Qual é o perfil dos criadores de conteúdo brasileiros?
Pesquisa da Wake Creators traz recorte de gerações e gênero, representatividade regional, preferências de formatos e redes sociais, e desafios
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Amanda Schnaider
9 de abril de 2025 - 14h00
Atualmente, o Brasil conta com mais de 14 milhões de influenciadores, o que representa aproximadamente 6,7% da população, segundo dados da Statista e Scopen. Mas quem são essas pessoas? É isso que a segunda edição do Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil, realizado pela plataforma de marketing de influência Wake Creators, quer responder.
87% dos criadores de conteúdo do Brasil são do gênero feminino (Crédito: Yuri A/Shutterstock)
Segundo Julia Affonseca, diretora de negócios e operações da plataforma, o objetivo do relatório é compreender de forma mais abrangente as dores, rotinas, desafios, relação com marcas e seguidores desse público, além de expectativas para o futuro deste mercado. Mercado este que, globalmente, deve dobrar de tamanho e atingir US$ 480 bilhões até 2027, segundo previsão do Goldman Sachs.
De acordo com o Censo, 87% dos criadores de conteúdo do Brasil são do gênero feminino e sua maioria (71%) são Millennials (27 a 46 anos) e da região Sudeste (56%). A geração Z, de 18 a 26 anos, aparecem logo atrás, representando 24% dos creators brasileiros.
“Vimos que o Brasil continua sendo o País dos micro e nano influenciadores”, afirma Julia. Isso porque, o censo revela que mais de dois terços dos criadores de conteúdo brasileiros (71%) têm até 50 mil seguidores, sendo que 33% possuem menos de 10 mil.
Segundo Julia, os micro e nano influenciadores se destacam por sua alta capacidade de engajamento, autenticidade nas interações, conhecimento aprofundado e proximidade real com audiência.
O levantamento revela que esse tipo de influenciador gera até 22,2 vezes mais conversas sobre compras do que um consumidor. “O conteúdo gerado por micro e nano influenciadores são mais personalizados, o que favorece a confiança do público, efetividade das campanhas e o poder de conversão”, complementa. Inclusive, esses creators são capazes de influenciar diretamente 74% das pessoas a experimentarem produtos, de acordo com a pesquisa.
Além disso, os micro influenciadores são, em sua maioria, criadores que apostam em conteúdos de nicho: 52% dos entrevistados têm o objetivo de atuar nesse formato, o que, segundo diretora, contribui para fortalecer comunidades e criar conexões mais profundas com seus seguidores.
“A audiência está sendo mais seletiva com o que consome, principalmente quando falamos da geração Z. Essa capacidade de se tornarem porta-vozes e gerar identificação dentro de nichos específicos, transforma esses perfis em ouro para marcas que querem se conectar com comunidades de forma mais assertiva e relevante”, enfatiza Julia.
Ressaltando essa tendência de nano e micro, o Censo indica ainda que apenas 2% dos influenciadores do País têm de 500 e 1 milhão de seguidores e 1% tem mais de 1 milhão de seguidores.
Por que a Talent está contratando creators?
Apesar de o surgimento de novas redes sociais, o Instagram segue sendo a plataforma favorita dos creators brasileiros, com 97% de preferência. Porém, o TikTok, uma rede social relativamente nova, tem conquistado os influenciadores, aparecendo logo em seguida, com 79% do favoritismo.
Quanto ao formato preferido, cinco em cada dez criadores de conteúdo brasileiros preferem fazer vídeos de até três minutos.
A monetização desses profissionais foi outro assunto abordado no Censo. “Monetização é, sem dúvida, um dos pontos mais sensíveis da pesquisa”, aponta a diretora de negócios e operações da Wake Creators.
O relatório indica que apesar do crescimento da creator economy, grande parte dos creators ainda não consegue viver exclusivamente da criação de conteúdo. Apenas 9% de todos os influenciadores brasieiros vivem com uma renda 100% vinda da criação de conteúdo.
Além disso, mais da metade deles, 51%, não têm o marketing de influência como fonte principal de renda, e 40% ganham até R$1 mil por mês, sendo que 26% afirmam não ganhar nada. “Mas quando olhamos com um recorte geracional, o cenário muda: a geração Z se destaca como a que mais consegue monetizar e transformar a influência em profissão, o que revela uma nova leva de creators mais preparados, conectados às tendências e com maior domínio das ferramentas digitais”, frisa Julia.
Na visão da diretora, esse dado aponta para uma transformação no perfil do influenciador brasileiro, com as gerações mais novas assumindo protagonismo. “Com o passar dos anos, teremos um cenário diferente e de criadores mais bem preparados e orientados”, diz. “Mas antes de chegarmos a este momento, a falta de profissionalização, dificuldade em precificar o trabalho, ausência de contratos e instabilidade nas oportunidades são alguns dos desafios que os influenciadores em geral enfrentam”.
Julia destaca ainda que o fato de 36% deles não saberem quanto faturaram no ano anterior mostra uma carência de controle financeiro e de visão estratégica da carreira extremamente necessária.
Porém, com tão poucos influenciadores vivendo da criação de conteúdo, o Censo tenta responder a uma questão “como os criadores de conteúdo estão monetizando com publicidade?”.
E a resposta é: permuta. 67% dos entrevistados afirmaram já ter trabalhado por permuta ao invés de cachê, mas, segundo eles, o valor do produto ou serviço é um fator que impacta nessa decisão. Além disso, o Censo revela que aqueles que nunca fizeram permuta são mais exigentes, preferindo topar esse tipo de contrato se o produto for acima de 1 mil reais.
Apesar do avanço desse setor, 86% dos creators brasileiros não conta com nenhuma ajuda para gerenciar sua carreira. Apenas 7% fazem parte do casting de uma agência e 8% têm um assessor.
E mesmo com a imagem positiva e inspiradora que muitos transmitem no dia a dia nas redes sociais, sentimentos negativos, como “ansiedade”, “frustração”, “solidão” e “sobrecarga” estão presentes na rotina de quase 30% dos criadores de conteúdo entrevistados.
Além desses desafios emocionais, os criadores de conteúdo brasileiros destacam que manter o público engajado é o seu principal desafio (50%), seguido pela incerteza financeira (44%) e por manter a frequência de postagens (44%).
Para chegar nesses resultados, o Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil (CCCB) foi desenvolvido com base em uma pesquisa quantitativa, com a participação de mais de 4.500 creators, complementada por seis entrevistas em profundidade, realizadas em março de 2025.
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