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Mídia

“O Brasil é fundamental para o BuzzFeed”

Luciana Rodrigues, general-manager da plataforma, fala sobre o processo de reestruturação global que atingiu o escritório de São Paulo


1 de fevereiro de 2019 - 6h00

Luiz Gustavo Pacete e Thaís Monteiro

O BuzzFeed pretende reduzir em até 15% seu quadro de funcionários em função de um reposicionamento global e a necessidade de equilibrar custos e definir novas estratégias. Essas mudanças foram sentidas no escritório do Brasil que, no início da semana, teve cortes em sua equipe. De acordo com Luciana Rodrigues, general-manager do BuzzFeed Brasil, o País segue como uma operação importante para a plataforma e por isso também entrou na linha de corte. O escritório da Espanha, por exemplo, foi desativado.

 

Luciana Rodrigues, general-manager do BuzzFeed Brasil (Crédito: Divulgação)

Responsável pela operação do BuzzFeed no Brasil desde agosto do ano passado, Luciana, que é publicitária de formação, já vinha definindo o foco do escritório regional em parcerias como a que foi feita com a F/Nazca para desenvolver conteúdo de mídias sociais para clientes da agência. “Estamos abertos a diversos tipos de parceria, não só com agências de publicidade, mas com qualquer empresa ou instituição”, diz. Em entrevista, ela comenta alguns pontos sobre o futuro do BuzzFeed.

Meio & Mensagem – Entendemos o contexto do BuzzFeed no mundo, agora, quais os reflexos no Brasil?
Luciana Rodrigues – De fato, a perda de talentos no BuzzFeed Brasil é um reflexo de uma diretriz global da empresa. É difícil para todos, afinal o BuzzFeed Brasil é uma marca que se conecta com as pessoas de uma forma  muito próxima. Ao mesmo tempo, estamos conectados com a essência do próprio BuzzFeed, que é estar em transformação. Foi assim que nascemos, testando, errando e aprendendo. Este é o momento de se preparar para os novos desafios porque entendemos que temos um importante papel no mercado brasileiro.

 

Redação do BuzzFeed em São Paulo (Crédito: Reprodução)

M&M – Pode nos dar o histórico dos últimos anos do BuzzFeed no Brasil, desde a chegada, o agitado ano de 2017 e o início da necessidade de reajustar a operação?
Luciana – Desde 2014, quando a Manuela Barem deu início à construção do nosso editorial no Brasil, percebemos o tamanho do potencial do BuzzFeed aqui. A audiência estava carente de conteúdo com a voz que criamos, que nada mais é do que o reflexo da diversidade cultural do País. O BuzzFeed então se tornou uma “love brand”, o que nos permitiu apostar em novas iniciativas editoriais, como o Tasty Demais, e em dois anos abrir a nossa área de business, que vai dos executivos até o núcleo de criação de branded content. Nossa ideia sempre foi trazer as marcas para essa conversa de forma orgânica. O Brasil virou um mercado fundamental para a estratégia global do BuzzFeed. Por conta disso, também foi impactado pelas mudanças da empresa, que no momento busca ser mais sustentável.

M&M – A mudança de algoritmos do Facebook, em 2018, teve impacto sobre a forma como o BuzzFeed distribui seu conteúdo?
Luciana – Sim, e isso aconteceu com qualquer outro veículo de mídia. Porém, isso permitiu expandir nossa estratégia de distribuição de conteúdos para outras plataformas, como o Twitter e o Instagram. Falando do Tasty Demais, por exemplo: temos 3,7M de fãs apenas no Instagram. A mudança do algoritmo nos incentivou a olhar mais para aquela rede, e por outro lado, não travou o crescimento do Tasty Demais no Facebook. Atualmente, temos 19M de fãs somente nesta plataforma.

M&M – Seguindo a estratégia que foi criada em parceria com a F/Nazca, podemos esperar que o BuzzFeed no Brasil seja mais vocacionado ao branded content?
Luciana – Não necessariamente. Este projeto surgiu de uma intenção local de emprestar para marcas o jeito do BuzzFeed Brasil de gerar conversas com as pessoas, usando a ferramenta da conexão humana. Entendemos que o conteúdo editorial é o que nos move e inclusive nos permite encontrar novas oportunidades de negócios. A criação editorial é o que faz as pessoas falarem sobre o BuzzFeed o tempo todo, na internet e na vida real.

M&M – Podemos esperar outros tipos de parcerias?
Luciana – Estamos abertos a diversos tipos de parceria, não só com agências de publicidade, mas com qualquer empresa ou instituição que valorize o que temos a contribuir, tanto do lado editorial, quanto do lado de negócios. Desde que haja uma sinergia de valores e objetivos, estamos abertos às conversas. Nos Estados Unidos, por exemplo, temos parcerias com empresas como Amazon, Hulu e Oxygen, entre outros. Um dos cases mais interessantes é a parceria entre o Tasty e o Wallmart na venda de produtos voltados para quem ama cozinhar.

M&M – Como vocês planejam investir em vídeo nos próximos meses?
Luciana – Vídeo é uma linguagem forte na internet. Isto está mais do que claro — as pessoas consomem vídeos curtos, que circulam pelas redes sociais o tempo todo, e longos, como as séries, tanto que a Netflix virou um gigante no Brasil.  Nossa ideia é trazer todo o conhecimento destes anos de criação editorial no Brasil e aplicar ao formato de vídeo. São muitos desafios, e este é o momento ideal para encará-los, já que temos uma equipe preparada e experiente.

M&M – Quais os destinos do BuzzFeed News?
Luciana – A produção de jornalismo de qualidade continua uma prioridade dentro da empresa. Nos Estados Unidos, o BuzzFeed News segue forte com a nossa cobertura que faz um dos mais importantes contrapontos ao governo Trump. Aqui no Brasil, nosso time realizou uma cobertura inovadora, com a série “Eleitores”, com 8 vídeos de 10 minutos cada, dedicada a ouvir o ponto de vista das pessoas e que foi elogiada por trazer novos ângulos ao debate político. Nosso time continua focado no rigor da produção jornalística, algo tão importante para a construção da democracia no Brasil, especialmente neste momento.

 

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