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Mídia

O astronauta dentro de todo internauta, segundo a Nasa

Com foco em movimentar interesse sobre ciência, tecnologia e astronomia, agência administra mais de 500 perfis sociais


4 de junho de 2019 - 12h56

Quando a Apollo 11 pousou na Lua em julho de 1969, 600 milhões de pessoas assistiram ao noticiário do evento via TV. Cinquenta anos depois, a internet mostra que a audiência não está mais em uma só tela e a Nasa, agência espacial norte-americana, entendeu que plataformas sociais também são centrais para manter-se próxima ao público.

 

(Crédito: Luis Cortes Martinez/Unsplash)

Como é financiada pelo governo dos Estados Unidos, há certa expectativa de que o público geral se interesse pelas conquistas da agência. Hoje, a Nasa alimenta cerca de 530 perfis em plataformas diversas. Ela começou esse trabalho no final de 2008, quando abriu uma conta no Twitter. Seis meses depois, começou no Facebook. Hoje, tem presença no Snapchat, Instagram, Youtube, Vimeo, Flickr, Tumblr, Sound Cloud, Pinterest, Reddit e outras. Nesta terça-feira, 4, inclusive, está entre os assuntos mais comentados no Twitter Brasil a hashtag #NasaMoonTunes, com recomendações de músicas para uma viagem à Lua — os coreanos do BTS estão em destaque.

John Yembrick, gerente de social media da Nasa, numa entrevista à agência de notícias NewsWhip, afirmou que a entrada da agência nas redes sociais também ocorreu pelo fato de o noticiário estar mais atento à sua atividade e a mesma não conseguir emplacar notícias menores, que também poderiam contribuir para ampliar o conhecimento público sobre ela. Com o uso das redes sociais, além do público geral, a agência também tem acesso a cientistas e amadores. Para Eduardo Zanelato, diretor de comunicação e cultura da Mutato, agência especializada em estratégia de conteúdo e engajamento em mídias sociais, esse fator também forma uma comunidade de troca de conhecimentos. “Eles, sozinhos, não conseguem analisar todo o material que produzem, então geram engajamento entre as pessoas da área”, explica.

Sendo a NASA uma agência pública, ela precisa da aprovação e aceitação da população para continuar recebendo recursos para desenvolver seu trabalho de pesquisa e exploração”, afirma Eduardo Apolinário, diretor de relacionamento com clientes da Sprinklr, empresa parceira da agência. “As redes sociais são um meio no qual é possível ouvir o que as pessoas têm a dizer de forma direta e não pré-formatada como um questionário, por exemplo. Ao gerar um relatório a partir de  determinado conteúdo postado nas redes sociais, isso tem um peso muito forte sobre a aceitação do público, se aquela determinada operação espacial ou pesquisa teve sucesso ou não.” Atualmente, a Nasa tem 22 milhões de seguidores no Facebook, 31 milhões no Twitter e compartilhou, só neste ano, mais de 7 milhões de mensagens nesses canais.

https://www.facebook.com/NASA/photos/a.67899501771/10157124194696772/?type=3&theater

 

Também à NewsWhip, Jason Townsend, subgerente de social media da Nasa, afirmou que a empresa trabalha pensando na audiência da rede ou em formas de aproveitar um conteúdo que a agência já possui. O executivo explicou que a agência entrou no Pinterest, por exemplo, procurando atingir o público feminino e jovem, que é um dos grupos com maior força na rede. “Um dos nossos maiores focos é tentar encorajar garotas a estudar ciência, tecnologia, engenharia e matemática na escola e, eventualmente, em suas carreiras, porque esse é o futuro da Nasa, do país, dos programas espaciais e de diversas indústrias”, afirmou. Outra estratégia é tentar conectar grupos que não têm relação direta com a agência, por meio de conteúdo sobre medicina, aeronaves e mensagens de motivação, por exemplo.

Na percepção de Daniel Gasparetti, head de estratégia da Mutato, a agência compreendeu que seu conteúdo não deve ser publicitário e que engajamento é guiado pelo fator humano, por isso prezam por bastidores e colocam para dialogar astronautas e internautas. Por ser uma organização governamental, inclusive, a Nasa não pode pagar por anúncio ou promover publicações. “Eles apostam no recurso da emoção. Por ser uma agência de tecnologia, eles precisam traduzir muito bem o conteúdo. E a internet permitiu que esse conteúdo fosse mais acessível. Então, quanto mais traduzido e emocional for, mais engajamento e retenção a Nasa terá”, diz Daniel.

 

**Crédito da imagem no topo: Nasa/Unsplash

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