Mercado de influenciadores aquece em meio ao coronavírus
Agências como Squid, Tubelab, Non Stop e SamyRoad apontam crescimento na demanda das marcas em ações digitais
Mercado de influenciadores aquece em meio ao coronavírus
BuscarMercado de influenciadores aquece em meio ao coronavírus
BuscarAgências como Squid, Tubelab, Non Stop e SamyRoad apontam crescimento na demanda das marcas em ações digitais
Thaís Monteiro
26 de março de 2020 - 12h00
Desde que a pandemia do novo coronavírus foi anunciada, começaram as especulações sobre quais mídias seriam mais afetadas pelo isolamento social e demais restrições impostas pelas autoridades de saúde. Para suprir a necessidade de informação, conteúdo e entretenimento, criadores de conteúdo na internet anunciaram novos formatos, como lives e outros jeitos de fazer vídeo para se comunicar com o público. A resposta a essas iniciativas já aparecem em forma de aumento no engajamento desses criadores e nas propostas de marcas.
Ainda que seja difícil traçar uma comparação com períodos de outras epidemias, pois o mercado de marketing de influência é relativamente novo – como lembra Felipe Oliva, CSO da Squid -, a empresa especializada em marketing de influência notou um aumento de 24% na taxa de engajamento dos criadores de conteúdo e 27% no alcance do Stories, do Instagram, desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, no último dia 11.
As empresas de marketing de influência também notaram um maior interesse das marcas nos agenciados. A SamyRoad, agência global de influencer marketing e social media, registrou um aumento de 60% na procura dos anunciantes por ações com influenciadores na semana passada. Até agosto, a empresa espera um aumento de 40% no volume de propostas. A Tubelab, também especializada em marketing de influência, acredita que essa relação entre marcas e criadores de conteúdo possa crescer cerca de 20%.
Os segmentos mais interessados em associar-se a influenciadores no momento são os de limpeza, higiene pessoal, alimentos, bebidas, aplicativos de delivery e e-commerces ou empresas de varejo que oferecem compra online, como supermercados.Para manter a demanda aquecida, a SamyRoad sugeriu aos maiores influenciadores de sua rede uma redução de até 25% nos seus cachês. “A SamyRoad está sensibilizando os seus influenciadores a uma redução de cachês unitários, para ganhar no volume e atender à demanda do mercado. Cobra-se um pouco menos, mas têm garantia de mais campanhas a entregar. Essa é a lógica”, explica Paulo Leal, country manager da operação brasileira.
A Non Stop Produções, empresa de gerenciamento de carreira de talentos artísticos, está desenvolvendo projetos para setores que estão mais fortes no momento, no formato de branded content. “Tudo o que estamos vivendo trará mudanças perenes nos hábitos de consumo. Isso é inevitável. Uma delas é o hábito digital. Veja só o aumento do e-commerce nos últimos dias! Olhe para as ações das empresas de tecnologia nos EUA nas últimas semanas. Mesmo com a crise, algumas, como a Zoom, estão performando muito bem. É uma mudança de paradigma e acho que o papel do influenciador crescerá muito depois da tempestade”, coloca Alex Monteiro, sócio da empresa.
Para o executivo, o ganho do digital pode ajudar o setor recuperar a receita que perdeu, assim como as demais áreas, na realização de trabalhos presenciais, gravações marcadas e eventos, como foi o caso dos shows e turnê internacional de um dos agenciados, o humorista Whindersson Nunes, que foram adiados. Segundo Monteiro, empresários e artistas serão responsáveis por reestabelecer parte do mercado de shows, pois os contratantes não possuem fluxo de caixa. Também houve abalo em jobs pontuais ligados a publicidade, como publiposts.
Reforma no feed
Apesar do movimentado momento que o segmento de influenciadores indica estar vivendo, também houve necessidade de alteração na forma e teor daquilo que é comunicado. A mensagem atual envolve temas como consumo necessário e consciente, coletividade, ajuda ao próximo e alternativas de entretenimento durante o período de isolamento. “Os creators têm abusado da criatividade para elaborar conteúdos que ajudem as pessoas nessa fase de afastamento social. Também temos influenciadores ensinando idiomas, outros ajudando os pais a entreterem os filhos, com cantigas, contação de histórias e outras atividades”, diz Felipe Oliva, CSO da Squid.
“Os influenciadores tem papel fundamental em dois aspectos: o de conscientização da população, principalmente a mais jovem, e, posteriormente, no entretenimento. Na primeira semana o consumo sobre coronavírus foi imenso. Agora, as pessoas estão se adaptando a passar tanto tempo sem convívio social, mas existe a necessidade da manutenção da sanidade mental, e os influenciadores são fundamentais nisso”, argumenta Fred Furtado, CEO da Tubelab.
Para Alex Monteiro, da Non Stop Produções, o momento é de uma grande busca por conteúdo, mas maior responsabilidade de entrega. “Os negócios estão passando por momentos de rever algumas estratégias, então contratos e gravações foram postergados, mas há um entendimento diferenciado pelas parcerias. Agora as propostas são projetos ligados à responsabilidade que o momento exige. O marketing social ganhou uma importância ímpar nesse momento”, argumenta.
**Crédito da imagem no topo: Georgia de Lotz/Unsplash.
Compartilhe
Veja também
Justiça dos EUA planeja obrigar Google a vender navegador Chrome
Proposta acontece após uma decisão judicial de agosto que constatou que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas
Quais são as principais plataformas de buscas para os brasileiros?
Quinta edição da State of Search, da Hedgehog Digital, revela que o Google e o Instagram se destacam como as duas plataformas mais usadas pelos brasileiros