Os efeitos da TelevisaUnivision no mercado de streaming
Especialistas no mercado de VOD acreditam que empresa tem conteúdo e investimentos para conquistar o público falante de espanhol
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Thaís Monteiro
8 de fevereiro de 2022 - 6h00
Após sua união entre Grupo Televisa e rede Univision em abril de 2020, a TelevisaUnivision apresentará neste semestre duas plataformas de streaming em língua espanhola: uma com anúncios publicitários e outra baseada em assinaturas. O primeiro será lançado ainda neste semestre e o segundo no restante do ano.
Devido ao alcance da fusão (uma estimativa de 600 milhões de pessoas), os produtos em streaming da empresa devem concorrer com gigantes do segmento, como Prime Video, Disney+ e até mesmo a Netflix.
Globalmente, existem 538 milhões falantes de espanhol, tornando a língua a quarta mais falada no mundo, conforme dados de 2020 da Ethnologue, publicação que cataloga as línguas vivas. É um mercado potencial e que já consta no grupo de assinantes de streamings.
Segundo Marcelo Spinassé, CEO da Encripta, empresa dona de players como Looke e Netmovies, o Brasil tem 40% de participação no mercado da América Latina. O restante (60%) fala espanhol. Além disso, 10% da população falante de espanhol nos Estados Unidos afirmaram assinar algum streaming em 2021, diz André Siqueira, fundador e head de conteúdo da Viu Review, plataforma de recomendação de conteúdo de streaming.
Com essa demanda grande e a oferta de conteúdo da TelevisaUnivision, é justo pensar que o player se tornará uma referência no conteúdo para a população falante de espanhol. A empresa conta com quatro canais abertos e 27 canais pagos da Televisa e dois canais abertos, nove canais em espanhol, 59 estações de TV, 59 estações de rádio, além da plataforma de streaming PrendeTV da Univision. A cada semana, um novo filme ou série de alta qualidade será acrescentado ao acervo da nova plataforma da TelevisaUnivision.“Com a quantidade de conteúdo produzido pela Televisa (mais de 86 mil horas, anualmente) inserida nesse contexto, a fusão pode entregar um resultado muito interessante: já que você tem um volume enorme de títulos entrando no seu catálogo, enquanto do outro lado você tem acesso a um nicho de mercado com uma demanda super reprimida – é o equilíbrio perfeito entre produção e distribuição com capilaridade”, opina o executivo.
Apesar disso, a receita do sucesso não pode ser feita apenas com números – é necessário interesse e investimento. E
há busca por conteúdo em espanhol nas plataformas de VOD (sigla para video sob demanda em inglês) está em crescimento. Em um levantamento feito pela Viu Review, conteúdos da Espanha estão sempre entre os que mais geram interesse nos usuários e que recebem recomendações personalizadas da Netflix. A Espanha é o único país que aparece na classificação dos 10 sub-gêneros que mais atraem interesse dos assinantes na plataforma de recomendação.
Assim, os concorrentes terão de lidar com um conjunto de fatores favoráveis a TelevisaUnivision na disputa pelo mercado latino americano e da Espanha. Para o CEO da Encripta, players como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Max e tantos outros deverão continuar a produzir conteúdo local de qualidade.
Contratempos
Por outro lado, será necessário que a empresa se desprenda da sua facilidade com formatos televisivos para conquistar aquele telespectador que está acostumado e quer ver produções feitas especialmente para plataformas de VOD, além de investir em tecnologia de ponta.
“A Televisa já possui um vasto catálogo, porém o que a história tem nos mostrado é que somente o conteúdo de TV, principalmente o conteúdo datado de TV, não é suficiente para atrair e manter o assinante de VOD. No final do dia, a serviço de VOD da TelevisaUnivision terá que adquirir conteúdo, filmes, séries para conseguir competir com as gigantes do mercado. Outro grande desafio é a tecnologia. Não podemos deixar de considerar que a qualidade técnica do serviço de streaming é importantíssima para o sucesso do negócio. Não adiantar ter o conteúdo e não conseguir efetivar a entrega. Gigantes como Netflix e Amazon nasceram e são empresas com DNA de tecnologia na veia, o grupo Televisa não, é algo que terão que aprender a fazer, e neste caso dinheiro pode até comprar tecnologia, mas leva um tempo”, elenca o executivo.
**Crédito da imagem no topo: Shutterstock
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