Threads: curiosidade do público e oportunidades às marcas
Profissionais de agências veem na conexão com o Instagram uma vantagem para a nova rede social, mas ainda é preciso observação para captar o estilo da plataforma
Threads: curiosidade do público e oportunidades às marcas
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BuscarProfissionais de agências veem na conexão com o Instagram uma vantagem para a nova rede social, mas ainda é preciso observação para captar o estilo da plataforma
Bárbara Sacchitiello
7 de julho de 2023 - 6h39
“Uau, 30 milhões de seguidores até esta manhã. Parece o começo de algo especial, mas ainda temos muito trabalho pela frente para construir nosso aplicativo”.
Foi dessa forma que Mark Zuckerberg, CEO da Meta, celebrou nessa quinta-feira, 6, o sucesso do lançamento do Threads, a nova plataforma do grupo que se propõe a oferecer recursos semelhantes aos do Twitter.
A nova rede social, de fato, movimentou a internet e a mídia tradicional nesta semana. Em um momento em que parte dos usuários está descontente com o caminho que o Twitter vem tomando após a aquisição por Elon Musk, a Meta apresentou uma alternativa.
E essa nova possibilidade já nasce fortalecida pela conexão com outra de sua rede social mais forte: o Instagram.
Dessa forma, quem teve curiosidade em abrir um perfil no Threads e já é usuário do Instagram praticamente nem teve trabalho. É necessário, apenas, baixar o app e aproveitar o mesmo login da outra plataforma.
Por esse mesmo mecanismo, também é possível seguir os mesmos perfis do Instagram e usar até mesmo a bio e foto da plataforma irmã.
Essa conexão com o Instagram é vista por profissionais de agências como a grande chave para essa popularização inicial do Threads.
“Mesmo que seja um novo aplicativo a ser baixado, os veteranos do Instagram parecem estar mais encorajados e suscetíveis a entrar numa nova plataforma totalmente vinculada a outra já existente, já que parte do trabalho está feito”, comenta Mayara Sauer, diretora de conteúdo da Artplan São Paulo.
A oportunidade de atrair, logo de cara, o público do Instagram também é citada por Gabriel Bernardi, vice-presidente de growth e sócio da aceleradora Greenz.
“Acredito que o primeiro ponto é observar a adesão destes bilhões de usuários do Instagram ao Threads e como eles vão se comportar usando uma nova ferramenta”, pontua.
Essa conexão direta com a rede social mais importante da Meta, em termos de negócios, já provocou o mercado publicitário a fazer alguns experimentos no Threads.
Nessas mais de 24 horas de existência, a nova plataforma já conta com perfis de diversos anunciantes e empresas e já foi palco de ações comerciais.
Embora não existam, ainda, formatos comerciais específicos nas novas redes, as marcas já começam a testar as já conhecidas “publis”.
A primeira delas, apresentada nos minutos iniciais do lançamento do Threads, foi realizada para a marca de produtos de limpeza Cif, da Unilever e teve participação de influenciadores como Pequena Lo, Thelma Assis e Babu Santana.
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Essa ação, chamada #CIFnoThreads, foi idealizada pela equipe de insights e inovação da Mynd. Fátima Pissarra, CEO da agência de marketing de influência, conta que a empresa observou a oportunidade de o Threads estar, inicialmente, aberto para uso a alguns influenciadores.
“Não tivemos muito tempo para colocar tudo no ar. Foi bem real time, mesmo. Em menos de 24 horas, conseguimos colocar no ar toda a ação com os influenciadores”, conta Fátima.
Enquanto Cif já ocupou a nova rede social com uma ação inédita com influenciadores, outras marcas já chegaram ao Threads para tentar entender o tom da nova plataforma.
Gabriel Borges, cofundador e sócio da Ampfy, conta que alguns clientes da agência estrearam perfil no Threads, como Azeites Andorinha, Risqué, Outback, Betano, Piracanjuba e Veloe.
Segundo ele, por enquanto, a estratégia da agência para essas marcas é conversar com quem está chegando e entender como a rede vai ganhando forma.
Para Borges, há um espaço para conversas instantâneas com o público que o Threads pode ser capaz de ocupar. “Uma das grandes vantagens de as marcas estarem em uma plataforma de micro-blogging é a proximidade para conversar com o público. Esse espaço, nenhuma outra rede tomou do Twitter”, alerta.
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Ao mesmo tempo em que a quantidade de novos usuários batia dezenas de milhões em poucas horas, já surgiam especulações sobre o futuro do Threads.
Será que vai pegar ou será um novo Clubhouse”, questionaram algumas pessoas na internet. A comparação relembrou o súbito sucesso da rede de conversas por voz, em 2021 e que, apesar da empolgação inicial, caiu no esquecimento meses depois.
De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, é cedo para tentar prever a adesão e o sucesso do Threads.
Há elementos favoráveis, como a já citada conexão ao Instagram e uma navegação aparentemente simples. Contudo, será necessário encontrar o estilo próprio do Threads, tal qual Twitter, Instagram e outras redes criaram os seus.
“Nós brasileiros somos únicos nas redes sociais e Threads já mostrou ter grande impacto em nosso jeito”, aponta Deborah Xavier, head of social and creators da Media.Monks Brasil.
Segundo ela, nesse jeito de usar as plataformas digitais, há uma contradição. “Por mais que a gente ame reclamar de todas as redes, também somos muito abertos, criativos e curiosos. O desafio será entender o feedback das pessoas e adequar o produto com agilidade”, coloca Deborah.
Para ela, o modelo de monetização que o Threads adotar também deve ser crucial para o sucesso – ou não – da nova rede social.
Bernardi, da Greenz, relata que nessas primeiras horas, o comportamento dos novos usuários tem sido típico de quem está curioso para entender o que se passa por ali, com pessoas cumprimentando as outras e procurando quem já tem perfil.
“O esforço de tração do Meta é trazer as pessoas do Instagram para o Threads. O perfil do Instagram é diferente do Twitter, as pessoas têm um comportamento mais pacífico e a tendência é que elas, provavelmente, mantenham este comportamento no Threads. Mas isso vai ser observado nos primeiros dias e meses de uso”, acredita.
Já para Mayara, da Artplan, percebe que os novos usuários estão em um misto de entusiasmo, por conta da natural novidade da rede social, e pressão, por se tratar de mais uma plataforma para postar, interagir e acompanhar os conteúdos.
“Manter esse entusiasmo de forma saudável será o grande desafio da Meta. O momento é de monitorar e observar os dados por trás do comportamento dos novos usuários, e explorar a plataforma para entender melhor as possibilidades e qual o seu diferencia”, completa.
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