Prestígio: os jornais estão na moda
Grupo francês dono da Louis Vuitton negocia a compra do Le Parisien e segue o exemplo de empresários como Warren Buffett e Jeff Bezos, da Amazon
Grupo francês dono da Louis Vuitton negocia a compra do Le Parisien e segue o exemplo de empresários como Warren Buffett e Jeff Bezos, da Amazon
Luiz Gustavo Pacete
29 de maio de 2015 - 8h20
Semanalmente, os jornais, seja no Brasil ou no mundo, são alvos de comentários pessimistas sobre o futuro relacionados às dificuldades do meio de alavancar receitas e manter equipes que produzam com qualidade. Por mais paradoxal que pareça, apesar de todos os desafios da plataforma, ela continua a despertar interesse de grandes marcas, seja por prestígio, poder ou, de fato, por gerar algum lucro. Tanto é que, o grupo de luxo francês LVMH, dono de marcas como Louis Vuitton e Sephora, está interessado na compra do diário Le Parisien, maior jornal da França em tiragem com 229,6 mil exemplares. Francis Morel, diretor-geral do braço de mídia do LVHM, disse que a publicação é uma marca respeitada e contribuirá para o grupo. Em 2007, a empresa comprou o Les Echos.
Outro caso emblemático é o do Washington Post. Em 2013, Jeff Bezos, CEO da Amazon, pagou US$ 250 milhões pelo título. Desde então, o 19º homem mais rico do mundo contratou 100 repórteres e aumentou a audiência do site em 60% para 50 milhões de visitantes únicos ao mês. No início de maio, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Marty Baron, diretor do jornal, disse que Bezos levou à publicação, além de capital, ideias e conceitos de inovação. Em fevereiro, o Washington Post foi eleito a empresa de mídia mais inovadora pela revista Fast Company. “Apesar de ser um investimento pessoal do Bezos, a proximidade com a Amazon nos trouxe muitas oportunidades”, disse Baron na entrevista.
Bezos não está sozinho. O megainvestidor Warren Buffett, parceiro do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lehman em empresas como Heinz e Burger King, investiu US$ 143 milhões na compra de 63 jornais americanos. Títulos como o Richmond Times-Dispatch, The Culpeper Star-Exponent. Segundo Buffett, os jornais locais são mais rentáveis, enquanto os nacionais e regionais enfrentam queda de tiragem e publicidade, os pequenos estão conseguindo sobreviver, o que explica isso é a exclusividade.
Enquanto isso, no Brasil…
Dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), mostram que os cinco maiores jornais em circulam no Brasil tiveram crescimento no primeiro quadrimestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com o IVC, a Folha, líder entre os jornais do País, teve uma circulação média de 361.231 exemplares nos quatro primeiros meses do ano, o que configura uma alta de 6,4% na comparação com 2014.
A circulação média de O Globo – o segundo colocado no ranking do IVC – registrou alta de 3,7%, alcançando o montante médio de 320.374 exemplares. Houve aumento também na circulação do Super Notícia, que atingiu média de 314.766 (um acréscimo de 1,7%) e no Estadão, que alcançou circulação média de 250.045 exemplares (alta de 5,5%). Entre os cinco primeiros do ranking, o maior crescimento foi do Zero Hora, que fechou o quadrimestre com circulação média de 201.178 (13% mais do que o registrado no mesmo período de 2014). O digital tem uma forte participação nesses dados. Em abril deste ano, 44,6% da circulação total da Folha já era composta por edições digitais. No Globo, a fatia do digital já corresponde a 37%.
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