Tradição e atuação digital: a imagem do SBT aos 40 anos
Para o mercado publicitário, emissora herdou o tom popular e próximo de seu fundador e terá a missão de investir em conexões com os novos públicos
Tradição e atuação digital: a imagem do SBT aos 40 anos
BuscarTradição e atuação digital: a imagem do SBT aos 40 anos
BuscarPara o mercado publicitário, emissora herdou o tom popular e próximo de seu fundador e terá a missão de investir em conexões com os novos públicos
Bárbara Sacchitiello
19 de agosto de 2021 - 6h00
Nesta quinta-feira, 19, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) completa 40 anos de sua primeira transmissão oficial, ampliando o sonho de seu fundador, Silvio Santos (que em 1981 na já era dono da TVS) para o âmbito nacional. Na ocasião, em 1981, o comunicador discursava no auditório do Ministério das Comunicações, em Brasília, ao receber as concessões de quatro canais televisivos (TV Tupi, TV Marajoara, TV Piratini e TV Continental).
Silvio Santos retornou às gravações de seu programa após o afastamento durante a pandemia; no último fim de semana, apresentador chegou a ser hospitalizado, por precaução, após ter sido diagnosticado com Covid-19, mas teve alta no início desta semana (Crédito: Lourival Ribeiro/SBT)
Silvio já era figura conhecida da audiência de TV da época. Com seu Programa Silvio Santos, havia ocupado a faixa dominical e TV Paulista e da Globo e, posteriormente, da TVS. A história que passaria a ser construída nos estúdios do SBT a partir daquele momento, no entanto, era diferente do que já havia sido construído na mídia brasileira.
Quarenta anos depois, ainda que acompanhando o avanço da produção e consumo de conteúdo, a trajetória do SBT segue amalgamada à de seu criador, que, aos 90 anos de idade, segue presente na emissora tanto na frente das câmeras, em seu programa semanal (que voltou a gravar recentemente) como voz decisiva em relação à programação. Esse jeito do ‘dono’ acabou construindo a imagem do SBT perante a audiência e, também, perante o mercado publicitário, que vê a emissora como um veículo capaz de criar uma conexão forte para as massas e com um discurso que abranja, como a própria emissora gosta de frisar em sua comunicação, toda a família.
Silvio assina a concessão do SBT em cerimônia no Ministério das Comunicações, no dia 19 de agosto de 1981 (Crédito: Divulgação/SBT)
Entre profissionais de agências de publicidade, nenhum atributo foi tão citado como característica principal do SBT quanto a capacidade de espelhar a essência de seu fundador. “O SBT é a personificação do brasileiro que batalha e chega lá, muito identificado com a história do próprio Silvio Santos”, define Hugo Rodrigues, executive chairman da WMcCann. Além de acompanhar a trajetória da emissora como espectador, Hugo ganhou, há mais de dez anos, a missão de trabalhar a marca SBT por meio de sua agência, detentora da conta de publicidade da emissora. Ter visibilidade e alcance como a emissora tem, em sua visão, não diminui a intenção de buscar sempre inovação para as campanhas da marca. “Aproveitamos essas qualidades para amplificar nossa criatividade em renovar a imagem do canal e mostrar que eles têm buscado a inovação todos os dias para o telespectador e o mercado publicitário”, defende.
O peso do fundador da emissora para a imagem que o SBT construiu – e com a qual chega aos 40 anos – é reforçado por outros profissionais do mercado publicitário. Glaucia Montanha, head de digital business e mídia da Artplan e diretora-geral da Convert, acredita que Silvio Santos conseguiu desenhar e produzir um conteúdo de forma tão característica que só poderia ser apresentado por ele. “O SBT sempre foi uma emissora com a cara do dono, mas não no sentido de limitações e sim de virtudes. Ao longo dos anos, isso desenvolveu uma proximidade com a audiência que, muitas vezes, não era possível identificar o porquê assistíamos: se era pelo conteúdo ou por ter o Silvio apresentado os programas”, define.
Programação calcada na popularidade de grandes comunicadores, como Hebe Camargo, além de Gugu Liberato, Eliana e Ratinho foi característica contínua da emissora ao longo desses 40 anos (Crédito: Divulgação/SBT)
Marcia Esteves, CEO da Lew’Lara\TBWA, corrobora a opinião sobre a força do carisma de Silvio para a trajetória do canal. “Além de um dos maiores gênios da comunicação, sempre trouxe inovações e proximidade na forma de se relacionar com o público. Isso se reflete em toda a estrutura do SBT”, acredita. Essa característica acabou tornado a emissora, além de parte da cultura popular, um importante player do mercado por “permitir que as marcas se conectem com os brasileiros de forma genuína e até afetiva, em diferentes meios e formatos”, completa.
