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Nostalgia e fidelização pautam retorno das novelas clássicas

A liberação de mais de 50 tramas na plataforma Globoplay tem o objetivo de agradar os anunciantes e atrair novos públicos à plataforma


28 de maio de 2020 - 8h06

Claudia Raia e Patricia Pillar, protagonistas de A Favorita; todos os capítulos da trama de 2008 foram disponibilizados no Globoplay (Crédito: Divulgação/ João Miguel Jr/ Globo)

Com exceção da RedeTV, todas as emissoras comerciais de TV aberta do Brasil já produziram e exibiram novelas. O gênero é um dos mais icônicos para o espectador do País e, mesmo após décadas no ar, continua sendo responsável por atrair uma importante parcela de audiência e de faturamento publicitário.

A pandemia da Covid-19, no entanto, também trouxe impactos aos noveleiros. Por conta das medidas de distanciamento social, emissoras como Globo e Record foram obrigadas a interromper a gravação dos folhetins que estavam no ar. Agora, já começam as discussões sobre possíveis formas de retorno aos estúdios, dentro das novas medidas de segurança que devem prevalecer na era pós-Covid.

Enquanto isso não acontece, o próprio histórico da dramaturgia nacional vem preenchendo a grade de programação. A Record, por exemplo, vem exibindo duas faixas de reprises de novelas à tarde e, para o horário nobre, preparou uma edição especial de Apocalipse, trama que foi ao ar em 2017.

Já o SBT conseguiu conseguiu adiantar as gravações de As Aventuras de Poliana antes da pandemia paralisar as atividades dos estúdios e continua exibindo os capítulos inéditos da novela. Assim que a trama acabar, em julho, alguma reprise de outra produção deve entrar no ar.

A Globo, maior produtora de novelas do País, já tinha recorrido às reprises para preencher a grade durante a quarentena. A emissora escalou três títulos para ocupar as faixas das 18h, 19h e 21h, ao mesmo tempo em que interrompeu as gravações das tramas que ocupavam os respectivos horários. O Globoplay, plataforma de streaming da casa, deu um passo adiante no resgate do acervo de novelas e anunciou, na semana passada, que vai disponibilizar 50 novas tramas no streaming. Para anunciar a chegada das tramas clássicas ao Globoplay, a emissora vem exibindo um comercial que mescla diversas cenas das tramas que compõem ao acervo, ao som da canção “O Portão”, de Roberto Carlos. Veja:

As novelas da Globo já faziam parte do cardápio do Globoplay, mas a emissora adotava a estratégia de disponibilizar as tramas produzidas mais recentemente, além daquelas exibidas no Vale a Pena Ver de Novo. Dessa vez, a Globo promete disponibilizar alguns títulos que nunca foram reprisados e outros, que já voltaram ao ar pelo canal Viva.

A primeira trama resgatada dessa abertura do acervo é A Favorita, de João Emanuel Carneiro, exibida em 2008. Todos os capítulos já estão disponíveis para os assinantes do Globoplay. Além de aguçar o sentimento de nostalgia dos noveleiros, a estratégia também pretende atrair novos assinantes à plataforma. “Acreditamos que, pela sua força, as novelas podem, sim, atrair novos assinantes, mas também é uma maneira de fidelizarmos quem já assina o Globoplay. É um gênero bastante consumido na plataforma, tanto no VOD quanto na transmissão simultânea na TV”, diz a emissora, por meio de sua área de Comunicação.

Embora a pandemia tenha trazido essa onda das reprises na TV, a Globo nega que tenha sido essa a razão para a disponibilização das novelas de seu acervo no streaming. A emissora diz que a identificação do público com as novelas é algo que extrapola a pandemia e que a decisão do Globoplay de resgatar títulos clássicos tem a ver justamente com o apelo desse tipo de conteúdo, sem nenhuma relação com as reprises da TV nesse período. “É claro que, com mais tempo disponível, as pessoas acabam buscando mais por este tipo de produto, mas as reprises já eram sucesso antes da pandemia, a exemplo do Viva e do próprio Vale a Pena Ver de Novo”, diz a Globo.

Selecionar as tramas dentro do vasto acervo de novelas da emissora é um trabalho de curadoria que considera, também, alguns aspectos técnicos. A emissora diz que serão disponibilizadas tantas obras quanto possível, desde que observadas as questões de qualidade do material gravado e a liberação dos direitos e que isso demanda tempo de mapeamento e digitalização dos capítulos.

Depois de A Favorita, o próximo título a entrar na plataforma será Tieta, trama exibida originalmente em 1989. Explode Coração (1995), Estrela-Guia (2001), Vale Tudo (1998) e Laços de Família (2000) entram na sequência, sempre com intervalo de 15 dias de estreia entre os títulos. Outras novelas que a emissora também já colocou na lista da plataforma são títulos exibidos desde a década de 1970 – como Dancin’Days, de 1978 e Pai Herói, de 1979 – até tramas já exibidas nesse século, como Mulheres Apaixonadas (2003) e Cabocla (2004).

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