Menin: “Não basta ser honesto, tem que provar que é honesto”
Controlador majoritário da CNN Brasil, empresário diz que, como acionista, não participa do conselho editorial do canal
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Sergio Damasceno Silva
8 de maio de 2020 - 6h03
Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia, é acionista majoritário do canal CNN Brasil, do Banco Inter e da Log Commercial Properties, detêm 65% do empreendimento da CNN no País, juntamente com o ex-diretor de jornalismo da RecordTV, Douglas Tavolaro (que controla 35% do canal). Em entrevista a Meio & Mensagem, afirma que não interfere na linha editorial da CNN. Estimativas do mercado apontam que os investimentos para montar essa operação variam entre R$ 700 milhões a R$ 800 milhões em dez anos. O canal entrou em operação no dia 15 de março, um pouco antes da pandemia do coronavírus chegar com tudo ao Brasil. O canal tem cerca de 600 funcionários entre jornalistas e administração. Para se isentar das críticas, anteriores à entrada no ar, sobre ideologias políticas, o canal montou um conselho editorial do qual não participam os dois acionistas. O empresário concedeu a entrevista em estado de isolamento, diretamente de sua residência, em Belo Horizonte (MG).
Meio & Mensagem – A CNN Brasil entrou no ar em 15 de março, com investimento estimado de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões em dez anos. Como o senhor avalia a entrada do canal num evento único global que fez aumentar a audiência da mídia, em geral? A CNN, como os demais canais e emissoras, teve que mudar sua estratégia? Como o senhor avalia esse período de operação do canal, passados quase dois meses de operação?
Rubens Menin – Sou suspeito para falar porque estou ligado na CNN o tempo todo. Mas estou muito satisfeito. A resposta que temos tido, os feedbacks, são muito bons. Sempre quisemos fazer um jornalismo bom, sério, isento e tenho a impressão de que temos conseguido fazer. Qual é a principal importância do jornalismo? Informar a população. Modestamente, comparo o jornalismo à educação. O papel da imprensa na sociedade é tão importante quanto a educação. Nesse caso do novo coronavírus, até virou um serviço de utilidade pública. Toda a imprensa virou um serviço. Como você conseguiria ensinar a população os hábitos de higiene, procedimentos, passar todas as mensagens se não fosse a imprensa. Nessa hora, a imprensa tem um papel fundamental. Sou otimista com o Brasil. Começamos (a entrada na pandemia) depois do mundo. Essas mensagens que passamos de isolamento social, de permanecer em casas os que podem ficar, de higine pessoal, isso é importante. Vejo alguns sinais que podem ser positivos. Se conseguirmos achatar a curva, a imprensa terá um papel muito importante nisso.
M&M – Como é a sua gestão na CNN Brasil?
Menin – Sou do conselho de administração, assim como sou da MRV, do Banco Inter e da Log. O presidente da CNN Brasil é o Douglas Tavolaro. Não sou do conselho editorial da CNN. Achamos que o acionista não deve fazer parte do conselho editorial. Porque, por mais que falemos que somos isentos, é aquele negócio: não basta ser honesto, tem que provar que é honesto. O conselho editorial é mais ou menos a mesma coisa. Mas sou do conselho de administração e participo de toda a parte financeira, gerencial. Participo da parte estratégica da empresa, do financeiro, de alguns parâmetros que seguimos, mas não do dia a dia.
M&M – Quer dizer que o senhor não tem ingerência editorial sobre a CNN Brasil?
Menin – Nos propusemos a fazer um jornalismo sério, e essa foi a nossa proposta desde o primeiro momento, desde que fui aos Estados Unidos ver esse projeto. Porque o trabalho que queremos trazer ao Brasil é um serviço em prol da sociedade, em prol do desenvolvimento social, temos que saber botar cada coisa no seu lugar, não misturar muito as bolas. Infelizmente, às vezes, a gente, num dos casos desses ainda, não pode, né! Tem que pensar lá para a frente, uma coisa sustentável tem que ter nome, tem que governança, que é muito importante. Qualquer empresa, né, especialmente de comunicação.
A íntegra desta reportagem está publicada na edição semanal de Meio & Mensagem, que até o fim de maio pode ser acessada gratuitamente pela plataforma Acervo , onde também está disponível a consulta a todas as edições anteriores que circularam nos 42 anos de história da publicação. Também está aberto a todo o público, gratuitamente, o acesso à versão digital das edições semanais de Meio & Mensagem, no aplicativo para tablets, disponível nos aparelhos com sistema iOS e Android.
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