O futuro da televisão na era dos creators digitais
Assim como a internet, telinha vem procurando se transformar para captar os novos usuários; transmissões esportivas demonstram força do esporte multiplataforma
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Meio & Mensagem
8 de julho de 2023 - 18h20
Por Amanda Schnaider e Valeria Contado
Quando a televisão surgiu, muitos pensaram que o rádio ia acabar. Porém, mais de 70 anos depois, isso não aconteceu, o rádio foi e transformando e propondo novos formatos como os podcasts. Com a chegada a internet, a mesma pergunta veio à tona novamente: a televisão vai acabar?
Para o criador de conteúdo Felipe Castanhari, dono do canal Nostalgia no YouTube e da série da Netflix, Mundo Mistério, a resposta é clara: não, porque a televisão, assim como a internet, está se transformando.
“O algoritmo que mudou o conteúdo na internet, está mudando também o conteúdo na televisão”, salientou Castanhari, em painel no primeiro dia da VidCon São Paulo, nessa sexta-feira, 7. O criador também ressaltou que cada vez mais os conteúdos da TV estão sendo pensados também para a internet.
Um exemplo disso é o que é feito com MasterChef. Produzido pela Endemol Shine Brasil, o reality de gastronomia conta com um episódio semanal na TV mas, durante o resto da semana, até o lançamento do próximo episódio, a Endemol precisa continuar produzindo conteúdo nas redes do reality para engajar o público.
“Criamos o que chamamos de ecossistema de conteúdo”, revelou Leandro Fiamenghi, Digital Content Operations Manager na Endemol Shine Brasil. Esse ecossistema conta com uma equipe dedicada a atender as demandas de digital específicas do reality. “As grandes produtoras têm que entender que é isso ou o seu formato vai ser apagado”, alertou Fiamenghi.
Apesar de acreditar que a televisão não irá acabar, Castanhari ressaltou a importância de saber com que tipo de audiência se está falando. “Meu primo de quatro anos não sabe o que é TV, ele gosta de conteúdo que ele pode controlar”, exemplificou.
Além de entender com quem se está falando, na visão Fiamenghi, da Endemol Shine Brasil, compreender muito bem cada plataforma também é fundamental para os criadores e produtoras de conteúdo. “Temos que entender muito as plataformas e o hábito de consumo das pessoas”.
Outra discussão acerca do futuro da televisão pode ser feita a partir da nova realidade das transmissões esportivas. A pulverização dos direitos de transmissão – especialmente do futebol, que é o esporte mais popular do Brasil – fez surgir novas formas de contar histórias dentro desse nicho.
Um exemplo disso é a CazéTV, que foi o primeiro player brasileiro a transmitir a Copa do Mundo no ambiente digital. Para Luis Felipe Freitas, narrador na CazéTV no canal e no Prime Video, nesse ambiente é possível dar uma interpretação pessoal ao público.
“Vamos dar a nossa interpretação e a nossa cara na hora que vamos entrevistar o jogador. Temos que enxergar a diferença do conteúdo, estamos falando de plataformas diferentes”, disse.
Apesar de essa ser uma mudança significativa na forma como os players enxergam a transmissão esportiva, existe atualmente um nicho. Há quem prefira assistir o conteúdo esportivo pela TV, há que prefira os streamings.
Paulo Vinicius Coelho, o PVC, explicou que o formato como cada consumidor acompanha o jogo depende de como ele se sente confortável diante daquela tela. “A diferença é que, antigamente, você saia daqui para ir para sua casa para ver o jogo. Hoje você sai correndo e leva o jogo com você, avaliou.
Essa mudança também se refletiu no relacionamento com os atletas, que são os protagonistas dos jogos. Fred Bruno, do Desimpedidos, explicou que a nova geração também se tornou produtora de conteúdo e expandiu como se conecta com a audiência e o novo formato. “É uma mudança cultural. O streaming é democrático e representa a voz do torcedor. Essa mudança acontece porque os jogadores também estão virando criadores de conteúdo e eles se sentem muito à vontade com outros criadores de conteúdo”, avalia.
Na relação com as marcas, os streamings conseguem trazer uma característica diferente do que eventualmente ocorre na mídia tradicional, já que não há uma limitação de grade.
Nesse sentido, as marcas conseguem fazer ações que aumentam a conexão e amplificam a abrangência através da potência dos influenciadores que estão ali. Lucas Rizzo, sócio e gerente de negócios na Livemode, avalia esse movimento como uma boa experiência. “Temos mais tempo para contar o histórico do confronto e contar a história como quisermos. O poder dos 90 minutos vai além daquilo”, disse.
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