists), se juntou à paralisação, torando a mobilização a maior da história do cinema e televisão americanos desde a pandemia. O WGA chegou a um acordo em setembro. Já o SAG-AFTRA anunciou nesta quinta-feira, 9, o fim da sua greve.
Na quarta-feira, 8, o comitê de negociação do SAG-AFTRA aprovou um acordo provisório que ainda será ratificado pelos membros do sindicato e aprovado pelo conselho nacional nesta sexta-feira, 10. A paralisação foi cessada na quinta-feira, 8, à 00h01. A greve durou 118 dias.
Entre as demandas, o SAG-AFTRA pediu que uma empresa terceirizada mensure o sucesso dos produtos audiovisuais dos quais fazem parte, que os pagamentos residuais sejam vinculados ao seu desempenho e que houvesse aumento salarial e mais contribuições para benefícios, como planos de saúde e previdência. Membros da AMPTP (Alliance of Motion Picture and Television Producers) rejeitaram a proposta sob o argumento de que algumas plataformas de streaming ainda não são lucrativas.
A versão aprovada do acordo prevê bônus em participação em streaming, aumento salarial de 7%, barreiras de consentimento e compensação no uso de IA, aumento dos limites de previdência e saúde, proteção para comunidades diversas e disposições legais para proteger os artistas contra o uso de suas imagens por meio de inteligência artificial, entre outros. Demais informações sobre o acordo serão divulgados a partir da assinatura de ambas as partes.
“Este acordo revolucionário alcança grandes avanços na abordagem da compensação por meio de resíduos e proteções da tecnologia de inteligência artificial generativa, ao mesmo tempo em que reafirma o papel que os artistas humanos desempenham na produção de cinema, televisão e entretenimento por streaming”, publicou o sindicato.
O Sindicato dos Roteiristas de Hollywood (WGA) e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) chegaram a um concenso sobre as questões afetando os roteiristas ainda em setembro. A AMPTP representa estúdios, produtores e plataformas de streaming. A greve dos roteiristas representados pelo WGA (11 mil) durou 146 dias e forçou pausa em produções audiovisuais.
Ao todo, WGA e AMPTP negociaram durante cinco dias consecutivos até chegar a um acordo e atualizar o WGA’s Minimum Basic Agreement. Os detalhes mais trabalhados foram os que tratam do uso da inteligência artificial generativa na produção de roteiros.
O WGA pedia aumento baseado em audiência, na remuneração mínima para roteiristas de todos os tipos de mídia, aumento em contribuições para benefícios como assistência médica e regulação no uso de IA.
O sindicato fez uma votação com membros do WGA West e WGA East e 99% dos votantes aprovaram o acordo, que dura até 31 de maio de 2026.
O WGA publicou uma carta classificando o acordo “excepcional” e que ele garantia proteção e ganhos para os roteiristas. Além disso, a presidente do WGA East, Lisa Takeuchi Cullen, declarou apoio aos parceiros do SAG-AFTRA, que também negociavam com a AMPTP.
“Até que os estúdios façam um acordo que atenda às necessidades dos artistas, os membros do WGA estarão nos piquetes, caminhando lado a lado com o SAG-AFTRA em solidariedade”, declarou.
Diante das mobilizações, diversas produções foram paradas. Segundo o Ad Age, as redes televisivas reduziram o tamanho das novas temporadas de séries. Isso é reflexo da migração da audiência e anunciantes para o streaming e deve acontecer com as séries Chicago Fire e Law & Order, da NBCUniversal.
O calendário também ficou apertado. A Disney irá tentar encaixar o máximo de episódios de Grey’s Anatomy e The Rookie antes da temporada da NBA em abril. Além disso, a programação de produção e exibição será alterada para o calendário de férias e festas de final de ano. Assim, é provável que algumas produções só sejam lançadas no ano seguinte na TV linear e demorar ainda mais nos streamings, já que o modo de lançar episódios é diferente em cada formato.
Ainda conforme a publicação, tais greves acarretam em novos programas que não precisam necessariamente de roteiristas ou atores, como reality shows. Dessa forma, a tendência pode aumentar conforme há cortes no número de programas e filmes produzidos.
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