Spcine celebra dez anos de atividade
Empresa municipal de cinema e audiovisual de São Paulo, com foco no desenvolvimento do cinema, TV, games e novas mídias, comemora uma década
Empresa municipal de cinema e audiovisual de São Paulo, com foco no desenvolvimento do cinema, TV, games e novas mídias, comemora uma década
Sergio Damasceno Silva
28 de janeiro de 2025 - 6h03
A Spcine, nesta terça-feira, 28, completa dez anos de atividades.
No ano passado, soba a gestão de Lyara Oliveira, a agência celebrou iniciativas:
– Entrega de 12 novas salas gratuitas do Circuito Spcine em regiões descentralizadas da cidade, com mais de três mil assentos
– Reconhecimento com o Selo de Igualdade Racial, de promoção da equidade étnico-racial em suas políticas públicas e práticas institucionais
– Execução de 12 editais de fomento ao audiovisual paulistano, dos quais pela Lei Paulo Gustavo
– Aumento de 75% de público do 3º. Fórum Spcine em relação ao ano anterior
– Acordo firmado com a com a Montevideo Audiovisual para fortalecer o setor na América do Sul
– 100% de aumento no número de assinantes da Spcine Play, plataforma de streaming gratuita que oferece conteúdo para todo o Brasil
– Recorde de atendimentos na São Paulo Film Commission, com 1.137 produções rodadas na cidade de São Paulo e superação de 2019, o maior resultado desde então
A presidente da Spcine, Lyara Oliveira, assumiu em fevereiro do ano passado e concedeu a entrevista a seguir.
Lyara é criadora, produtora, professora e gestora de projetos. Trabalhou em produtoras independentes, na Globo e canal Futura). É professora no curso de cinema e audiovisual na ESPM e professora convidada na pós-graduação da Faap. E integra o grupo de pesquisa LabArteMidia CNPq – Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais na ECA-USP.
Meio & Mensagem – No balanço dos dez anos da Spcine, o que mudou para a indústria do cinema da cidade de São Paulo?
Lyara Oliveira – O que observamos acontecer em São Paulo foi um crescimento exponencial da indústria do audiovisual, mesmo durante a pandemia.
Assim, apesar de um período de estagnação no setor, continuou produzindo. Ao longo desses dez anos, vemos um crescimento significativo da indústria, mas, além disso, também houve profissionalização e ampliação do potencial das empresas, que se tornaram maiores e mais bem estruturadas, enxergando o audiovisual como um negócio essencial para sua existência.
Portanto, foi um setor que se desenvolveu, se profissionalizou e se estruturou.
A própria Spcine cresceu e se tornou mais ampla e complexa, para dar conta desse setor que pode ser considerado um ecossistema do audiovisual na cidade de São Paulo, abrangendo diferentes facetas desse mercado.
Não estamos falando apenas de produção, mas também do lado criativo, empreendedor e da conexão internacional.
Outro ponto importante é a distribuição e como ampliar a presença das obras produzidas aqui em São Paulo, garantindo sua circulação pelo mundo.
De fatos, vemos a cidade de São Paulo sendo mais escolhida para filmagens. Além do crescimento do setor criativo, há expansão na infraestrutura da produção audiovisual, com empresas mais fortes e um setor mais profissional e ampliado.
M&M – Quantas são, onde se localizam, como é feita a programação e qual é o objetivo das salas gratuitas do Circuito Spcine?
Lyara – O Circuito Spcine é uma iniciativa de democratização do acesso à cultura e ao cinema, especialmente em regiões periféricas da cidade de São Paulo. É composto por 32 unidades, distribuídas de maneira estratégica:
Assim, são 27 salas em CEUs (Centros Educacionais Unificados), localizadas em áreas periféricas com pouca oferta de equipamentos culturais, especialmente distantes das salas comerciais de cinema. A programação de cinema funciona às quartas, quintas e domingos gratuitamente, nos demais dias o espaço atende outras linguagens artísticas.
Ainda, há uma sala no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes, também com programação gratuita de terça a domingo.
E quatro salas em equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, situadas em regiões mais centrais, voltadas para um público com maior acesso à cinefilia e programação especializada. Nesses espaços, os ingressos têm preços populares, com ingressos a R$ 4 a inteira e R$ 2 a meia entrada, com programação de terça a domingo.
Nos CEUs, a programação se divide da seguinte forma:
– A primeira sessão é para o público infantil, com conteúdo dedicado às crianças.
– A segunda sessão tem caráter intermediário, voltada para o público familiar.
– A última sessão é destinada a grandes sucessos de bilheteira, com o objetivo de atrair um público mais amplo.
Nos Centros Culturais, a programação oferece conteúdos alternativos e artísticos. Essa estrutura permite atender a diferentes perfis de público, promovendo inclusão cultural e acesso ao cinema de qualidade para moradores de todas as regiões da cidade.
Portanto, vale destacar que o Circuito Spcine é um importante instrumento de descentralização da cultura e incentivo à formação de novos públicos.
M&M – Há cidades como o Rio de Janeiro que são cenários óbvios por conta da geografia. Outras, como Nova York e Barcelona, oferecem facilidades para gravações locais. E São Paulo, quais são os diferenciais para se filmar na cidade?
Lyara – Em São Paulo, podemos pensar em dois aspectos principais para a filmagem: o lado criativo e a infraestrutura. No aspecto criativo, a cidade oferece profissionais altamente capacitados e uma enorme variedade de cenários.
Assim, em São Paulo, é possível filmar desde uma pequena cidade do interior ou uma paisagem rural, até uma grande metrópole distópica ou futurista.
