“Tenho orgulho de ter introduzido campanhas sociais em novelas”
Autora da nova trama das 21h, Gloria Perez conta sobre a abordagem do universo transgênero na história; diretor também opina sobre a aceitação do produto televisivo
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BuscarAutora da nova trama das 21h, Gloria Perez conta sobre a abordagem do universo transgênero na história; diretor também opina sobre a aceitação do produto televisivo
Bárbara Sacchitiello
31 de março de 2017 - 15h37
Ganhadora de um Emmy International em 2009 pela trama Caminho das Índias, Glória Perez terá, mais uma vez, o desafio de conduzir aquele é considerado o principal produto comercial diário da TV brasileira. Em A Força do Querer, trama que estreia na próxima segunda-feira, 3, substituindo A Lei do Amor, a autora, junto com o diretor Rogério Gomes (conhecido como Papinha), terá a missão de cativar o público com uma história que tem como alicerce os impulsos do ser humano em perseguir aquilo que deseja.
Em seu sétimo trabalho no horário nobre, Glória, mais uma vez, irá propor ao público uma discussão acerca de um assunto que, em sua visão, precisa ser debatido pela sociedade. “Essa junção da realidade com a ficção é uma característica do meu trabalho. Observo muito ao meu redor, ao que está acontecendo no mundo e estou sempre atenta a temas pouco explorados e interessantes”, conta. Desta vez, o tema escolhido foi o universo transgênero, que será explorado através da ótica de uma personagem, que não se identifica como mulher.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Glória Perez falou sobre a maneira como irá abordar o assunto e como as mudanças tecnológicas influenciam na maneira como o espectador brasileiro consome novelas. Veja:
Meio & Mensagem: Mesmo com toda a sua experiência, como você vê o desafio de escrever o produto principal do horário nobre da TV brasileira?
Glória Perez: O grande barato da novela é ser uma obra viva independentemente do horário que é exibida. A novela é uma construção diária. Enquanto você escreve, o público reage do outro lado. É uma troca maravilhosa. Sou uma contadora de histórias. Então o que vale pra mim é levar para o público muita emoção e a possibilidade de uma proposta de reflexão.
M&M: A relação do público com as novelas atuais é diferente do que era há anos ou décadas atrás?
Glória: Acredito que a relação continua a mesma e o envolvimento também. O que mudou realmente foi a forma de assistir a novela. No passado, se você perdesse o último capítulo e a reprise, já era, acabou. Não tinha mais jeito de ver novamente. Agora é possível assistir pelo GloboPlay, por exemplo, e saber o que aconteceu no capítulo pela internet e através das redes sociais. Além da interatividade que temos nas redes sociais e das pessoas comentando as cenas em tempo real, o que é bem legal também.
Meio & Mensagem: Os seriados internacionais e a linguagem da internet influenciam, de alguma forma, o seu trabalho como escritora?
Glória: Sou muito atenta ao ritmo da dinâmica da dramaturgia. E sempre tive um olhar voltado para as mudanças tecnológicas porque elas trazem consigo possibilidades de dramas que gerações anteriores não conheceram. Estou sempre atenta a tudo. Sou relativamente ativa nas redes sociais e em todos os meus trabalhos existe essa visão de que o mundo é maior que o nosso próprio umbigo. A internet é um campo maravilhoso de pesquisa, mas é necessário critério também para avaliar o que de fato é relevante. Agora em A Força do Querer, vamos falar de vontades, de quereres numa época que o advento na internet, a expansão das mídias sociais, colocando um “microfone” na mão de cada pessoa, exacerbou de uma forma muito grande essa vontade de impor o seu querer relação ao outro.
Meio & Mensagem: Por que razão escolheu o ‘querer’ como tema de sua nova novela?
Glória: Costumo sempre dizer que os temas me escolhem, não vou atrás deles. No dia a dia, de repente, surge uma determinada situação que direciona o seu olhar para um assunto. E esses assuntos todos estão acontecendo à nossa volta. A história da Bibi Perigosa (personagem que, na trama, será interpretada pela atriz Juliana Paes) me impressionou demais. Inspirada na trajetória dela, vamos falar até onde uma mulher vai pela intensidade da paixão. E, percebendo que muito se fala de mulheres que amam demais, quis mostrar que homens também ultrapassam seus próprios limites e são desafiados por uma paixão. Quero falar dessas muitas nuances do amor e da maneira como as pessoas se relacionam amorosamente. A compulsão por jogo é outro assunto que me despertou interesse e que vou abordar na novela através da Silvana, personagem da Lilia Cabral.
Meio & Mensagem: Você sempre foi reconhecida pelo merchandising social inserido nas tramas. Como seleciona os temas que aborda em suas novelas?
Glória: Observo muito ao meu redor, ao que está acontecendo no mundo e estou sempre atenta a temas pouco explorados e interessantes. Essa junção da realidade com a ficção é uma característica do meu trabalho. Tenho muito orgulho de ter introduzido isso nas novelas e fiz através de várias campanhas sociais que tiveram alcance nacional e até internacional. Desde que comecei a escrever novelas e percebi o grande alcance que as histórias conseguem atingir além, é claro, de entreter. Mas acho que trazer para discussão temas de interesse social é sempre válido.
Meio & Mensagem: Em A Força do Querer, quais os temas sociais que você irá desenvolver e como espera transmiti-los à sociedade?
Glória: Vamos focar na questão dos transgêneros desta vez como tema social. É muito importante falar e mostrar o que acontece com essas pessoas. Em A Força do Querer vamos abordar a jornada de Ivana (vivida pela atriz Carol Duarte) para compreender sua identidade de gênero. O processo todo desde o início e do momento quando ela se olha no espelho e não se reconhece até passar por todas as descobertas.
Meio & Mensagem: Qual sua expectativa em relação à aceitação de A Força do Querer pelo Público?
Glória: É a melhor possível. O meu termômetro é sempre as pessoas nas ruas. Mais do que na internet. Se comentam, falam sobre os personagens, se me dão “dicas ou broncas” (risos) pelas ruas, está tudo certo. É sinal de que as pessoas estão acompanhando.
Para diretor, é preciso “acreditar no gênero novela”
Responsável pela condução dos trabalhos da trama, Rogério Gomes, o Papinha, não sente um peso maior pelo fato de dirigir o produto da faixa nobre da casa. “Novela das nove é um produto que tem um público maior, mas minha forma de trabalho é a mesma para qualquer horário. Faço todas, com a mesma importância, procurando fazer o melhor”, conta.
Sobre a mudança do consumo de conteúdo por parte do público, Papinha acredita que a associação cultural das novelas com o público brasileiro garantem a boa aceitação do produto. “Novela é um gênero. E eu insisto e acredito nesse gênero. Ele é cultural no Brasil. Não acho que temos que mudar a forma de fazer novela. Temos tecnologia que nos permite fazer com uma qualidade melhor. Se pegarmos uma novela de Janete Clair e a exibíssemos hoje em dia, acho que continuar fazendo sucesso, simplesmente por ter uma boa história”, acredita.
Com cenas em Belém e em outras regiões da Amazônia – e com boa parte da história no Rio de Janeiro – a novela também terá atenção especial em relação aos aspectos estéticos. “Como trabalhamos em uma novela na qual optamos pelo realismo, temos esse conceito de fotografia. Hoje em dia temos tecnologia melhores, colorização e recursos que farão a diferença. As cenas do Pará são lindas por sí só, pela beleza dos locais. E, no Rio, procuramos retratar do jeito que é, verdadeiramente”, conta.
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