Nostalgia e comunidade: como o Orkut mexe com as redes sociais
Dono da plataforma reativa site e deixa recado aos usuários: “vejo você em breve!”
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Valeria Contado
13 de maio de 2022 - 7h37
O Orkut, rede social criada pelo engenheiro de software Orkut Buyukkokten em 2004 e extinta em 2014, após dez anos de existência, foi uma das primeiras plataformas sociais a ganhar os internautas. Na época, a empresa oferecia aos usuários funcionalidades que facilitavam as formas de interação online, seja por meio dos depoimentos que podiam ser enviados por amigos e aprovados pelo dono do perfil, as comunidades em que um grupo de pessoas se conectavam por gostos em comum, como por exemplo, uma das mais famosas “Eu odeio segunda-feira”, e interações quase “metaversicas” com o Buddy Poke – avatar virtual que podia realizar atividades com os amigos – e o jogo Colheita Feliz.
Por isso, o apelo nostálgico é um dos elementos que está na pauta da volta da rede social. Ao passo que chama atenção de quem viveu a onda dessa rede, atrai também a geração Z, por trazer características vintage e cíclico, como a moda. “Esse retorno é uma segunda chance desafiadora. O cenário mudou muito e a competição é brutal”, a diretora de conteúdo da WMcCann, Patrícia Colombo.
Recentemente, o criador da rede reativou o site e deixou um recado aos usuários de redes sociais. O engenheiro argumentou que acredita que “o mundo é um lugar melhor quando nos conhecemos um pouco mais”, e por isso criou a rede. Buyukkokten deixou no ar um possível retorno da rede, com a frase “vejo você em breve!”.
Essa possibilidade de volta levanta inúmeras questões sobre como esse retorno aconteceria, quais seriam as funcionalidades dessa rede, como ela se relacionaria com as marcas e com as concorrentes. Para Patrícia, tudo vai depender de qual target a plataforma irá mirar, e como vão chegar a eles. “Tudo depende das mudanças ou readaptações arquitetadas ali. Será um test and learn como qualquer outra rede social que surgiu nos últimos anos”, diz.
Por isso, uma das preocupações de quem trabalha com redes sociais e criação de conteúdo é em relação a quais formatos o Orkut disponibilizará. No mercado atual, muitas possibilidades já estão disponíveis seja em áudio, vídeo, foto ou texto. A especialista em planejamento estratégico da BR Media Group, Jordana Fonseca, explica que as redes sociais atuais já estão observando as movimentações das outras e testando novos formatos o tempo todo. Nesta semana, por exemplo, o Instagram começou os testes do uso de NFTs nos perfis dos influenciadores. “Todos estão de olho no que está acontecendo, e isso é bom, porque não deixa ninguém estagnado”, explica.
Comunidade, algoritmo e marcas
O possível retorno do Orkut chega em um momento em que as marcas estão aproveitando as redes sociais para desenvolver as suas próprias comunidades e conexão com os usuários de redes. Elas usam os algoritmos como dados para reforçar a sua comunicação e chegar ao seu target com mais precisão. Essas características já faziam parte da rede social nos anos 2000 por trazer comunidades próprias. Era um cenário orgânico, ainda sem tanta discussão sobre os algoritmos.
Em seu comunicado, Buyukkokten reforça esse posicionamento. “Acredito que o orkut.com encontrou sua comunidade porque reuniu tantas vozes diversas de todo o mundo em um só lugar. Trabalhamos muito para tornar o orkut.com uma comunidade onde o ódio e a desinformação não fossem tolerados. Nos dedicamos muito para tornar o orkut.com uma comunidade onde você pudesse conhecer pessoas reais que compartilhavam seus mesmos interesses, não apenas pessoas que curtiram e comentaram em suas fotos”, disse.
Para Jordana, o Orkut é sobre nichos, e os usuários escolhiam em qual deles se envolver. A profissional acredita que essa pode ser a aposta da rede para a sua volta. “O algoritmo é um dado, então ele é frio. Te entrega um resultado dentro de uma ótica. No caso do Orkut, é algo muito íntimo e do cotidiano, tem um quê de intimidade, para saber do gosto da pessoa”, avalia.
Por isso, o trabalho das marcas precisa ser feito de forma planejada e estratégica. “A empresa tem que identificar que o seu consumidor final está lá. O assunto condiz com o assunto da minha marca? Se temos um positivo, vale sim uma inserção”, explica Jordana. Por fim, os creators também farão essa curadoria para identificar se faz sentido se envolver em mais uma rede para alimentar e trazer o conteúdo.
Sem muitas informações, o retorno da rede está no imaginário de usuários, marcas e criadores de conteúdo. As dinâmicas podem fazer sentido para algumas, em alguns nichos, para atrair os brand lovers, e pode não fazer para outras. A necessidade será entender como se encaixar nessa nova comunidade que pode surgir.
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