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Inquisição europeia de Zuckerberg está mais para férias

Depoimento do CEO sobre vazamento de informações de usuários do Facebook durou menos que a audiência feita nos Estados Unidos


23 de maio de 2018 - 15h54

Por Garett Sloane, do Advertising Age*

 

Facebook foi envolvido em polêmica com a consultoria Cambridge Analytica, que teve acesso a dados de 87 milhões de contas da rede social (crédito: Getty Images)

Mark Zuckerberg, do Facebook, depôs ao Parlamento Europeu. No entanto, sua prestação de esclarecimento foi muito mais fácil do que sua apresentação do mês passado, em Washington, no congresso americano. O CEO esteve em Bruxelas, sede do governo da União Europeia, para responder por lapsos de privacidade e dados trazidos à tona pela Cambridge Analytica, um provedor de informações terceirizado com permissão de acesso aos perfis de até 87 milhões de usuários do Facebook e seus amigos. A empresa de consultoria foi acusada de abusar desses dados, com o objetivo de influenciar as eleições nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Zuckerberg já enfrentou dois dias de questionamentos, feitos por legisladores nos Estados Unidos; e, nesta terça-feira, foi a vez dos europeus obterem respostas sobre tudo – desde a preparação do Facebook para as novas leis de dados, conhecida como GDPR, até como a plataforma combate fake news. Confira como foi a inquisição europeia de Zuckerberg:

Formato fácil
Por causa de um questionamento limitado, Zuckerberg escapou de qualquer dificuldade. Primeiro, todos os representantes europeus fizeram suas perguntas e, então, Zuckerberg respondeu tudo de uma só vez. Além disso, a audiência durou cerca de uma hora e meia, em oposição as quase dez horas de interrogatório nos Estados Unidos, quando os legisladores puderam interrogar individualmente o CEO.

O que ele não respondeu
Muito. No final da audiência, ficou claro que alguns legisladores estavam insatisfeitos com o excesso de desvios feitos por Zuckerberg. Alguns deles fizeram tentativas finais para obter respostas quando a audiência estava chegando ao fim. “Você permitirá que os usuários escapem de publicidade direcionada?”, questionou um parlamentar, nos minutos finais. Zuckerberg respondeu com um leve desdém: “Vou me certificar de que vamos acompanhar essa queixa e obter respostas”. (Uma resposta familiar para quem assistiu às audiências que aconteceram nos Estados Unidos).

A questão da publicidade direcionada é importante para os europeus. O novo General Data Protection Regulation (GDPR), que entra em vigor nesta sexta-feira, 25, rege como as empresas de internet podem coletar dados pessoais – todos os usuários precisam ser informados sobre as práticas e dar permissão para que seus dados sejam compartilhados.

O GDPR pretende impedir que empresas se recusem a oferecer serviços aos usuários que não queiram que seus dados sejam coletados – pelo menos, um legislador da União Europeia estava querendo que o Facebook fizesse exatamente isso.

Perfis de sombras
Como nas audiências dos Estados Unidos, os legisladores da União Europeia também estavam preocupados com a capacidade do Facebook de coletar dados sobre pessoas que não usam o serviço. Zuckerberg foi questionado sobre por que a rede social precisa reter dados de usuários que não são do Facebook e sobre qual recurso essas pessoas precisam deixar de usar para não serem rastreadas.

Zuckerberg deu uma resposta familiar: o objetivo é manter “perfis de sombra” para as pessoas que não são usuárias. Ele alegou que o Facebook precisa ter esses registros por causa da segurança. O CEO disse que, por exemplo, se um não usuário tentar usar o site para coletar informações sobre as pessoas com contas ativas, o Facebook poderá rastrear essas atividades. “Mesmo que eles não estejam conectados, temos que entender como eles estão usando o serviço para evitar atividades ruins”, afirmou Zuckerberg.

Pronto para o GDPR
É claro que as novas regulamentações de privacidade foram as principais preocupações dos legisladores da União Europeia. A questão principal era se o Facebook tomou as medidas necessárias para se preparar para as novas medidas. “Esperamos estar totalmente em conformidade em 25 de maio”, disse Zuckerberg.

Sem Diamond e sem Silk
Não houve menção alguma a Diamond e a Silk, também conhecidas como Lynnette Hardaway e Rochelle Richardson, as personalidades pró-Trump discutidas nas audiências dos Estados Unidos – depois de se tornarem uma causa célebre entre os conservadores norte-americanos, que afirmavam que a dupla estava sendo censurada no Facebook.

Ainda assim, a União Europeia fez com que Nigel Farage falasse, para conservadores preocupados, sobre o fato de o Facebook estar fazendo mudanças que afetariam desproporcionalmente suas mensagens. O Facebook vem reprimindo notícias falsas e clickbait; e, em um esforço para melhorar a qualidade das interações na plataforma, reduziu a visibilidade dessas publicações. Várias vozes conservadoras afirmam que estão vendo uma queda no engajamento dos fãs e suspeitam que o algoritmo do Facebook esteja trabalhando contra eles. “Quem decide o que (conteúdo) é aceitável?”, perguntou Farage. Era um sentimento similar ao expresso por conservadores como o senador Ted Cruz, do Texas, durante a audiência de Zuckerberg em Washington. O Facebook não classifica o conteúdo e nem toma decisões sobre o que é permitido, “com base em uma orientação política”, disse Zuckerberg.

Questões de confiança
O domínio do Facebook na indústria de tecnologia também surgiu para fornecer análises. Alguns legisladores da União Europeia perguntaram como Zuckerberg vê o cenário competitivo – questionando se é um monopólio e se isso precisa terminar. O Facebook ainda é dono do Instagram e do WhatsApp, e Zuckerberg foi questionado sobre a existência de concorrência no mercado. O CEO negou que o Facebook seja um monopólio, observando que a empresa controla apenas 6% do mercado publicitário e que o espaço “parece competitivo” para ele.

Os legisladores até perguntaram se o Facebook deveria revelar seu algoritmo secreto para que ele possa explicar como decide qual conteúdo é exibido para qual usuário devido a influência que a rede social exerce sobre as pessoas. O legislador da União Europeia, Guy Verhofstadt, perguntou se Zuckerberg seria lembrado como um visionário ao lado de Bill Gates e Steve Jobs, ou se o Facebook estava em um caminho mais sombrio, “um monstro digital destruindo nossas democracias e nossas sociedades”. Ele se recusou a responder a essa pergunta.

Tradução: Victória Navarro

Crédito da foto do topo: Freestocks/Pexels

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