Por que a estética retrô invade o conteúdo e a publicidade
Empresas como Marvel, Globo e Netflix têm intensificado o resgate de narrativas nos anos 1980 e 1990
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Thaís Monteiro
14 de fevereiro de 2019 - 7h27
Animações aleatórias, fontes coloridas que saltam, espaços para comentários e frames de HTML que fizeram parte do início da internet e blogs pessoais. Aproveitando o contexto de seu novo longa, a Marvel resgatou tais elementos em um website para promoção de Capitã Marvel, cuja história se passa em 1995. O portal conta com trailer e imagens do filme, um jogo para o visitante adivinhar se uma pessoa é humana ou skrull (raça alienígena que se disfarça de humanos), entre outras atrações, todas com cara de duas décadas atrás.
A era do throwback anos 90
A retomada do vintage também se fez presente no filme Bandersnatch, da Netflix, para a antologia Black Mirror, em que a história retoma o contexto dos anos 1980 e o fluxo narrativo se inspira na interatividade de livros e, principalmente, jogos eletrônicos. Outros exemplos são séries como Stranger Things, Glow e Oaks.
Para Ricardo Tiezzi, roteirista e professor da Roteiraria, essa tendência de resgatar certos períodos acontece de quando em quando, pois a narrativa tem uma certa vocação nostálgica, que a leva a revisitar algumas épocas. “Agora, por exemplo, como Stranger Things e os demais exemplos citados, parece que os anos 1980 e 1990 estão sendo bem vistos. De uma forma geral, desde Homero, as histórias são sempre recontadas. Tem até uma frase do arquiteto catalão Antoni Gaudí em que ele diz que ‘a originalidade é a volta às origens’, ou seja, os narradores vão cavar na tradição histórias que podem ser deslocadas, isto é, velhas histórias com novas roupagens”, afirma.
Luiza Loyola, especialista da consultoria de tendências da WGSN, explica que nostalgia não está só no conteúdo, mas também em relançamentos de produtos, e isso acontece pela afetividade relacionada por tempos mais desligados digitalmente, com menos ansiedade e incerteza econômica. “Hoje, a nostalgia é uma ferramenta de vendas extremamente poderosa. As marcas estão aproveitando o conforto e a autenticidade do passado, reinventando e/ou redirecionando produtos retrô. Para os jovens que buscam experiência, trata-se de viver o presente com o passado – criando novos momentos a partir das memórias”, explica.
“Você tem o ganho da tradição, que o acúmulo de histórias traz, o afeto que determinadas histórias têm na memória e na sensibilidade do espectador e, tendo tudo isso a seu favor, ainda cria um deslocamento que renova e traz esse sabor de novidade, trazendo-as para o nosso tempo”, diz Tiezzi.**Crédito da imagem no topo: Reprodução/Marvel
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