Ainda, no que se refere à infraestrutura, São Paulo dispõe de vasta gama de empresas de produção, pós-produção, locação de equipamentos, estúdios e serviços especializados para gravações.
Dessa forma, essa infraestrutura é algo único na cidade e não se encontra facilmente em outras localidades.
Portanto, em termos profissionais, São Paulo oferece subsídios técnicos para todas as etapas da cadeia produtiva do audiovisual. Desde o desenvolvimento de ideias até a pós-produção e distribuição de conteúdo, você encontra tudo o que precisa aqui.
De fato, São Paulo é uma cidade extremamente diversa e pode representar várias outras regiões do mundo. Combina o moderno e futurista das avenidas que cercam grandes centros comerciais, como a Faria Lima e a Chucri Zaidan, com cenários clássicos, como o Centro Histórico.
Este último, assim, foi usado como locação para a série Coisa Mais Linda, da Netflix. Embora a história se passe no Rio de Janeiro, parte das cenas foi gravada na região central de São Paulo. Além disso, a cidade oferece vasta gama de estúdios, produtoras, técnicos e infraestrutura logística capaz de receber produções de qualquer porte.
M&M – Nesse contexto, a São Paulo Film Commission oferece assistência para a realização de produções audiovisuais na capital paulista. Como está esse programa atualmente?
Lyara – A presença da São Paulo Film Commission é realmente um diferencial na cidade.
Dessa forma, a SPFilm presta apoio no processo de filmagens, facilitando a intermediação entre as locações públicas da cidade e as empresas que desejam filmar aqui. Esse serviço traz segurança jurídica e administrativa, tornando o processo de filmagem mais eficiente e seguro.
Ainda, a São Paulo Film Commission também auxilia produções a identificar locações que se adequem a necessidades específicas. Isso inclui vasta gama de cenários urbanos, arquitetônicos e naturais disponíveis na cidade.
Portanto, exemplo desse trabalho é o catálogo de locações municipais, uma plataforma que reúne cerca de 500 locais, com imagens e informações detalhadas sobre cada espaço, recentemente fornecidas pelas respectivas gestões. Além de filtros de valor e disponibilidade por espaço, as locações são geolocalizadas para facilitar o trabalho das produções audiovisuais (https://catalogo.filmesp.com).
De fato, outro ponto importante é a colaboração com a sociedade civil. A Film Commission trabalha em estreita parceria com a comunidade local para garantir colaboração harmoniosa entre as equipes de filmagem e os moradores. Estabelecendo procedimentos de filmagem específicos para cada região e espaço da cidade, o objetivo é minimizar impactos e promover relação positiva entre a indústria cinematográfica e a sociedade.
Também há incentivos.
Assim, em alguns casos, a São Paulo Film Commission oferece informações sobre incentivos fiscais ou apoio na busca de financiamento para produções que escolhem a cidade como locação, como por exemplo, o edital de Cash Rebate — uma ação pioneira no Brasil. O departamento também aplica descontos nas filmagens autorizadas, variando de 5% a 95%, dependendo do formato do projeto. Isso é mais uma forma de incentivar as produções que escolhem a capital paulista como cenário.
M&M – Recentemente, a Spcine fechou acordo com a Montevideo Audiovisual para fortalecer o setor na América do Sul. O que significa esse acordo?
Lyara – O acordo entre a Spcine e a Montevideo Audiovisual representa esforço conjunto para fortalecer o audiovisual na América do Sul, promovendo a troca de experiências, o desenvolvimento de projetos e a colaboração em diversas frentes. Atualmente, estamos trabalhando na construção de um cronograma de atividades que alinhe os interesses da Montevideo Audiovisual com as políticas de incentivo e fomento já estabelecidas pela Spcine.
Assim, da mesma forma, observaremos as políticas audiovisuais de Montevidéu para identificar boas práticas e oportunidades que possam ser adaptadas ou aprimoradas em nossas próprias políticas.
Além disso, estamos planejando mostras conjuntas ao público infantil, que ocorrerão durante as férias. A ideia é oferecer conteúdo que possibilite às crianças o contato com diferentes perspectivas sobre a infância em um país vizinho.
Portanto, é essencial que a administração pública esteja atenta às tendências internacionais, trocando experiências com cidades e instituições parceiras, e identificando desafios comuns para desenvolver soluções conjuntas. A parceria reflete o papel estratégico das cidades no fortalecimento cultural e no estímulo à diversidade, criando um ambiente de cooperação que valoriza a identidade latino-americana.
M&M – Como vocês divulgam a plataforma de streaming Spcine Play, que é gratuita? Por exemplo, há acordos com fabricantes de TV para embutir o app? Ou para figurar como canal Fast? E como é a curadoria de conteúdo do acervo do streaming?
Lyara – Criada em 2016, a Spcine Play é a primeira plataforma pública de streaming do Brasil. Com programação cuidadosamente selecionada e oferecida de forma gratuita, o público tem acesso a variedade de filmes e séries acessíveis de qualquer lugar do País, por meio do site, do aplicativo para dispositivos móveis e de smart TVs.
Ainda, o catálogo inclui raridades de grandes nomes do cinema brasileiro, destaques de produções contemporâneas e títulos com exibição nas principais mostras e festivais de cinema de São Paulo.
Além disso, a Spcine Play mantém conta no Instagram, onde semanalmente são compartilhadas dicas de programação e informações sobre novos conteúdos. Em breve, o catálogo terá ampliação com filmes selecionados pelo edital de chamamento de curadorias da Spcine Play.
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