“Jogo no Facebook é complemento”
Bernardo Itri, diretor de comunicação da Federação Paulista de Futebol, fala sobre o uso da internet como plataforma de transmissão
Bernardo Itri, diretor de comunicação da Federação Paulista de Futebol, fala sobre o uso da internet como plataforma de transmissão
Luiz Gustavo Pacete
29 de junho de 2017 - 8h09
No dia 10 de junho, com um jogo entre Corinthians e São José dos Campos, pelo Paulista Sub-20, a Federação Paulista de Futebol (FPF) iniciou uma parceria com o Facebook para transmitir, pela primeira vez, o campeonato na plataforma. Com um acordo que prevê a transmissão de, no mínimo, 30 partidas ao longo da temporada, a FPF engrossa a lista de transmissões esportivas ao vivo que estão ocorrendo na internet.
No início do mês, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) transmitiu os amistosos entre Brasil e Argentina e Austrália pela internet. A primeira havia sido o Jogo da Amizade, entre Brasil e Colômbia, no mês de janeiro. No caso da FPF, a federação já transmitia o campeonato na plataforma Mycujoo e agora conta com mais um canal. Ao Meio & Mensagem, Bernardo Itri, diretor de comunicação da FPF, explica as oportunidades que eles enxergaram no formato, fala sobre monetização e visibilidade para marcas.
M&M – Quanto tempo levou para que a FPF decidisse exibir os jogos pelo Facebook?
Bernardo Itri – A FPF possui 14 competições anuais e organiza mais de quatro mil jogos por temporada. Menos de 10% das partidas são televisionadas. Nesse sentido, entendemos que era necessário levar aos torcedores mais conteúdo, transmitindo mais jogos, e também divulgando ainda mais as marcas dos clubes, de seus parceiros e dos campeonatos. Foi então que a FPF iniciou seu novo modelo de transmissão online. No início de 2016, foi firmada parceria com o Mycujoo, plataforma de vídeo específica para transmissões de futebol, onde começamos a transmitir partidas dos campeonatos que não tiveram seus direitos de transmissão negociados.
M&M – Quando vocês deram início às conversas com o Facebook?
Itri – No início de 2017, fizemos as transmissões de alguns jogos da Copa São Paulo que não estavam na grade da TV. Exibimos, por exemplo, o primeiro jogo da Chapecoense pós-acidente, contra o Desportivo Brasil, que foi nosso recorde de audiência da competição: mais de 90 mil visualizações. Com o formato definido, iniciamos conversas com o Facebook para exibir jogos também pelo Live do perfil da FPF. Foi aí que montamos a parceria para a transmissão do Paulista Sub-20 no Facebook. O acordo prevê a transmissão de 30 jogos com exclusividade na plataforma. O primeiro jogo, entre Corinthians x São José, teve alcance de um milhão de pessoas e mais de 220 mil views. Nosso planejamento é ampliar as transmissões online, dando visibilidade para clubes, jogadores e para as competições da FPF.
M&M – Quais os ganhos que a FPF enxerga no formato?
Itri – Por se tratar de um modelo novo, sempre olhamos qual é o retorno com público, clubes e mercado. Entendemos que é importante dar visibilidade para todos os filiados da FPF, seus atletas e incrementar as competições. E temos a intenção de falar com os torcedores mais jovens, que estão conectados nas redes sociais. Dar a eles o prazer de ver novos talentos de seus clubes. Vendo o Paulista Sub-20 no Facebook, o palmeirense conhecerá o novo Gabriel Jesus; o do Santos, o novo Neymar; do Corinthians, o novo Malcom; e o do São Paulo, o novo Lucas.
M&M – De que maneira a FPF acha que consegue rentabilizar? Existe um formato que contempla o patrocínio?
Itri – A FPF trabalha junto ao mercado para consolidar esse tipo de transmissão e conseguir novos parceiros. Todo modelo de transmissão online que criamos contempla a possibilidade de entrada de patrocinadores no vídeo, branded content e demais exposições de marca. A FPF acredita muito que esse modelo de transmissão online pode conectar empresas a seus clientes, já que entrega um conteúdo de qualidade, diferente e inovador.
M&M – Essa atitude pode atrapalhar de alguma forma o relacionamento com os players como a Globo?
Itri – Não. O Grupo Globo é um histórico parceiro do futebol, que detém os direitos de transmissão da Copa São Paulo, do Paulistão Itaipava e do Paulistão A2 Itaipava. As transmissões online que temos realizado são dos jogos e competições que não têm essa visibilidade. Portanto, entendemos que o modelo é complementar.
M&M – O mundo de transmissão está mudando, para aonde você acha que caminhamos?
Itri – Ao mesmo tempo que os meios digitais têm crescido, os tradicionais seguem com sua relevância e importância. As rádios e, agora, webrádios são extremamente importantes nas transmissões das partidas de futebol. Elas alcançam milhares de pessoas na capital e no interior. As emissoras de TV são fundamentais e seguem tendo extrema relevância. Mas todos têm grades de programação, que trazem certa limitação. Entendemos que as transmissões online tendem a crescer muito nos próximos anos, atendendo o público em qualquer local: pode-se acompanhar um jogo pelo celular, pelo tablet, pelo computador, SmarTV, enfim.
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