Mister Brau: humor a favor da diversidade e inclusão
Autor da série, Jorge Furtado atribui à TV a responsabilidade de representar os negros e as mulheres no “país mais racista do mundo”
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Bárbara Sacchitiello
24 de abril de 2018 - 16h00
“A dramaturgia tem um papel fundamental no entendimento do mundo”. É com essa frase que Jorge Furtado começa a explicar as razões que fazem de Mister Brau – série cuja quarta temporada estreia nessa terça-feira, 24, na Glob – a ser mais do que um produto de entretenimento televisivo. Depois de mais de três anos abrindo espaço no horário nobre para um casal de protagonistas negros, a série inicia uma nova jornada com outro tema de grande reverberação social em destaque: o destaque e o empoderamento da mulher negra.
Embora embale esses assuntos sérios em uma capa carregada de humor, a série é carregada de uma forte mensagem social desde a sua concepção, segundo o autor. “A história sempre foi pensada como uma comédia de assuntos sérios. Há uma longa tradição de comédias sociais e políticas e, de fato, sempre foi a maneira eficiente de apontar o que há de pior no homem”, diz Furtado, citando uma das teorias do filósofo grego Aristóteles.
Trazida ao universo brasileiro, a crítica social foi exemplificada na figura de um casal (interpretado pelos atores Lázaro Ramos e Taís Araújo) – ele, um cantor de muito sucesso e ela, responsável por gerenciar toda sua carreira e a vida conjugal. Nessa quarta temporada, entretanto, o papel dos personagens muda a medida em que Michele (personagem de Taís) também se torna uma diva da música e passa a fazer muito mais sucesso que o marido.“As mulheres são maioria no Brasil, os negros são maioria no Brasil, mas os homens brancos estão no poder e parece que não estão fazendo um serviço muito bom. O empoderamento das mulheres negras é, talvez, a melhor novidade do país nos últimos tempos, embora a violência contra a mulher e contra os negros também esteja crescendo”, ressalta Furtado. Além do destaque nos capítulos da série, o protagonismo de Michele já é exaltado na nova abertura de Mister Brau, cuja gravação demandou a construção de dois cenários especiais nos estúdios Globo, para demonstrar a evolução da personagem Michele. Veja:
Mesmo antes de entrar no tema do empoderamento da mulher negra, Furtado acredita que Mister Brau já vinha cumprindo um papel importante para a sociedade ao tocar na ferida do racismo. “O fato de dois astros negros protagonizarem uma série de sucesso, que já vai para sua quarta temporada, é muito importante para a formação da identidade, para o fortalecimento da autoestima e para a ideia de pertencimento”, acredita Furtado, que usa o exemplo dos Estados Unidos para mostrar o quanto o Brasil ainda está atrasado na questão da representatividade. “Nos EUA, que tem 13% da população afro-descendente, há uma participação intensa dos negros em todas as áreas, inclusive nos filmes e séries de TV”, diz.
Lázaro Ramos: “Criatividade é escutar”
Questionado se considera Mister Brau como um produto social, Furtado responde com uma história sobre a interação que teve, recentemente, com uma espectadora da série. “Uma mãe me mandou mensagem dizendo que a filha, uma menina negra de 4 anos, passava muito tempo alisando os cabelos. Virou fã da do programa, adora a Michele e deixou seu belo cabelo crescer a vontade, se achando linda. Só isso, para mim, já é um bom motivo para uma nova temporada de Mister Brau”, finaliza.
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