Vix: as estratégias para o mercado brasileiro
Empresa baseada em AVOD aposta em conteúdo democrático para se conectar com espectadores e anunciantes
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Valeria Contado
9 de maio de 2023 - 6h03
Há pouco mais de um ano, em março do ano passado, a TelevisaUnivision, empresa de conteúdo de mídia em espanhol, anunciou o lançamento de seu aplicativo de streaming global. O movimento aconteceu após a Univision – empresa americana – adquirir a produtora de conteúdo Vix e torná-la parte de sua distribuição de conteúdo.
Com a empresa, apresentou o formato de serviço em streaming advertising-based video on demand (AVOD), onde os clientes têm à disposição séries, novelas, filmes e esportes de forma gratuita, com base de faturamento em anúncios. No entanto, o Vix tem sua versão premium para assinantes, o Vix+, que está disponível para o público estadunidense e latino, com exceção do Brasil. A Vix chegou ao País em agosto de 2020.
Atualmente, os serviços do Vix contam com cerca de 50 milhões de espectadores, sendo que cerca de seis milhões estão em território nacional. O diretor comercial do Vix no Brasil, Fábio Castaldo, acredita que, apesar de ser o início do caminho da empresa, o streaming baseado em publicidade faz parte do futuro da televisão, ainda mais se considerando a implementação da TV 3.0. “Nossa estratégia no Brasil está focada na ambientação. Estamos analisando o mercado e acredito mais no potencial do gratuito do que do pago”, diz.
Ao chegar ao Brasil, o Vix se deparou com um público que já era apaixonado pela dramaturgia. Por isso, segundo o diretor comercial, o mercado brasileiro tem grande potencial que ainda não é tão explorado na área de advertising, como em outras sedes, por exemplo.
Desse modo, um dos principais investimentos do Vix no mercado brasileiro é incrementar o catálogo de conteúdo para se conectar com os espectadores. Atualmente, a plataforma ainda não exige nenhum tipo de cadastro, com o intuito de facilitar o acesso ao conteúdo já disponível. No entanto, essa estrutura deve mudar devido à legislação que exige cadastro primário por conta do controle de conteúdo infantil.
Com isso, o Vix aposta na variação de conteúdo. “O primeiro pensamento foi de ser uma plataforma democrática”, explica Castaldo. Nesse caso, a parceria com a Televisa possibilita a entrada das novelas mexicanas na plataforma. Em julho do ano passado, Teresa, originalmente exibida no SBT em 2015, foi a primeira novela a chegar ao streaming, seguida por Triunfo do Amor e Coração Indomável.
Recentemente, a Globo e a TelevisaUnivision anunciaram parceria para a distribuição de conteúdo, também como parte das estratégias da empresa. O contrato é celebrado entre os streamings com produções do gênero ficcional. As séries A Mulher do Diabo e Travessuras da Menina Má entraram no catálogo do Globoplay e, posteriormente, a novela Todas as Flores será incluída no portfólio do Vix+.
Outra aposta do Vix para o Brasil é a parceria de conteúdo com mídias esportivas independentes. Os parceiros são Arquibancada Tricolor, do São Paulo Futebol Clube, Nosso Palestra, do Palmeiras e Coluna do Fla, do Flamengo.
O Vix esportes é mais uma forma que a plataforma identificou para se aproximar dos consumidores. “Provedores independentes de conteúdo dos clubes, isoladamente, conseguem ser maiores que um site esportivo. Dessa forma, conseguimos conversar com um público diferente”, avalia.
No entanto, no Brasil, toda a produção é integralmente voltada a entrevistas e documentários, devido à dificuldade de distribuição de direitos. Castaldo afirma que, em outros mercados, a estratégia voltada ao esporte é mais agressiva, com programações como Copa do Mundo, Super Bowl, Champions Leage, Campeonato Brasileiro e Campeonato Argentino.
As frentes comerciais do Vix no Brasil são focadas em advertising. A plataforma propõe aos anunciantes formas segmentadas de publicidade, de acordo com o conteúdo, como já é feito na televisão. As marcas que querem estar no Vix fazem compra por view.
Desse modo, os anunciantes podem anunciar de duas formas: com programática (igual ao Google Ads) e diretamente com a plataforma. No segundo caso, as campanhas podem ser personalizadas como é o case de L’Oréal para o movimento StandUp: contra o assédio nas ruas. A marca preparou uma playlist com filmes e novelas que conscientizam sobre assédio. Antes da exibição do conteúdo, aparece um alerta e um convite para que os espectadores participarem de um treinamento gratuito disponível na plataforma StandUp.
Castaldo entende que são formatos que são bons para o Brasil e que os espectadores entendem a necessidade dessa publicidade para poder receber o conteúdo de forma gratuita. Por esse motivo, a empresa está desenvolvendo formatos diferenciados de anúncio para atender as necessidades dos anunciantes. No entanto, o executivo alerta que o mercado de anunciantes e de agências ainda precisa ser treinado para esse formato. “É um mercado imaturo no Brasil. Vemos pela falta de hábito do anunciante e das agências. Olho para frente e vejo que é o futuro da televisão”, afirma.
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