Os segredos de sucesso dos podcasts – e das boas histórias
Formato em áudio é um modelo que os criadores vêm buscando cada vez mais para se expressar e monetizar o conteúdo
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Valeria Contado
9 de julho de 2023 - 13h46
Os podcasts representam uma boa fatia da produção de conteúdo em áudio do Brasil. Sem imagens, as histórias podem ser contadas em diversos formatos.
Esse formato pode englobar conteúdo jornalístico, com assuntos pertinentes para o momento, uma roda de conversa ou até mesmo ser uma série investigativa. Seja qual for a forma de produção, é fato que esse os podcasts vêm se tornando um caminho interessante para os criadores de conteúdo.
Nesse aspecto, o conteúdo em áudio consegue agregar fãs e trazê-los para uma grande comunidade, assim como acontecia com os blogueiros nos primórdios da produção de conteúdo para a internet.
Mabê Bonafé, do podcast Modus Operandi, explicou, durante participação na VidCon São Paulo, que atualmente existem muitas ferramentas capazes de ajudar um podcaster a gerenciar a sua comunidade.
“Hoje o podcast é parecido com o formato do blog. Apesar de ser muito importante, ele necessita menos números [métricas], e mais da comunidade que se cria”, destacou
Apesar dessa vasta produção dos criadores e de ter um público fiel, os podcasts ainda não ocupam um espaço tão significativo nas verbas dos anunciantes.
Alana Azevedo, do programa “Helena, o podcast tá pronto” avaliou que muitas marcas ainda não enxergam o formato como algo atraente. “Eu, que também faço conteúdo em vídeo para o Instagram, vejo que chega mais contato para lá do que para o podcast”, relatou.
Por isso, muitos produtores acabam aderindo o formato videocast como uma alternativa. Esse é o caso de Fábio Cruz, o Fabão, que além de comandar o podcast “Tá Mutado”, agora produz o formato em vídeo “Pod da Play” com a Play9.
“Podcast e videocast têm públicos completamente diferentes. Em um a pessoas estão te vendo, no outro elas carregam a história enquanto estão fazendo algo”, disse.
No entanto, também existem outras formas de monetizar o conteúdo em áudio. Uma delas é o programa de apoio, vindo das comunidades, que pode gerar benefícios para os fãs. O apoie-se pode ser uma ferramenta importante para estreitar o relacionamento com eles. Outros modos são a associação com streamings ou financiamento coletivo.
“O mídia kit é essencial desde o início. É importante entender os números e transformá-los em informações”, explicou Mabê. A apresentadora do Modus Operandi ponderou que, no começo, é possível que o produtor exerça todas as funções de uma equipe, até mesmo a de agência. “Esse momento de encontrar [as marcas] é muito rico quando você tem a sua comunidade. Neste momento será preciso menos números e mais engajamento”.
O jornalista e professor universitário Ivan Mizanzuk é produtor do podcast “Humanos”, que aborda casos de crimes reais. Através de sua investigação, foi responsável por contar histórias como Altamira e o caso Evandro, que ganhou forte popularidade e foi adaptado para uma série do Globoplay.
Especialista no formato longo, Mizanzuk deu dicas, durante a VidCon São Paulo, sobre como construir uma história que consiga cativa os ouvintes.
Ele começou explicando que seu trabalho é simplificar o assunto para que todas possam entender. Por isso, suas primeiras dicas são: foque em pessoas e seja curioso.
O segundo ponto que o produtor reforça é sobre as perguntas. Como parte do processo jornalístico e investigativo, elas ajudam a nortear as investigações e a forma como os fatos serão apresentados.
“Uma pergunta puxa a outra e é assim que a sua história se desenvolve”, disse, reforçando, contudo, a falta de respostas e o silêncio também fazem parte da narrativa.
Dentro da gama de perguntas, o podcaster afirmou que elas são diferentes dos objetivos da investigação, apesar de serem importantes. Com isso, Mizanzuk concluiu que a intenção com a qual um criador inicia o conteúdo pode ter um fundo moral, já as perguntas não. “Não conte um crime só pelo crime, tente achar o que ele representa. A sua intenção pode ter um fundo moral. Mas a sua pergunta, não. Ela deve ter força narrativa”, finalizou.
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