Histórias e lições de Ricardo Boechat em livro
Em volume editado pela Panda Books, Eduardo Barão e Pablo Fernandez reúnem lembranças e depoimentos de amigos, familiares e ouvintes sobre o jornalista
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Amanda Schnaider
9 de dezembro de 2019 - 12h59
Em 11 de fevereiro, o jornalista Ricardo Boechat faleceu em um acidente aéreo, quando fazia uma viagem entre São Paulo e Campinas, no interior do estado, para um evento. Com quase 50 anos de carreira, três prêmios Esso e passagens por diversos veículos de comunicação, Boechat marcou a vida de diversas pessoas que acompanhavam seu trabalho.
Dez meses depois, Eduardo Barão, âncora da BandNews FM, que foi amigo e companheiro de rádio de Boechat por mais de 12 anos, e Pablo Fernandez, coordenador da redação e editor da manhã na emissora, lançam nesta segunda-feira, 9, o livro Eu Sou Ricardo Boechat, na Livraria da Vila da alameda Lorena, em São Paulo, e na quarta-feira, 11, na Livraria da Travessa no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro.
Publicado pela Panda Books, “o livro conta cem histórias que misturam a vida pessoal e a vida profissional dele”, comenta Barão. O autor explica que ele e Pablo escutaram familiares e amigos e foram atrás de histórias de pessoas que Boechat ajudou, inclusive financeiramente. “Ele era doidão e dava o telefone pessoal dele no ar. Ligavam pra ele o dia inteiro e durante a madrugada. A mulher dele brigava com ele por isso, mas mesmo assim pegava muita informação dessa maneira”, conta Barão.
Sua mulher, Veruska Seibel Boechat, contribuiu de maneira expressiva para o livro ao escrever seu prefácio. Além disso, as histórias contam com diversas fotos divulgadas pela família do jornalista.
Vida profissional
Quando se tratava da vida profissional, Barão conta que Boechat sempre foi muito obstinado a dar a informação em primeiro lugar e de forma correta. “Na redação da Band ele cobrava isso de todo mundo”, completa. Seu companheiro de trabalho de longa data ainda revela que para Boechat, o mais importante era colocar o ouvinte acima das autoridades. “Ele fez uma ruptura dessa ordem do que era mais importante para uma reportagem. Ele colocava o que o ouvinte dizia acima do que as autoridades diziam”, lembra.
O jornalista revela que uma vez Boechat discutiu com a diretora da HemoRio, centro fluminense de hematologia e hemoterapia, porque ela afirmava que não havia doadores de sangue suficientes na cidade. “Ele falou ‘como assim ninguém doa sangue?’, e ela falou para perguntar se alguém da redação dele doava, e ele descobriu que quase ninguém doava.” Barão conta que a partir desse momento Boechat mobilizou todo a redação da Band e disso se desenvolveu um grande evento de doação de sangue, com apoio da emissora.
Bolsonaro
Outra história resgatada no livro foi a ligação entre Ricardo Boechat e o atual presidente, Jair Bolsonaro. “Bolsonaro e Boechat se conheceram há muitos anos no Rio de Janeiro. Bolsonaro era fonte de Boechat, e passava muitas coisas para ele ainda na época do exército. Eles conversavam com o codinome de ‘Jacaré’”, revela Barão, reforçando que várias vezes ouvia alguma ligação do capitão reformado para Boechat por causa de algo dito na rádio. “Bolsonaro chamava Boechat de comunista e Boechat chamava ele de nazista, porém tudo em tom de brincadeira. Mas, esse contato acabou no ano passado, com as eleições”, explica o jornalista.
Barão ainda conta que a primeira vez que Boechat se envolveu na tentativa de fazer um candidato participar do debate na Band foi com Bolsonaro. “Ele falou com todos os familiares de Bolsonaro para fazer com que ele participasse do debate. O Boechat era apresentador do debate e nunca tinha se envolvido com a produção, mas dessa vez especificamente, ele tentou fazer com que Bolsonaro participasse. Essa foi a última vez que eles tiveram contato, de uma relação bem antiga de fonte e jornalista.”
Ensinamentos
O âncora da Band acredita que um dos grandes ensinamentos de Boechat foi justamente o protagonismo do ouvinte. “Boechat vai na contramão do que ensinam nas faculdade de jornalismo e do que normalmente os jornalistas fazem. Para ele, a última coisa que você deve ouvir é a autoridade. Eu implantei a BandNews FM em nove praças e todas as vezes foi muito difícil quebrar esse pensamento”, diz Barão.
Essa atenção subentende ter carinho pela audiência. “Antes da época das selfies, fizemos um evento no Mercadão de São Paulo e chegaram algumas pessoas que queriam autógrafos nossos. Eu sempre tive o pensamento de que não era melhor que ninguém e por isso não queria dar nenhum autógrafo, e o Boechat falou: ‘Cala a boca, o cara veio até aqui só pra pegar um autógrafo, então vamos dar o autógrafo pra ele’”, conta Barão.
“Outra coisa que ele me ensinou foi que às vezes você já tem a notícia na mão, como o próprio caso da tragédia de seu acidente, mas temos que segurar para dar, esperando a autorização da família com o objetivo de humanizar a situação”, diz Eduardo Barão.
**Crédito da imagem no topo: Mfto/ iStock
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