Os impactos do fim da exclusividade na Twitch
Especialistas do mercado de games avaliam a decisão da plataforma em retirar a exclusividade das transmissões ao vivo dos seus streamers
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Amanda Schnaider
17 de outubro de 2022 - 6h00
A Twitch não permitia que seus streamers fizessem transmissões ao vivo em outras plataformas, como Facebook Gaming e YouTube. Entretanto, em agosto deste ano, isso mudou. Como forma de oferecer aos streamers mais flexibilidade para explorar recursos diferentes e fora da plataforma, a Twitch retirou essa exclusividade, embora ainda acredite que “usar a Twitch é mais recomendável para criar e interagir com a audiência”.
A plataforma desenvolveu o seu Programa de Parceiros, porque entendia que era importante que os streamers se concentrassem exclusivamente na Twitch. Mas, com o tempo, reconheceu que muitos de seus streamers interagem com suas comunidades em outras plataformas e, por isso, atualizou a sua política. “Não vamos mais impor esta parte do contrato, que iremos atualizar no início do próximo ano”, completou, em comunicado oficial.
De acordo com a plataforma, a mudança se aplica à maioria dos seus parceiros em todo o mundo. “Os criadores podem verificar o Contrato de Parceiro no painel da Twitch e, se não receberem nenhum aviso de nossos contratos adicionais, isso se aplica a eles. Se os criadores não conseguirem visualizar o contrato ou quiserem ter certeza de que as alterações se aplicam, eles podem entrar em contato com Partner Help para obter assistência, segundo a empresa.
O fim de exclusividade das transmissões ao vivo era algo muito pedido pelos streamers da plataforma, devido à insatisfação de alguns deles com os seus contratos. Inclusive, desde abril deste ano, haviam rumores de que a Twitch alteraria o seu Contrato de Parceiro, o que, de fato, aconteceu.
Além do fim da exclusividade, agora, quando streamer ultrapassar a arrecadação de US$ 100 mil com subs, 50% desse valor irá para o profissional e 50% para a plataforma, até então essa divisão era de 70%, 30%, como ainda continuará para streamers com menos de US$ 100 mil obtidos com inscrições no canal.
Segundo Bernardo Mendes, sócio e chief gaming officer (CGO) da Druid Creative Gaming, há uma macrotendência no mercado de transmissão ao vivo de migração de contratos exclusivos para contratos semi-exclusivos. “Isso é bom, pois reduz o custo da plataforma ao mesmo tempo que permite que o influenciador explore novos formatos de monetização”, analisa.
Sob o ponto de vista dos criadores de conteúdo, a principal vantagem de se abrir mão da exclusividade, na visão do sócio da 3C Gaming e general manager do Fluxo, Matt Pereira, é a possibilidade de criação de conteúdo diversificado, com variedade de formatos e para diferentes audiências. “Dessa forma, o criador consegue identificar qual o tipo de conteúdo e comportamento que ele tem em diferentes espaços”, afirma.
Apesar de ter mais possibilidades de trabalhar o conteúdo com a sua audiência, em diferentes lugares, o fim da exclusividade também pode apresentar um prejuízo para os criadores, no sentido de não serem mais um nome exclusivo de uma determinada rede, pontua Pereira. “Isso pode impactar negativamente do ponto de vista que a exclusividade trazia para ele uma segurança natural de receita, um tipo de compromisso e comprometimento com a plataforma onde ele fazia live, em que ele sabia que ali ele teria uma estimativa mínima de receita”, opina.
Na visão do sócio da 3C Gaming, um caminho possível para os streamers é a produção de conteúdos específicos e exclusivos para a plataforma, mas sem necessariamente ter a exclusividade da transmissão ao vivo nesse mesmo canal. “Agora é o momento dos criadores se reinventarem para descobrir as novas formas de capitalizar em cima do conteúdo que produzem ao vivo”.
O fim da exclusividade pode parecer benéfico somente para os streamers, mas Mendes, sócio da Druid, entende que liberar os streamers dessa exclusividade pode ser bom também para a própria plataforma. “Ao liberar a presença do conteúdo ao vivo multiplataforma, há um potencial de atrair um novo público do streamer que queira acompanhá-lo também na Twitch, mas ainda não está lá”, projeta. Ou seja, com essa medida, a plataforma pode ganhar novos espectadores. Por outro lado, como desvantagem, ele afirma que o streamer poderá experimentar outros modelos de conteúdo e monetização, fazendo com que a barreira de migração para outras plataformas fique menor.
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