TV 3.O: o que muda com a nova regulação do governo?
Decreto propõe diretrizes para evolução da tecnologia do sistema de televisão digital e mudanças na entrega de conteúdo
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Valeria Contado
4 de maio de 2023 - 6h03
*Atualizada em 05 de maio, às 11:30h.
No mês passado, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou decreto com diretrizes que marcam a evolução do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) para a TV 3.0. A determinação propõe que seja criado um grupo de trabalho que será responsável pelos estudos, com o objetivo de apoiar a implementação e uso de tecnologia pelas emissoras.
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Por isso, o decreto diz que: o novo sistema deve garantir qualidade audiovisual superior à da primeira geração do SBTVD-T; a recepção deve ser fixa, com antena externa e interna, e móvel; deve haver integração entre conteúdo transmitido pelo serviço de radiodifusão e pela internet; tem que ter interface de usuário baseada em aplicativos; deve haver segmentação de conteúdo de acordo com a localização geográfica dos telespectadores; a personalização de conteúdo deve estar de acordo com as preferências dos telespectadores; deve ser feito uso otimizado do espectro de radiofrequências destinado ao serviço de radiodifusão de sons e imagens e aos serviços ancilares; e devem ser oferecidas novas formas de acessar conteúdos culturais, educativos, artísticos e informativos.
Segundo o secretário de radiodifusão do Ministério das Comunicações (MCom), Wilson Wellisch, a TV 3.0 será mais dinâmica. “A TV será muito mais dinâmica e conectada à internet, fazendo, por exemplo, com que aquele modelo de canais de TV aberta em que aparece número por número seja substituído por uma navegação por aplicativos, com muito mais possibilidades de exibição de conteúdos”, explicou, em comunicado realizado pelo governo sobre o projeto.
O coordenador do módulo técnico do Fórum SBTVD, Luiz Fausto, explica que mesmo antes do decreto, já havia um estudo para entender quais seriam os passos para essa mudança no sistema de TV. “Na primeira fase do projeto (2020) foi lançada uma chamada internacional de propostas para que qualquer organização interessada pudesse propor tecnologias candidatas aos diferentes componentes do sistema de acordo com os requisitos estabelecidos”. Nessa etapa, o executivo explica que 36 respostas de 21 organizações diferentes ao redor do mundo foram recebidas. Essas resultaram em 30 tecnologias candidatas a serem avaliadas.
Já na segunda fase, em 2021, foram realizados testes e avaliações das tecnologias candidatas, com financiamento do Ministério das Comunicações através do CNPq. Essa etapa teve a participação de 70 pesquisadores de 7 universidades brasileiras. Foram selecionadas tecnologias para alguns componentes do sistema (áudio, vídeo e legendas). Algumas tecnologias de base foram indicadas para o desenvolvimento adicional de outros componentes do sistema (camada de transporte e codificação de aplicações). “Além da avaliação subjetiva da qualidade de codificação de vídeo em tempo real, para determinar a taxa de bits necessária para que a camada física possa comportar a transmissão na qualidade desejada com as tecnologias de vídeo selecionadas”, explica o coordenador.
Por fim, a terceira fase, que deve durar de 2022 a 2024, especificações técnicas das tecnologias já selecionadas (áudio, vídeo e legendas) e atividades de pesquisa e desenvolvimento necessários (camada de transporte e codificação de aplicações).
Assim como o processo de digitalização da TV no País, a TV 3.0 deve gerar mudanças significativas na forma como os brasileiros vão consumir os produtos televisivos. Como esse processo se trata da melhoria tecnológica do sistema de televisão brasileiro, é provável que seja necessária a mudança nos equipamentos receptivos.
Segundo o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), essa mudança deve impactar primordialmente a experiência do espectador, mas será necessário um suporte operacional.
O processo da experiência e personalização das formas de entrega devem fazer parte das entregas para os espectadores. Exemplos disso são as diretrizes do MCom em ter mais segmentação geográfica, o que faz com que o conteúdo seja distribuído de forma regional. Além disso, as novas formas de navegação pelo conteúdo também podem causar mudanças estruturais nos televisores.
Já para as emissoras, cria-se uma oportunidade de oferecer um conteúdo com mais relevância para a audiência e de desenvolver um novo modelo de negócios, como explica Fausto. “Abre-se a possibilidade de oferecer conteúdos de maior qualidade e relevância para os usuários, ao mesmo tempo em que favorece a sustentabilidade econômica do serviço de televisão aberta e gratuita ao oferecer novas janelas de comercialização. A TV 3.0 também viabiliza novos modelos de negócio relacionados à oferta complementar de conteúdos pela internet”.
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