Assinatura paga e selo verificado: quais os impactos para os creators?
Planos como Twitter Blue e Meta Verified podem ampliar visibilidade, mas a performance continuará dependendo do engajamento e da conexão com a audiência
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Bárbara Sacchitiello
20 de março de 2023 - 15h43
Há pouco mais de um mês, o Twitter o Instagram anunciaram a criação de planos de assinatura para os usuários que desejassem ter alguns recursos adicionais na utilização das plataformas, além da verificação de sua conta.
A rede social de Elon Musk foi a primeira a apresentar o Twitter Blue, modelo de assinatura que permite aos usuários da rede social o selo de conta verificada, além de maior alcance de seus posts e a possibilidade de não visualizar anúncios publicitários.
Algum tempo depois foi a vez da Meta anunciar o Meta Verified, serviço válido para Facebook e Instagram que oferece a verificação da conta além de outros recursos para os usuários. A modalidade ainda está em fase de testes em alguns mercados.
Esse movimento das plataformas digitais pode ser analisado sobre suas perspectivas: por um lado, ao oferecer recursos adicionais como a verificação de conta e maior alcance de postagens, Twitter e Meta visam se aproximar dos criadores de conteúdo, em um cenário em que diversas plataformas disputam a atenção desses creators.
Já sob outra perspectiva, oferecer aos usuários um modelo pago de conta representa, para as plataformas, uma alternativa de receita, uma vez que praticamente todas acabam tendo a publicidade como a origem de boa parte de seu faturamento.
Na visão de profissionais do mercado publicitário, será necessário acompanhar os efeitos que esses modelos pagos de assinatura trarão ao mercado de criadores de conteúdo.
“Vai ser um aprendizado para todo o mercado acompanhar essas mudanças e transformações que podem emplacar um bom desempenho, atingir as expectativas previstas e até ultrapassá-las, mas, em contrapartida, pode ser o caso de ser uma base para um novo estudo e para compreender melhor como atingir novas possibilidades de monetização dentro das redes”, analisa Jr César, CEO da Brasilera Digital, empresa que atua na área de marketing de influência.
Cesar admite que a geração de novas formas de monetização é um grande desafio para as redes sociais e plataformas, já que elas acabam conseguindo esse faturamento apenas por meio de comercialização de espaços publicitários. Apesar disso, apresentar ao publico um plano pago de acesso pode ter riscos.
“Quando as plataformas decidem criar planos de assinatura para os usuários, elas passam a onerar as pessoas que já estavam acostumadas a interagir ali, sem pagar por isso. Acredito que esse movimento seja bastante polêmico ainda, assim como foi com o serviços de streamings e VOD. No começo, houve uma grande recusa por parte do publico que, com o tempo, passou a aceitar, entender e pagar por eles”, compara César.
Quando apresentou seu plano de assinatura, o Twitter Blue, a rede social enfatizou que o maior destaque da modalidade seria o selo de verificação. Antes concedido apenas a contas governamentais, pessoas públicas, celebridades ou quem a administração da rede social considerasse ser um perfil relevante, o selo de verificação passou a ser acessível mediante pagamento de assinatura.
Esse é o único impacto que os novos planos de assinatura das plataformas podem trazer aos criadores de conteúdo, na visão de Murilo Oliveira, CEO da IWM, empresa também atuante na área de marketing de influência.
Oliveira pontua que, embora o selo azul transmita a sensação de alta relevância para aquela conta, no dia a dia nos negócios publicitários esse fator não acaba sendo prioritário. “De fato, o que move o mercado não são selos de autenticação, mas sim conteúdos relevantes e que engajem”, resume.
Já como modelo de negócio e de receita alternativa para as plataformas, o CEO da IWM acredita que os planos pagos podem se tornar, em médio prazo, um dos maiores faturamentos para redes sociais como Twitter e Meta. “O único impeditivo ainda é o valor mensal a ser pago. Contudo, com o amadurecer do negócio, as plataformas irão entender melhor o comportamento do público e se adequar ou criar linhas específicas de verificações”, acredita.
Um plano de assinatura que confere selo de verificação e algumas funcionalidades de uso não são, necessariamente, garantia de melhoria da performance para os criadores de conteúdo, na visão do CEO da Brasilera Digital.
Ele reforça que, embora os planos de assinatura de Meta e Twitter ofereçam benefícios em termos de exposição do conteúdo, o engajamento está mais atrelado ao consumo.
“Dessa forma, o comportamento dos usuários e do público da plataforma é que vai impactar na distribuição do conteúdo e, consequentemente, na visibilidade que ele vai alcançar”, define.
Já a respeito das oportunidades que os planos premium de assinaturas possam trazer para marcas, o CEO da IWM não enxerga muitas possibilidades no curto-prazo. “Talvez apenas a possibilidade em campanhas com micro-influenciadores, de trabalhar com um casting 100% verificado, seja interessante”, frisa, destacando que, além disso, nada muda no dia a dia das marcas com esses novos planos de assinaturas.
Já o CEO da Brasilera Digital aponta alguns recursos que os anunciantes podem aproveitar nesses novos planos. “A assinatura permite que as marcas tenham possibilidades de explorar novos formatos, tanto na forma de exposição quanto na quantidade de informação em cada post, com mais tempo de exibição para audiovisual e mais caracteres para textos”, exemplifica.
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