Irmãos Gullane, produtores de “Senna”, contam bastidores da minissérie sucesso na Netflix
Caio e Fabiano Gullane também comentam sobre o momento da produtora e sobre o atual cenário de produção audiovisual brasileiro
Irmãos Gullane, produtores de “Senna”, contam bastidores da minissérie sucesso na Netflix
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Amanda Schnaider
9 de dezembro de 2024 - 13h37
Produção original brasileira que recebeu o maior investimento da Netflix e estreou recentemente, a minissérie Senna tem sido um sucesso comercial e de audiência. Além de ser a produção brasileira com mais parcerias comerciais, a minissérie dirigida por Vicente Amorim e Júlia Rezende, e produzida pelos irmãos Caio e Fabiano Gullane, da Gullane, também entrou para o Top 10 das produções mais assistidas em língua não inglesa na Netflix e ganhou uma indicação Critics Choice Awards 2025 na categoria Melhor Série em Língua Estrangeira.
Apesar do sucesso estrondoso de Senna ter proporcionado grande visibilidade para a Gullane no último mês, a produtora, que celebra 30 anos de história em 2024, possui grandes produções em seu portfólio, como O Bicho de Sete Cabeças, Carandiru, A Última Floresta, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, a franquia Até que a Sorte nos Separe, Que Horas Ela Volta?, O Rei da TV, Carcereiros, Ninguém Tá Olhando, Unidade Básica, Alice, Hard, Irmãos Freitas e Sintonia.
Mais recentemente, a produtora também ganhou destaque por levar aos cinemas Arca de Noé, maior animação já realizada no Brasil, em parceria inédita com a Índia. Além disso, em 2024, a Gullane também marcou presença em grandes festivais, como a Palma de Ouro em Cannes, onde estreou Motel Destino, de Karim Aïnouz, e o Festival de Toronto, com o título Os Enforcados, de Fernando Coimbra, que chega aos cinemas no Brasil em março.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, os irmãos Caio e Fabiano Gullane revelam alguns bastidores da grande produção Senna, comentam sobre outros projetos da produtora e analisam o mercado audiovisual brasileiro atual, assim como, o que esperam para o futuro desta indústria.
Meio & Mensagem – Senna foi o projeto mais ambicioso da Gullane no streaming até agora. Como surgiu a ideia desse projeto? Como foi o processo de pesquisa e desenvolvimento para contar a história de um ícone?
Fabiano Gullane – Olha, no início dos anos 2000, vínhamos de uma série de filmes muito bem sucedidos. Tínhamos feito o Bicho de Sete Cabeças, logo em seguida o Carandiru, logo em seguida O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, do Cao Hamburger, três ou quatro filmes que tinham sido muito bem sucedidos no Brasil e no mundo, especialmente. E nos colocamos esse desafio de “que projeto que vamos fazer agora que pode ter um tamanho muito grande no mundo, que pode ser um dos projetos de maior repercussão do audiovisual brasileiro no Brasil e no mundo?”. E chegamos no nome do Senna, por razões óbvias, pela importância que ele tem como ídolo no Brasil, importância que ele tem como ídolo fora do Brasil, um cara muito respeitado, muito querido, ainda com uma memória muito viva na cabeça de todo mundo. Falamos “pô, é o Senna”, e começamos a organizar. Numa primeira etapa, queríamos fazer um longa [metragem], então nos organizamos com a família, organizou os direitos, para fazer um projeto oficial e tal, tentamos financiar como cinema e, naquele momento, não foi possível, era um filme muito grande para ser feito a partir do Brasil e tal, e considerando o tamanho da história que queríamos contar, e considerando que as plataformas tinham chegado, estavam muito fortes no Brasil, falamos “vamos transformar isso numa série”. E dali para frente, fechamos com a Netflix, com o Vicente Amorim [diretor da série], com Júlia Rezende [diretora da série] e fazemos esse projeto maravilhoso.
Caio Gullane – Depois desse começo que o Fabiano contou, hoje, a sensação que fica para nós, depois de estar com a série lançada, de estar sendo assistido no mundo inteiro, é uma sensação de que nos preparemos a vida inteira para fazer esse projeto. E desde quando tivemos a ideia de criar uma obra de ficção sobre a vida do Ayrton, nós começamos a entender também como seria viabilizar um projeto audiovisual que tem como cenário essas diversas arenas pelo mundo afora. Então, teve um momento muito importante que foi a estratégia que fizemos, mesmo antes da Netflix chegar, e quando a Netflix chegou foi uma soma de esforços muito legais. E elencamos mesmo filmar, principalmente, na Argentina, no Uruguai e no Brasil, por motivos de resolver a complexa logística. Tanto a Argentina quanto o Uruguai apresentam uma arquitetura muito europeia em diversos edifícios, nos quais conseguimos reproduzir, por exemplo, salões na França, em Mônaco, na Itália, as grandes festas da Fórmula 1 e tem uma outra característica que tem uma tradição automobilística muito grande. Decidimos construir os carros dois anos, praticamente, antes da filmagem, porque entendíamos que os carros eram personagens também. E ter os carros disponíveis ali, perfeitos, réplicas perfeitas, carros que você acelerava e ele andava, você ia para a pista. Foi incrível, porque ajuda muito a resolvermos a veracidade do que precisávamos mostrar para construir uma boa dramaturgia.
