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“Odeio as segundas-feiras”

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Mídia

“Odeio as segundas-feiras”

Você ganha um doce se adivinhar quem é o autor da frase. Sim! É Garfield, o gato que ama lasanha e que, depois de 33 anos, deixa de ser publicado pela Folha de S.Paulo


17 de agosto de 2016 - 9h00

Garfield, o gato gordo que odeia segundas-feiras e adora lasanha, depois de 33 anos presente quase que diariamente na seção de tirinhas da Folha de S.Paulo, deixou de ser publicado pelo jornal (no qual estreou em janeiro de 1983). O gato subiu no telhado e sumiu há pouco mais de 20 dias. O leitor e assinante (inclusive este repórter) não foi avisado e, ao sentir falta da bola de pelos alaranjada, contatou o veículo. A resposta, lacônica, não condiz com o tamanho avantajado do felino: “A descontinuidade foi uma decisão editorial”. E mais o porta-voz da Folha não disse.

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Garfield é o rei da mídia tradicional: a tira do gato manhoso é publicada mundialmente em quase 2,4 mil jornais

Obviamente, as tirinhas de um jornal não representam uma das áreas mais nobres do diário. Mas, depois de acompanhar por mais de três décadas as peripécias, ou a falta delas, de Garfield, é claro que é impossível não notar a ausência do gato mais famoso do mundo no jornal. Tudo bem que, nesse intervalo, chegou uma competidora de peso no ambiente digital, a Grumpy Cat (na verdade, a gata chama-se Tardar Sauce), com mais de 8,5 milhões de fãs na página do Facebook e que faturou, até 2014, mais de US$ 100 milhões.

Nada com que Garfield tenha que se preocupar, porém. Se Grumpy é a rainha do digital, Garfield é o rei da mídia tradicional: a tira do gato manhoso é publicada mundialmente em quase 2,4 mil jornais e atinge mais de 260 milhões de leitores. O adorador de lasanha também já passeou por todas as plataformas: livros, eventos, cinema, TV. A fanpage oficial do Facebook está perto de chegar aos 19 milhões de seguidores. Ou seja, o dobro da concorrente feminina (e real) Grumpy Cat. Garfield é, sabidamente, preguiçoso. Mas não quando trata-se de gerar receitas: estima-se que entre as vendas da tirinha, os produtos de outras mídias e o licenciamento de produtos, a marca criada por Jim Davies em 1978 gere faturamento anual entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. Nada mal para um bicinho cuja maior expressão de felicidade se traduz em algumas letras “Zzzzzzzzzz”, de sono satisfeito.

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A fanpage oficial de Garfield no Facebook está perto de chegar aos 19 milhões de seguidores

O gato foi criado porque Davies, ao pesquisar as tiras dos jornais à época, notou que havia muitas tirinhas com cachorros. Mas não com gatos. Da convivência com os 25 gatos da fazenda do avô, Davies fez nascer Garfield, cujo principal atrativo, talvez, é o cinismo com que encara sua doce vida felina: ao maltratar Odie, o cão bobo que, de vez em quando, vinga-se; ao ‘pensar’ respostas para o dono John Arbuckle, um fracassado que se veste mal e tem um complexo de Peter Pan; e a eventual namoradinha, a felina Arlene, a quem, aparentemente, Garfield não é exatamente fiel.

A marca Garfiel está presente em 111 países. São mais de 450 empresas licenciadas no mundo e a tira cômica é mais veiculada, reconhecidamente, segundo registro do Guinness Book. Na TV, Garfield foi 13 vezes indicados ao Emmy Award e ganhou 4 prêmios. No Brasil, licenciado pela BR Licensing, Garfield está presente em mais de 20 licenciados como Tilibra, Luxcel, Fraldas Capricho, Minore Kids, Dental Clean, Rei do Mate e Editora L&PM.

O que significa dizer que, mesmo que deixe de frequentar diariamente (exceto aos sábados e domingos) as páginas da Folha de S.Paulo, não será fácil deixar de notar a cara rechonchuda do gato laranja em algumas dezenas de produtos do cotidiano.

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