Os planos de Ricardo Pereira como produtor criativo da Netflix
Com experiência em TV, cinema e teatro, Ricardo Pereira assinou contrato com streaming para desenvolver projetos entre Brasil, Portugal e Espanha
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Caio Fulgêncio
16 de agosto de 2023 - 6h30
Após contrato assinado recentemente, o ator português Ricardo Pereira iniciou, oficialmente, a desempenhar a função de produtor criativo da Netflix. Com isso, o artista passa a desenvolver projetos – também como ator e diretor – que envolvem Brasil, Portugal e Espanha. Em outras palavras, ele poderá conceber e selecionar propostas de atrações em formato de série ou filme.
Com sólida carreira na teledramaturgia, cinema e teatro, Pereira coleciona mais de 30 novelas brasileiras e portuguesas, além de filmes em vários países. Além disso, na estreia na TV do Brasil, ele protagonizou “Como uma onda”, primeiro folhetim da Rede Globo protagonizado por um ator estrangeiro.
Como ator, o português deve estrear duas séries neste e no próximo ano. Uma delas é Matilha, spin-off de Sul, que aborda um movimento de contrabando entre Brasil e Portugal. A outra chama-se Azul, que aborda a possibilidade de extinção das baleias. Ao Meio & Mensagem, ele falou sobre os planos na nova função no streaming, as mudanças no mercado audiovisual pós-pandemia e, ainda, sobre a relação com as redes sociais.
Meio & Mensagem – Como se deu a parceria com Netflix?
Ricardo Pereira – Ao longo de muitos anos de trabalho, em várias regiões e línguas diferentes, acabei ganhando um conhecimento artístico grande. Já fiz cinema francês, holandês, português, brasileiro e espanhol. Isso me permitiu contato com várias formas artísticas diferentes e entender sobre o mercado. Ao longo do tempo, também fui mostrando o meu interesse em participar mais do processo criativo e acho que essa foi uma das razões pelas quais surgiu o convite da Netflix. Portugal já faz muitas coproduções com Espanha, mesmo antes dos serviços de streaming aparecerem. O Brasil também faz muito cinema e série com os espanhóis. Então, existe esse trânsito de diretores, atores e autores pelas três geografias, que podem se aproximar ainda mais. Serei mais um interlocutor, a fim de somar artisticamente, identificando projetos que possam ser construídos nessas geografias. Alguns deles, obviamente, ficarão no mercado interno, mas outros vão rodar pelo mundo.
M&M – Como produtor criativo, você está de olho em que tipo de projeto para o streaming?
Pereira – Estou seguindo o alinhamento que a Netflix tem, de juntar talentos com mais bagagem e novos profissionais. Queremos dar espaço para pessoas novas, com boas ideias, e identificar atores, diretores e técnicos. Hoje, o mundo está mudando muito rápido. Antigamente, o planejamento de projetos era muito mais longínquo e, agora, é preciso levar em conta a novidade, as tendências e as temáticas atuais. Logo, são vários os condicionantes que fazem um projeto ser escolhido ou não. Por isso, é uma responsabilidade muito grande. Estamos recebendo muitos projetos e sempre deixo um canal aberto para isso. Às vezes, não precisa necessariamente ser algo estruturado. Pode ser uma ideia, estamos aqui para acolhê-la e, caso seja aprovada, para ajudar nesse desenvolvimento.
M&M – Como os mercados de audiovisual brasileiro, português e espanhol podem contribuir entre si para criar conteúdos globais?
Pereira – Portugal e Brasil são países com uma ligação antiga. Por isso, tenho tentado, ao longo da minha carreira, incentivar a troca cultural entre ambos, inclusive, produzindo peças com pessoas dos dois lugares. Além disso, também é importante ampliar isso para outros locais que falam a língua portuguesa. São culturas misturadas, fazemos parte da história uns dos outros. A minha expectativa é poder produzir histórias com esse intercâmbio, com autores e atores brasileiros, portugueses e aproveitando ainda Espanha, que é uma grande janela para outras partes do mundo. Com isso, podemos identificar em cada geografia os caminhos e somar as experiências, porque cada país tem um ponto de vista. O streaming tem mostrado que as histórias locais podem se tornar globais. A partir da junção de olhares, podemos criar histórias muito mais robustas e interessantes.
M&M – Como você vê as mudanças no audiovisual a partir do crescimento das plataformas de streaming?
Pereira – Durante a pandemia da Covid-19, houve um mercado que explodiu na direção dos streamings. Era uma coisa que víamos que iria acontecer, já que as plataformas estavam aparecendo, mas houve uma aceleração nesse processo. Esse movimento criou formas de relacionamentos com o mercado de trabalho. Hoje, há uma mobilidade artística muito maior, com os profissionais podendo circular entre vários projetos. De certa forma, todo mundo se tornou polivalente. Ou seja, um autor que só escrevia determinado gênero está mais abrangente. Essa mobilidade faz com que nos instiguemos criativamente e, por isso, acabou sendo muito boa. O artista pode trabalhar com várias conceitos e direções diferentes e isso é bom. Vimos acontecer no pós-pandemia que as próprias emissoras de televisão começaram a firmar contratos por projetos, o que permite que o ator possa ir para outros lugares e voltar. No fim, isso pode ser uma soma artística muito interessante.
M&M – Com a grande quantidade de conteúdo produzido e com as redes sociais, o que mudou na relação com a audiência?
Pereira – Diferentemente do passado, temos hoje muitas formas de comunicação com o público e tudo acaba coexistindo. Assim, a audiência consegue dizer na hora o que está achando de uma novela, por exemplo. Do mesmo modo, o teatro também aprendeu a utilizar a internet para se comunicar e chegar a um público maior, com extensões e conteúdos específicos. Então, apareceram mil formas de comunicar e todas muito válidas. Quando elas se ajudam mutuamente, quem ganha é a cultura. Conseguimos chegar a um número maior de pessoas e, inclusive, entregar uma oferta diferenciada, porque o público é cada vez mais criterioso nas escolhas.
M&M – Como você se relaciona com as redes sociais e como vê o impacto delas para a profissão?
Pereira – As redes sociais estão muito incluídas no nosso meio e, de certa forma, tem sido um caminho também para divulgar os projetos. Acredito que, na profissão, precisamos conhecer e saber utilizar essas plataformas. Cada um tem o direito de usar como quiser, mas, obviamente, precisa ter noção de que a mensagem chega a um público vasto. Como sabemos, há pessoas que crescem nessas novas tecnologias e que, depois, seguem para outros lugares, para atuação, direção ou apresentação. Nesse sentido, sempre fui um defensor de que artistas podem surgir de vários contextos. As pessoas só precisam ter vontade, responsabilidade, humildade e querer se desenvolver. Isso não é só no nosso mercado de cultura. A minha relação com as redes começou de forma tímida, gosto de partilhar momentos em família, mas também é um veículo em que trabalho com muitas marcas.
M&M – Aproveitando, como é essa sua relação com as marcas? Costuma trabalhar com marcas brasileiras e portuguesas?
Pereira – Procuro ter um conhecimento profundo dos produtos e projetos nos quais me envolvo. Para mim, isso é fundamental. Sou um ator e apresentador, que inicia na função de produtor criativo e diretor, mas também sou comunicador digital. Costumo escolher marcas com as quais já trabalhei no offline e as levo para o digital. E tenho parcerias incríveis, que só crescem. Comunico marcas de Portugal e do Brasil e é muito engraçado, porque falo no português dos dois lugares e acho que é por isso que as marcas apostam em mim.
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