Fabiano – Fizemos uma provocação para a equipe Netflix no Brasil e eles, imediatamente, aceitaram, que é a primeira série feita para todo o globo, feita no Brasil. Então, com um orçamento mais robusto, com uma condição de produção mais robusta e, mesmo assim, tínhamos muita vontade de que o projeto fosse, que todas as lideranças criativas, de produção técnicas, fossem brasileiras, para podermos realmente comprovar para o mundo que o Brasil em igualdade de condições de orçamento, fazemos qualquer obra, fazemos obras que são de padrão americano, Hollywood. Então, é uma alegria poder afirmar isso com a boca cheia de que realmente Senna, com toda sua complexidade, com todo o sucesso, com todo o tamanho que teve de produção, foi 100% feito por brasileiros para brasileiros e para o público internacional.
Caio – Entendemos também que esse projeto, para nós e um pouco para o audiovisual brasileiro, representa um novo ciclo, a possibilidade de produzirmos, acredito que foi comprovado que conseguimos entregar uma qualidade. O Brasil conta com atores e atrizes excelentes, que têm uma experiência incrível de todo o audiovisual que o Brasil tem, seja ele as novelas, os filmes de outras épocas, a televisão em geral, o nosso cinema e a parte técnica também. Hoje, acumulamos uma tecnologia, um know-how, um talento, que estamos prontos para qualquer plano cinematográfico no mundo.
Fabiano – E celebramos também a escolha do Senna para a Critics Choice Awards, que está lá entre os cinco ou seis projetos concorrentes. Foi uma notícia que recebemos com muita alegria, que a imprensa especializada americana também curtiu e está valorizando bastante a série.
M&M – Acreditam que as produções brasileiras têm ganhado mais relevância tanto para o público nacional quanto internacional? Quais são as perspectivas para o futuro do cinema brasileiro?
Caio – Acredito que, sim, estamos vivendo um excelente momento, em particular, para Gullane, 2024 foi um momento muito feliz. Iniciamos o ano com Motel Destino, um filme dirigido pelo Karim Aïnouz, com uma equipe e um elenco cearense, uma história com sotaque, com cheiro cearense, Fábio Assunção compondo como único sudestino ali e uma história que acabou conquistando grande parte do mundo, justamente por ser um dos filmes que competiu no Festival de Cannes, na competição principal. Se você imaginar que são escritos por volta de 5 a 6 mil filmes no Festival de Cannes e são cerca de 20 filmes na seleção oficial e quase que 50, 60 filmes ao todo, desses 6 mil, e para o Brasil estar ali, mais uma vez, representando a nossa cinematografia, foi muito legal. Isso é uma vitrine que já possibilita muitas vendas, muitas estreias em outros países. Logo em seguida, nos preparamos para o lançamento do Arca de Noé, que é uma animação também que reunimos um conjunto de estrelas no Brasil muito legais, revivendo a música de Vinícius de Moraes. E o filme, podemos, com certeza dizer, é um mérito de várias pessoas que estiveram conosco nessa jornada, é a maior animação já feita no Brasil. Foram anos, uma co-produção com a Índia. Então, mais uma coisa de repercussão internacional. O Arca foi vendido para mais de 70 países e estreou em mais de 50 países. Nós tivemos Os Enforcados também, o filme do Fernando Coimbra, com Leandra Leal, Irene Ravache, Irandhir Santos, que começamos no Festival de Toronto, depois fomos para o Tallinn Black Nights, que lançamos no ano que vem nos cinemas no Brasil e no mundo. E aí coroando tudo isso, Ayrton Senna do Brasil, uma série que está em primeiro na plataforma Netflix no Brasil, e vem subindo como série não-americana do restante do mundo, estávamos em sexto, fomos para quarto, estamos em segundo, então tem um paralelo até com a corrida do Ayrton ganhando posições dia a dia.
Fabiano – Só para concluir essa coisa do futuro, parece que, sim, a cinematografia, o audiovisual mundial tem uma predominância muito forte do conteúdo em língua inglesa, então acredito que cabem aos produtores do Brasil, da França, de todos os países que não são ingleses falantes, realmente trabalharem muito para que a nossa memória, para que a nossa identidade e para que a nossa história também seja representada na cultura como um todo, mas, no nosso caso, no audiovisual, no cinema. E o Brasil, ele é um protagonista enorme de consumo audiovisual, mesmo em língua inglesa. Isso nos coloca numa situação que também temos direito de ocupar essa posição de protagonista, já que somos um protagonista de consumo, também sermos protagonista de provedor de conteúdo, também de produção das obras em português. Esse é o caminho da Gullane, sempre muito ligado em transbordar o mercado brasileiro para o mercado internacional e acredito que, sim, vemos esse ano, especialmente junto com os filmes que o Caio acabou de falar, um salve muito especial ao Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que está fazendo um trabalho lindo, correndo nessa campanha de Oscar, o sucesso que foi a série do Cidade de Deus, feita pela O2 e pela HBO Max. É um momento muito positivo que saudamos, com muita alegria, o presente e o futuro próximo do audiovisual brasileiro.
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