Spotify eleva a barra do mercado de podcast
Aquisição das produtoras Gimlet Media e Anchor amplia oferta de conteúdo na plataforma: movimento pode impulsionar ainda mais o formato
Aquisição das produtoras Gimlet Media e Anchor amplia oferta de conteúdo na plataforma: movimento pode impulsionar ainda mais o formato
Luiz Gustavo Pacete
8 de fevereiro de 2019 - 6h00
Ir além da música. Esse é o objetivo do Spotify ao anunciar, nesta quarta-feira, 6, a aquisição das produtoras Gimlet Media e Anchor. Apesar de os valores não terem sido revelados, estima-se que somente a Gimlet tenha custado US$ 230 milhões. “Em pouco menos de dois anos, nos tornamos a segunda maior plataforma de podcast. Nossos usuários de podcast passam quase o dobro do tempo na plataforma e gastam ainda mais tempo ouvindo música”, disse Daniel Ek, CEO e fundador do Spotify.
O perfil da audiência de podcasts no Brasil
Após alguns meses de teste, o Spotify passou a distribuir podcast em outubro de 2017 contribuindo para dar maior alcance a essa mídia. A plataforma percebeu que um dos principais entraves para o crescimento do podcast era a praticidade. Em setembro do ano passado, a empresa lançou sua primeira campanha focada em podcasts. Com presença em canais digitais e Out of Home (OOH), as plataformas Nerdcast, Papo Torto e Mamilos foram os destaques da comunicação do serviço de streaming.
Matt Hartman, um dos primeiros investidores da Gimlet e Anchor, afirmou ao TechCrunch que a aquisição pelo Spotify inicia uma nova onda de crescimentos para a podosfera. Uma das especialidades da Gimlet, por exemplo, foi desenvolver podcasts personalizados para marcas. Suas produções foram licenciadas por empresas como ABC e Amazon, como é o caso de Homecoming, que virou série. A Gimlet já era uma das parcerias do Spotify na oferta de podcast. Projeções de Ek apontam que 20% da audiência do Spotify será de conteúdo não musical no futuro. “Nosso core business está se saindo muito bem. Mas, à medida que nos aprofundamos no áudio, principalmente em conteúdo original, criamos alavancagem por meio de assinaturas e anúncios “, destaca.
Luciano Pires, fundador do podcast Café Brasil, um dos mais ouvidos entre os podcasts brasileiros, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Podcaster (ABPOD), entende que esse movimento faz parte do amadurecimento do podcast como mídia. “Diversas empresas começaram a produzir programas, emissoras de rádio entraram no jogo e agora, com o Spotify, pode ser que mude a forma como os podcasts são ouvidos. A base de ouvinte do Spotify, que já tem o hábito, não terá de aprender nada novo, apenas clicara em ‘podcasts’ para sair ouvindo”, explica. Pires reforça que isso também atende a uma carência dos produtores de podcast. “O Spotify facilitará a vida dos produtores de conteúdo que só terão de se preocupar em produzir conteúdo e não mais na distribuição.”
A movimentação do Spotify acende um alerta para a Apple que agrega podcasts no iTunes. “Além de ter perdido muitos usuários do serviço de música, agora chegou a hora de a Apple dar adeus para os de podcast. Já para o mercado de podcast em si é algo excelente, pois é um player gigante disposto a divulgar mais o formato e produzir conteúdo original. O que reforça cada vez mais o valor dessa mídia”, diz Luiz Gonzaga, sócio da Agência de Podcast. “Agora só falta algumas marcas e agências, principalmente brasileiras, se atentarem a essa mídia engajada e com infinitas possibilidades criativas”, reforça.
Gustavo Mafra, autor do podcast Guga Mafra, chama a atenção para o que aconteceu com a produção em vídeo quando a Netflix passou a investir fortemente em produções próprias. “Não só houve um crescimento de investimentos em produções em geral – porque todos os outros players, inclusive emissoras de TV e estúdios de cinema sentiram que precisavam se reforçar – como também desencadeou uma série de fusões, aquisições e parcerias no mercado como um todo. A comparação não é perfeita: A indústria do cinema e da TV tem mais de 100 anos e um monte de grandes conglomerados, enquanto a de podcasts é praticamente um movimento independente. Mas o efeito, guardadas as devidas proporções, deve ir na mesma direção”, explica.
Os podcasts mais ouvidos do Brasil segundo pesquisa da ABAPOD:
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