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O papel da credibilidade na estratégia de negócios do NYT

Michael Greenspon, gerente de serviços e inovação impressa do jornal, falou no Estadão Summit sobre o fortalecimento da marca diante do cenário de desinformação


31 de outubro de 2019 - 8h32

Michael Greenspon. (crédito: Diego Padgurschi )

Com mais de 160 anos de história, o The New York Times se tornou uma referência de gestão de negócios entre os jornais tradicionais. Este ano, alcançou a marca de 4,4 milhões de assinantes, com a meta de chegar a 10 milhões até 2025, de acordo com seu mais recente balanço. Em linha com a estratégia de atrair e reter assinantes, a marca vem reforçando o valor da credibilidade, especialmente em um momento geral de desinformação nas redes sociais.

“Quando políticos e outros agentes compartilham notícias falsas, estão tentando deslegitimar jornalistas e as notícias que produzem, mas o jornalismo centrado em fatos está crescendo, e isso tem nos ajudado sob uma perspectiva de negócios. É o que está guiando nosso crescimento de assinaturas”, afirmou Michael Greenspon, general manager de News Services e Print Innovation do The New York Times. Ele esteve presente no Summit Estadão Big Ideas, evento organizado pelo Estado de S. Paulo, nesta quarta-feira, 30, em São Paulo.

Responsável pela estratégia de licenciamentos do NYT, uma de suas funções tem a ver com gerar novas linhas de produtos e receitas para o jornal. Antes de chegar ao The New York Times, Greenspon passou por The Washington Post and The Boston Globe.

Embora o maior crescimento seja em produtos digitais, Michael afirma que as gerações mais jovens estão liderando o aumento do consumo de notícias também no impresso. “Nossa audiência que mais cresce em assinaturas impressas são millennials, então há alguma esperança. Estamos pensando em novas formas de introduzir notícias às pessoas, porque o impresso precisa se reinventar da mesma forma que o digital”, disse, durante o painel em que participou junto ao diretor de jornalismo do Estadão, João Caminoto, e William Waack, da CNN.

As assinaturas representam a maior parte do faturamento do NYT atualmente, enquanto a publicidade, por menos da metade, 42%. O plano de aquisição de novos assinantes não é necessariamente baseado em grupos demográficos. “Olhamos principalmente para as pessoas que vão ao nosso site várias vezes e leem múltiplas seções, pois os dados mostram que são mais propensas a virarem futuras assinantes”, explicou ele ao Meio & Mensagem. O investimento, porém, é focado no digital. “Não fazemos muitos anúncios para gerar assinantes offline a essa altura”, confessa.

Michael também falou sobre o desafio de escalar as assinaturas em outros mercados, principalmente os não-falantes de inglês. “Leitores internacionais são muito importantes. Canadá, Reino Unido, Austrália e Índia são mercados muito grandes para nós, por exemplo. O problema está em países que não falam inglês, pois ainda não descobrimos um modelo de tradução que funcione. Quem sabe as plataformas digitais possam nos ajudar com isso”, diz.

Em setembro, o jornal descontinuou seu site em espanhol, o NYT Español, o qual, de acordo com o jornal, não se mostrou financeiramente rentável.

Além das assinaturas digitais, a empresa investe no licenciamento de seus projetos a outros parceiros de conteúdo. Alguns exemplos nessa direção são a série Modern Love, que estreou recentemente pela Amazon Prime Video, inspirada em uma coluna do jornal, e o programa The Weekly, em parceria com o streaming Hulu e o canal FX.

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