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Mídia

O impacto das notícias falsas no conteúdo colaborativo

A decisão do HuffPost de suspender a participação de colaboradores mostra um novo segmento que começa a se proteger das fake news


19 de janeiro de 2018 - 7h49

A decisão do HuffPost de suspender as publicações de colaboradores, anunciada nesta quinta-feira, 18, inicia uma nova fase no combate às notícias falsas. A alegação da empresa, que surgiu tendo a colaboração como premissa, está ancorada, segundo Lydia Polgreen, editora-chefe, na tentativa de barrar o aumento crescente das fake news. A plataforma foi criticada recentemente por estar permitindo a proliferação deste tipo de conteúdo.

Para compensar a suspensão dos colaboradores, será criada uma sessão de opiniões com autores pagos e supervisionada pelos editores. “O HuffPost nasceu na época do auge do boom dos blogs e sua plataforma de colaboração foi criada como um local em que pessoas queriam expor suas opiniões. E foi muito positivo tanto para o próprio HuffPost como para muitos colaboradores. Hoje em dia esse papel foi tomado pelas redes sociais”, diz Vitor Conceição, CEO da plataforma Meio.

Vitor afirma que, se por um lado a plataforma de colaboração já não oferece grandes vantagens para quem quer escrever, por outro, ela se tornou um problema em meio ao aumento das fake news. “Um artigo escrito por um colaborador circula nas redes sociais como se fosse um artigo do próprio HuffPost. Com as mudanças recentes do Facebook de reduzir ainda mais o alcance orgânico de posts, mas manter o alcance de artigos compartilhados por usuários, a empresa ficou sem nenhum controle sobre o tipo de conteúdo que circula pelas redes com a sua marca”, diz Vitor Conceição.

Pedro Burgos, fundador da Impacto.jor, afirma que a decisão do HuffPost é “uma ótima notícia para todos os publishers” e aponta que outros veículos seguirão caminho semelhante. “Imagino que esse experimento de abertura total para ‘colaboração’ da comunidade esteja chegando ao fim para os publishers. Essa ideia de abrir a plataforma para colaboradores diversos fazia sentido em uma outra época, quando ‘volume’ era algo crucial, e a publicidade pagava melhor”’, diz Burgos.

Burgos reforça que, por um certo tempo, muitas empresas de mídia se viram como competidoras das redes sociais na criação de ‘plataformas’. “Iniciativas como “Vc no G1” ou o “iReport” da CNN ainda existem, mas a impressão que eu tenho é que eles estão tendo muito menos destaque, e os colaboradores muito menos liberdade. Empresas de mídia viram que o principal ativo deles em tempos de notícias falsas e boatos circulando a mil é justamente a marca, o carimbo de veracidade, de informação checada”, afirma Burgos.

Humberto Pereira da Silva, professor de filosofia na FAAP, afirma que serão criados cada vez mais mecanismos para combater e minimizar os riscos das fake news. “É legitima e oportuna a iniciativa do HuffPost que caminha na contramão de muitas outras plataformas”, afirma.   

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