Podcasts de true crime viram produções audiovisuais e livros
Com a alta popularidade, podcasts de true crime, como Modus Operandi, e O Caso Evandro, encontram espaço em outro formatos de mídia
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Amanda Schnaider
2 de agosto de 2022 - 6h00
Nos últimos anos, as produções que envolvem histórias de crimes reais têm chamado cada vez mais a atenção do público brasileiro e das marcas. Recentemente, esse gênero ganhou ainda mais força no formato de áudio, após o sucesso do podcast da Folha de S. Paulo, A Mulher da Casa Abandonada, escrito e apresentado pelo jornalista Chico Felitti.
Segundo dados da Triton, os seis episódios do podcast que conta a história de Margarida Bonetti, uma mulher da alta sociedade brasileira acusada de manter uma empregada doméstica em condições análogas à escravidão por 20 anos nos Estados Unidos, de onde fugiu sem ser julgada, já somam quase sete milhões de downloads nas principais plataformas de áudio. Os quatro primeiros programas superaram um milhão de downloads cada um.
Atualmente, o mercado brasileiro de podcasts de true crime está consolidado. Além de A Mulher da Casa Abandonada, o mercado conta com o podcasts como, Café com Crime, de Stefanie Zorub; Modus Operandi, de Mabê Bonafé e Carol Moreira; Praia dos Ossos, de Branca Vianna; e Projeto Humanos, de Ivan Mizanzuk. “Esse boom todo de produção mesmo audiovisual e produções melhores, menos sensacionalistas, mais focadas no mistério, na reviravolta, em trazer os fatos, com certeza tudo isso contribuiu para se popularizar esse gênero”, pontua Mabê.
Toda essa popularização de conteúdos sobre crimes reais em áudio tem ganhado desdobramentos em outros formatos de mídia. Por exemplo, o Modus Operandi, podcast lançado em janeiro de 2020, acabou virando um livro em junho deste ano. Publicada pela editora Intrínseca, a obra, intitulada Modus Operandi: Guia de True Crime, na verdade, não é uma versão do podcast em livro, mas uma espécie de guia mesmo para os amantes do gênero.
“Quem ouve o Modus geralmente ouve porque gosta de consumir esse tipo de conteúdo. A nossa ideia seria enriquecer essa experiência, deixá-la mais interessante. É por isso que ele é bem diferente do podcast, no podcast cada episódio é um caso, já no livro, não”, explica Mabê, reforçando que para exemplificar os tópicos trazidos no livro, há a citação de alguns casos ou até mesmo a explicação do caso completo.
Além do livro, no ano passado, as meninas do Modus Operandi já fizeram uma parceria com a Netflix para lançar o programa Além do Crime, no canal do YouTube da Netflix. Ao todo, foram seis episódios baseados em documentários de true crime da Netflix. Mabê e Carol também fecharam uma parceria com o Globoplay, em novembro de 2021, e desde então fazem parte do serviço de streaming da Globo. Segundo Mabê, fazia tempo que estavam com o interesse de fechar uma parceria com uma plataforma de streaming. “Sentimos que ao entrar para o Globoplay estávamos tendo mais oportunidade, mais espaço, que talvez outras plataformas não poderiam nos dar naquele momento”, completa.
Teresa Penna, diretora do Globoplay e produtos digitais, explica que o Modus Operandi chegou ao Globoplay com o marco de ser o maior podcast de true crime no Brasil, com mais de 14 milhões de plays em 2021, unindo-se outros títulos de renome de true crime, como O Caso Evandro. “Entendemos que a narrativa e os recortes particulares traçados pelas apresentadoras Carol Moreira e Mabê Bonafé, trazendo toda semana histórias do gênero de forma episódica, similar ao que outros programas históricos da Globo já faziam, tinha o potencial de estreitar o contato com os nossos ouvintes, agregando valor à nossa oferta de áudio”, salienta.
Por falar em O Caso Evandro, essa é uma série do Globoplay que foi baseada na quarta temporada do podcast Projetos Humanos, idealizado pelo professor e escritor curitibano Ivan Mizanzuk. No site do projeto, ele se define como “um podcast que busca explorar um formato ainda pouco explorado no Brasil, o storytelling, popularmente utilizado em podcasts dos EUA, tais como Radiolab, This American Life e Serial. É como se fosse um documentário em formato de áudio e distribuído na internet. Aproxima-se de práticas conhecidas no país como jornalismo narrativo e/ou literário”.
Lançada em junho de 2021, a série do Globoplay se propôs a contar a história do desaparecimento do menino de seis anos, Evandro Ramos Caetano, que aconteceu em abril de 1992, no litoral do Paraná, e a investigação do caso. A diretora do Globoplay e produtos digitais, enfatiza que a série O Caso Evandro foi apresentada pela produtora Glaz Entretenimento, já com o envolvimento dos diretores Aly Muritiba e Michelle Chevrand e do próprio Ivan Mizanzuk. “Tendo em vista que os podcasts de true crime são sucesso em diversos mercados pelo mundo, imediatamente enxergamos o imenso potencial audiovisual da narrativa para se tornar a primeira adaptação do formato para o audiovisual no país”, ressalta.
De acordo com Teresa, tanto a pesquisa de imagens já realizada pela produtora Glaz Entretenimento quanto a colaboração da RPC, afiliada da Globo, foram fundamentais para a construção da série. Além disso, ela reforça que o recorte narrativo dos 36 episódios do podcast para os sete episódios da série, que ainda contou com um episódio extra, foi um dos grandes desafios dos roteiristas Angelo Defanti, Arthur Warren, Ludmila Naves e Tainá Muhringer.
“Estamos permanentemente acompanhando o comportamento de consumo do público, suas preferências e o true crime é, indiscutivelmente, um gênero com alta demanda. Temos vários projetos de séries nesse gênero e estamos sempre abertos à grandes histórias de diversas origens, incluindo os podcasts”, enfatiza a diretora, afirmando que ainda neste ano, o Globoplay lançará mais duas séries em podcast no formato true crime.
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