Com recordes, transmissão digital da Copa mostra força do engajamento
Executivos do YouTube e da Twitch comentam diferenciais da transmissão digital da Copa do Mundo Fifa Qatar 2022
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Thaís Monteiro
6 de dezembro de 2022 - 8h12
A transmissão de campeonatos esportivos no digital tem se tornado uma realidade nos últimos anos, sobretudo com a ascenção de streamers que fazem reações ou comentam os jogos, partidas ou corridas. A Copa do Mundo deste ano trás não só uma consolidação dessa trajetória, mas também mostra a aderência que esse tipo de conteúdo tem no digital, não mais seguindo apenas os padrões de transmissão consolidados pela televisão.
A Copa do Mundo Fifa Qatar 2022 se tornou o torneio com a maior abrangência em termos de cobertura e transmissão online. Pela primeira vez, a competição deixou se ser transmitida com exclusividade pela Globo e ganhou as telas do Fifa Plus, serviço de streaming da Fifa, YouTube e Twitch através do canal do jornalista esportivo Casimiro Miguel. A Globo tinha os direitos exclusivos do digital, mas perdeu depois de um pedido de redução de valores e atraso no pagamento durante a pandemia da Covid-19.
Essa distribuição dos direitos gerou resultados inesperados. Transmitindo 22 jogos, incluindo a abertura, a final e jogos da seleção brasileira, a CazéTV, canal de Casimiro criado para a transmissão da Copa, supera recorde atrás de recorde a cada jogo da Seleção Brasileira.
No jogo entre Brasil e Coréia do Sul, nas oitavas de final, a transmissão no YouTube registrou 5,2 milhões de espectadores em tempo real, a maior transmissão ao vivo da história da plataforma. Na Twitch, havia 330 mil usuários simultâneos. Hoje, Casimiro ocupa três posições nesse ranking com a transmissão do jogo contra a Sérvia (3,4 milhões) e contra a Suíça (4,2 milhões).
Casimiro reage: futebol e conteúdo
Se a transmissão digital estivesse avançada a esse nível na Copa do Mundo de 2018, a probabilidade da mesma atingir esses números não é a mesma. Segundo Anadege Freitas, diretora de Conteúdo e parcerias da Twitch, nesses quatro anos houve uma evolução em termos de crescimento e relevância das comunidades online que acompanham os jogos com seus criadores favoritos.
Parte desse crescimento tem relação com a pandemia. “Os espectadores sentiram falta de interagir com os amigos e a Twitch deu a eles um lar onde podiam assistir jogos juntos e se conectar diretamente com suas personalidades favoritas e com uns aos outros”, explica. O Brasil foi o País com mais horas de conteúdo esportivo assistidos em 2021 e as plataformas de streaming com apelo social transformaram a modalidade. “Assistir às partidas não basta, o público quer compartilhar sua opinião, interagir com criadores e fazer amizades com interesses em comum”, complementa.
A presença de uma comunidade com quem assistir ao jogo, mesmo a distância só se torna atrativa com recursos que permitem ao usuário interagir com o conteúdo, tornando a transmissão esportiva menos passiva do que o tradicionalmente visto nas telas da TV. “O modelo digital que apresentamos possibilita a aplicação de funcionalidades que ampliam as oportunidades de engajamento e complementam a experiência do público, como o chat ao vivo nas lives e informações em tempo real na busca do Google”, propõe Victor Machado, gerente de Parcerias para esportes do YouTube Brasil.
O digital também promove maior visibilidade para modalidades ou competições esportivas menos conhecidas que não têm uma cobertura em outros meios. “Isso é importante para quem acompanha esses esportes e também para os organizadores, que passam a ter mais visibilidade e possibilidades de negócios”, diz o executivo. Um exemplo é o Campeonato Brasileiro de Rugby, transmitido no YouTube.
Para Machado, o digital já está inserido no plano de distribuição de conteúdo ao vivo das grandes propriedades esportivas do mundo, mas na sua opinião a relação é de complementariedade. No entanto, há espaço para que o formato continue a ganhar escala. “O principal desafio dos esportes tradicionais é ouvir as novas gerações e acompanhar o rápido desenvolvimento de conteúdo que elas propõem. Para as marcas, entender o funcionamento das comunidades e seus criadores em contraponto a influência tradicional também pode ajudar a fomentar práticas inovadoras e engajadas”, divide Anadege.
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