Mundo: modo de usar
O Manual do Mundo tem mais de cinco milhões de inscritos no YouTube atentos às dicas criativas de Iberê Thenório, que também quer criatividade na publicidade
O Manual do Mundo tem mais de cinco milhões de inscritos no YouTube atentos às dicas criativas de Iberê Thenório, que também quer criatividade na publicidade
Mirella Portiolli
14 de abril de 2016 - 11h37
Na década de 1990, era comum ver crianças ansiosas, sentadas diante da TV, aguardando as experiências que o Professor Beakman, acompanhado de seu rato de laboratório Lester e uma assistente, fariam. Exibido pela TV Cultura no Brasil, o programa Beakman’s World ganhou fama e conquistou públicos de diversos países ao misturar bom humor e temas sobre ciência. A fórmula inclusiva — que provava que átomos, prótons e elétrons, além de todos os elementos da tabela periódica, poderiam reagir bem até com o pessoal da turma de humanas — é uma das principais inspirações do Manual do Mundo.
O canal do YouTube é um dos mais acessados atualmente e já ultrapassou cinco milhões de inscritos. O mestre das criações da atualidade é Iberê Thenório que, ao lado da produtora executiva Mariana Fulfaro, semanalmente, coloca no ar dois vídeos inéditos que ensinam teoria com demonstrações práticas. O canal começou em 2008 e, de lá para cá, são mais de mil programas, com desafios, mágicas e dicas de sobrevivência. Nesses oito anos, a marca Manual do Mundo também virou portal, blog, livro e, ainda este ano, deve inaugurar uma loja.
O sucesso colocou Iberê entre as sete personalidades de vídeo mais influentes entre os jovens, num estudo realizado pela Provokers para Google e Meio & Mensagem, publicado em janeiro deste ano, e tornou o canal atrativo para os anunciantes. A seguir, Iberê opina sobre a importância da criatividade na rotina das pessoas e sobre as possibilidades de formatos que as marcas devem seguir para não incomodar o consumidor.
Meio & Mensagem — Como surgiu a ideia de criar o canal?
Iberê Thenório — Criamos o canal em 2008, quando o YouTube fez com que os vídeos se tornassem um formato popular na internet. Percebemos que era um jeito muito bacana de aprender e ensinar coisas, que iria se tornar uma ferramenta muito importante para isso. No começo, publicávamos coisas bacanas que tínhamos aprendido na infância. A escolha foi certeira. Hoje, tanto tutoriais quanto ciência
são duas áreas fortes, exatamente da forma como prevíamos quando criamos o canal. Mari (a produtora executiva Mariana Fulfaro) e eu gravávamos em casa, com câmeras emprestadas. Agora, temos uma equipe de 15 pessoas, um estúdio só para isso. A qualidade do vídeo, tanto tecnicamente quanto em conteúdo, melhorou muito. Estamos trabalhando em um segundo livro e também planejando a abertura de uma loja.
M&M — Como manter o ritmo de publicar dois vídeos (às vezes, três) por semana sem perder a qualidade?
Thenório — Esse é um dos nossos maiores desafios. Em 2015, publicamos 196 vídeos. Temos pessoas exclusivas para produção, câmera, edição, administração, comercial, jurídico e mídias sociais.
Além de a equipe fazer pesquisas e uma reunião de pauta semanal, recebemos muitas sugestões de espectadores. Avaliamos cada ideia, pensando em como transformar aquilo em um vídeo bom de assistir. Se aprovada, a pauta vai para o teste físico. Temos de saber se dá certo. Caso funcione, compramos os materiais, escrevemos o roteiro e vai para a fila de gravação. Recebemos dezenas de sugestões por dia pelos comentários do YouTube, e-mail, Facebook, Instagram e pelo site. Anotamos tudo e classificamos. Já temos milhares de pautas no banco que criamos.
M&M — Qual é a importância da criatividade na rotina das pessoas?
Thenório — Criatividade é encontrar soluções para problemas. Ser criativo não significa apenas ter mais sucesso no emprego ou em um empreendimento, mas também conseguir ser feliz dentro do mar de problemas que todos vivemos.
M&M — Qual é a relação do Manual do Mundo com a publicidade?
Thenório — Trabalhamos muito com publicidade e estabelecemos três critérios no momento de nos relacionarmos com as marcas. Primeiro, o produto tem de ser usado por nós ou ser algo que usaríamos. Segundo, tem de ser adequado ao nosso público-alvo, seja pelo interesse no conteúdo ou por respeitar o público mais “família” que nos assiste. Terceiro, jamais escondemos que um vídeo é patrocinado. A informação sempre estará dentro da tela ou na descrição do YouTube. As propagandas quadradonas, muito artificiais, parecem ser as mais incômodas para a maioria. O espectador quer ver algo próximo, que faça sentido para a sua vida, que se encaixe no seu dia a dia.
M&M — Como as marcas participam do Manual do Mundo?
Thenório — O meio que mais usamos para nos relacionar com as marcas é mesclar o nosso conteúdo com a necessidade do cliente. Já fizemos um carrinho de rolimã de corrida para a Rexona quando houve o GP do Brasil e a marca patrocinava a Lótus, por exemplo. Gravamos uma série para a GE entrevistando cientistas que falavam sobre o futuro de algumas tecnologias, como o big data. Fizemos uma série para a Bayer com experiências de química. Também há vídeos com formato mais parecido com a publicidade tradicional que rodam fora do nosso canal, como um em que explicamos as vantagens do motor de três cilindros da Nissan ou outro em que mostramos como funciona a tela super-resistente do Motorola X-Force.
A íntegra desta entrevista está publicada na edição 1705, de 11 de abril, exclusivamente para assinantes, disponível nas versões impressa e para tablets nos padrões iOS e Android.
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