Mesmo em um cenário de comunicação com intensas e constantes transformações – e com a própria emissora fazendo esforços para acompanhá-las – essas características não se perderam. “O SBT herdou de certa maneira o carisma e a irreverência de Silvio Santos o que, naturalmente, ajuda a estabelecer uma relação mais próxima e pessoal com a audiência. Essa percepção se transfere em algum grau para os anunciantes. Por priorizar atrações livres para toda a família, também se torna uma opção para as marcas que desejam se relacionar com diversas faixas etárias”, explica Vanessa Giannotti, head of media da Ogilvy Brasil.
Desafios e atuação multiplataforma
Apesar de ainda enxergarem o SBT com as características que formarem a imagem da emissora ao longo desses anos, os profissionais de agências também percebem a intenção da rede de TV em evoluir para acompanhar as demandas dos novos consumidores. Na opinião de Helô Goldman, diretora de mídia da Leo Burnett Tailor Made, é clara a percepção de que a equipe do canal está sempre buscando inovações para se reinventar, o que faz com que a emissora seja um parceiro estratégico de importância para o mercado publicitário, contribuindo para o alcance de uma audiência de massa. “Mantendo os pés no chão, a emissora trilhou seu caminho trazendo novidades, sem que, para isso, tivesse que alterar a cara do canal. O esporte veio com tudo, conquistando mais uma fatia de público. A imagem que remete, hoje, é de transformação”, exalta a diretora.
Investimentos em transmissões esportivas, como Libertadores da América e Champions League marcaram os movimentos mais recentes da emissora (Crédito: Divulgação/SBT)
A capilaridade do canal, que leva conteúdo aberto a diversas localidades do Brasil e os avanços da emissora no ambiente digital são lembrados por Luciana Prado, diretora geral de mídia da Africa. “Atualmente vemos cada vez menos personagens como aqueles que moldaram as gerações anteriores e talvez esse seja o maior desafio. O SBT detém um dos maiores canais do YouTube no Brasil e poucas pessoas sabem disso. Existem valores pouco explorados e divulgados, mas a emissora completa 40 anos trilhando os passos para um caminho ainda mais longevo”, acredita.
Para os próximos anos, o SBT tem como grande desafio criar uma diferenciação e uma programação linear que gere engajamento e segure o espectador, na opinião de Herbert Gomes, diretor geral de mídia da Talent Marcel, que destaca que há uma evolução contínua da TV aberta e que o SBT está indo por esse caminho. “Um grande e importante movimento para isso é hoje dois grandes produtos que entraram na grade. Libertadores e, agora, a Champions League. Alé disso, o SBT tem um dos principais canais dentro do YouTube cujos conteúdos são um dos mais vistos e agregadores de cobertura da população”, pontua o profissional.
Os direitos de transmissão citados representam um dos mais importantes movimentos recentes do SBT. Desde o ano passado, a emissora investiu para trazer importantes campeonatos de futebol à grade, reativando um pilar eu que estava parado há anos. Beatriz Louzão, diretora de mídia da VMLY&R, também cita os torneios. “A competitividade fez com que os principais players da TV aberta se renovassem, flexibilizando formatos e trazendo novidades para a grade, como é o caso da Libertadores, Champions, além da ampliação dos canais de atuação, como o YouTube”, pontua.
Para enfrentar os desafio que o cenário da mídia já apresenta – e que deve continuar apresentando nos próprios anos – Luana Gallizzi, diretora de grupo de mídia da AlmapBBDO, acredita que o SBT deve aproveitar seu espírito de “test and learning” para experimentar novas tecnologias que visam entender o comportamento da audiência e consumo da grade, gerando dados que possam ser expandidos e utilizados como inteligências de segunda tela e ações voltadas à conversão, por exemplo. “Outro ponto é como expandir a distribuição do conteúdo, pensando no rejuvenescimento da audiência e na diversidade das pessoas, que não estão mais hoje conectadas em um só meio, e que possuem uma jornada de consumo de conteúdo múltipla. Ganha relevância quem alcançá-las no momento certo de interesse, independente da plataforma”, completa.
Compartilhe
Veja também
“Além de Vale Tudo, não temos outras propostas de remake”, diz Amauri Soares
Diretor geral da TV Globo fala sobre os desafios pela atenção do público ao longo dos 60 anos e afirma que métricas de audiência não contemplam o alcance do conteúdo
O impacto do WhatsApp na jornada de compra, segundo a Meta
Estudo realizado a pedido da empresa indica que 89% usam a plataforma para se comunicar com comércios ou prestadoras de serviços e traça oportunidades para as marcas