Paywall: coronavírus faz veículos mudarem estratégias
Folha e O Globo liberam acesso ao conteúdo informativo sobre a pandemia, enquanto a Globo restringe a participação do público em seus programas de auditório
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Bárbara Sacchitiello
13 de março de 2020 - 8h03
*Atualizada às 16:33
As medidas para tentar conter a proliferação da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus — que, nesta semana, recebeu a classificação de pandemia da Organização Mundial de Saúde — não estão restritas ao cancelamento de grandes eventos internacionais, como o Mobile World Congress, South by Southwest, e já começam a afetar praticamente todo o calendário esportivo e de festivais em todos os continentes. As edições do Lollapalooza deste ano do Chile e da Argentina já foram adiadas e o mesmo deve acontecer com a brasileira, ainda marcada para o início de abril. As partidas da próxima rodada da Conmebol Libertadores, que aconteceriam na próxima semana, também foram canceladas por tempo indeterminado. O mesmo destino teve o GP da Austrália, da Fórmula 1, que seria realizado nesse domingo, 15.
As emissoras de TV e jornais também estão alterando suas estratégias nesse momento, seja para ajudar na difusão de informações sobre prevenção e combate à doença, seja para evitar a reunião de grupos numerosos de pessoas.
Nessa quinta-feira, 12, a Folha de S.Paulo e O Globo, os jornais líderes em circulação no Brasil segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), anunciaram a liberação do conteúdo digital que traz informações gerais sobre a Covid-19. Adotando o sistema de paywall desde 2012, a Folha declarou que não irá restringir o acesso às reportagens com informações relevantes a respeito da pandemia. “As redes sociais estão desde o início da crise do coronavírus repletas de informações falsas. O jornalismo profissional é antídoto em tempos de fake news e a Folha busca contribuir para que mais brasileiros tenham acesso a notícias confiáveis”, justificou a publicação, em texto que anuncia a medida.O Globo também derrubou o paywall do conteúdo digital que traz notícias e informações sobre a pandemia e também anunciou algumas mudanças na edição impressa. Todas as informações relacionadas ao Covid-19 no Brasil e no mundo estarão reunidas no primeiro caderno do jornal, em uma editoria especial que antecede todo o restante do noticiário. O veículo também disponibilizará um guia, em formato de PDF, que pode ser baixado pelo site a partir das 10h desta sexta-feira, 13. O material, que será atualizado continuamente, reúne um guia com as principais orientações dos órgãos de saúde a respeito das medidas para a prevenção da doença.
As medidas de Folha e O Globo já vinham sendo tomadas por grandes publicações internacionais. O New York Times, publicação com o maior número de assinantes digitais no mundo, também declarou que as notícias a respeito da crise do coronavírus estão com o acesso liberado. Nesta sexta-feira, 13, o Estadão também liberou o conteúdo sobre a doença.
Sem plateia
As emissoras brasileiras de TV também começam a criar uma rotina diferente por conta da pandemia. Nessa quinta-feira, 12, começaram a circular informações de que a Globo passará a não levar plateia para seus programas de auditório, como Domingão do Faustão e a edição de terça-feira do Big Brother Brasil. Fátima Bernardes apresentou o Encontro nessa quinta-feira já com a plateia bem reduzida. Em nota, a Globo confirma que está reavaliando a presença de grandes grupos em seus estúdios. “Como forma de prevenção ao Coronavírus (Covid-19), para garantir a segurança do público e dos funcionários, estamos avaliando o modelo e a própria participação de plateia e de figuração em nossos programas”, diz a emissora.
No mesmo dia, a emissora comunicou à imprensa de que cancelou o evento marcado para a próxima segunda-feira, 16, para apresentar a novela Nos Tempos do Imperador, próxima trama da faixa das 18 horas.
O SBT também divulgou um comunicado relatando uma série de orientações que vem fazendo a seus funcionários e parceiros para evitar a propagação do vírus. A emissora também recomenda que pessoas com mais de 65 anos, por pertencerem ao grupo mais vulnerável ao Covid-19, evitem participar dos programas de auditório para evitar a presença em locais com grande número de pessoas. O SBT também pede a seus colaboradores que pertençam à essa faixa etária que conversem com seus gestores caso não se sintam seguros de ir até à emissora para trabalhar nesse período.
A empresa de mídia também recomenda que seus executivos e funcionários não participem de feiras, congressos e outros tipos de eventos que reúnam um grande número de pessoas, exceto em casos estritamente necessários, que deverão ser analisados pela diretoria. Viagens internacionais de negócios estão vetadas e as nacionais também só devem acontecer em casos especiais, diz a emissora, em nota.
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