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Women to Watch: Adriana e Aline

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Women to Watch: Adriana e Aline

Conheça mais sobre a trajetória profissional de Adriana Knackfuss, da Coca-Cola e Aline Santos, da Unilever


30 de agosto de 2016 - 15h09

Pelo quarto ano consecutivo, o Meio & Mensagem realizou a edição brasileira do Women to Watch, um evento para destacar as profissionais que estão fazendo a diferença nas indústrias de publicidade, marketing e mídia.

Neste ano, seis mulheres foram homenageadas no Women to Watch. Ao longo da semana, Meio & Mensagem publicará perfis dessas profissionais, detalhando suas trajetórias profissionais e destacando as razões que as levaram a alcançar posições de destaque.

Nesta terça-feira, 30, são apresentadas Adriana Knackfuss, diretora de marketing integrado e comunicação da Coca-Cola e Aline Santos, vice-presidente global de marketing da Unilever.

Adriana Knackfuss

 

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Adriana Knackfuss (Crédito: Arthur Nobre)


A trajetória profissional de Adriana Knackfuss pode ser explicada com uma analogia à própria graduação escolhida por ela. Assim como a área de desenho industrial na qual se formou, Adriana também foi moldando e construindo diversas etapas de sua carreira, em uma obra contínua que a levou ao posto mais alto do comando da comunicação da Coca-Cola no Brasil.

A ponte que conduziu a jovem carioca estudante de design gráfico para o patamar de executiva líder de uma das empresas mais valorizadas e admiradas do mundo foi erguida sobre alicerces que ainda estavam em fase de experimento. Quando o digital ainda se apresentava como uma desconhecida promessa no ambiente empresarial, Adriana estava lá, especializando-se no assunto que, dali a alguns anos, faria toda a diferença em sua carreira.

“Todos os meus estágios, desde os meus 18 anos, enveredaram para o meio digital. Era a época em que a internet estava começando e fui vendo a construção de muitas coisas desse campo”, recorda. O talento para desenhar traços novos em folhas ainda em branco permitiu uma experiência, ainda no universo da internet, que seria o trampolim para o encontro com sua aptidão definitiva. “Trabalhei por seis anos na Globo.com, inicialmente como designer e foi lá que comecei a enxergar o marketing como uma área interessante e onde tive a possibilidade de trabalhar com coisas diferentes”, conta.

Na plataforma digital, Adriana ampliou seu leque de experiências. Conheceu a área de produtos, ajudou na implementação de práticas de CRM e pode trafegar por diferentes setores do marketing. Já mais experiente e com um conhecimento mais sólido, a futura executiva partiria para mais uma folha em branco. “Um antigo chefe da Globo.com havia ido para a Coca-Cola e me convidou para trabalhar lá, com a missão de construir a área de comunicação”, conta.

Da missão de começar a desenhar uma área nova dentro de uma das maiores multinacionais do planeta até o momento já se passaram nove anos. Isso não significa, no entanto, que Adriana deixou de construir. “Temos sempre o costume de idealizar nossa carreira com base nas profissões e nos mercados que já existem, mas nos esquecemos de que o digital e a tecnologia transformam tudo muito rapidamente e que isso abre campos que, até ontem, não existiam”, analisa.

E foi assim, traço a traço e utilizando seu grande background digital, que Adriana colaborou para que a Coca-Cola do Brasil fosse o primeiro escritório da companhia no mundo a contar com uma divisão de real-time marketing – outro termo que, há alguns anos, parecia algo vindo de um filme futurista. “Acredito que sou a única diretora de comunicação da Coca no mundo que tenha vindo da área digital”, destaca.

Liderando um time de 45 pessoas, Adriana procura não pensar em números quando fala sobre gestão de pessoas. “Encontrar as pessoas certas para um time é, talvez, o maior desafio de um líder. Por isso, não penso que tenho X pessoas. Penso que tenho diferentes seres humanos. Acho que essa é uma visão um pouco feminina, mas que também pode perfeitamente ser adotada por um chefe homem”, opina.
Questionada sobre algum empecilho vivenciado na carreira pelo fato de ser mulher, Adriana não hesita em mencionar o nome de seu maior oponente: ela própria. “Todos os questionamentos da minha vida vieram de mim mesma. Muitas vezes pensei se seria capaz de dar conta do trabalho, dos filhos, antes mesmo de ver que, na prática, era possível conciliar as funções”, confessa a executiva que, após as 18h, deixa a companhia para se dedicar integralmente à função de mãe do Gabriel e do Rafael, de seis e dois anos, respectivamente.

E se no trabalho ela procurou se cercar de pessoas a quem possa delegar as tarefas sem preocupações, em casa ela ainda não abre mão de algumas responsabilidades. “Não tenho babá e nem ajuda de ninguém aos finais de semana. Quero eu mesma, junto com meu marido, cuidar dos meus filhos e da casa e dar espaço para a vivência de momentos simples”, frisa.

Depois de ter capitaneado os trabalhos da Coca-Cola nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, um dos maiores desafios de sua carreira, Adriana confessa o desejo de dar continuidade ao trabalho e a rotina na Cidade Maravilhosa. Daqui a alguns anos, quando os filhos já estiverem maiores, os horizontes podem se expandir. “Uma das maiores belezas de se trabalhar em uma empresa de presença mundial é a possibilidade de atuar em outros mercados. Pode ser que isso aconteça. Mas, por enquanto, estou feliz no Rio, com minha família por perto”, admite. Dar aulas também está nos planos. “Venho de uma família de professores e vejo isso como uma maneira de passar conhecimento adiante”, conta, dando indícios dos próximos desenhos de uma obra que está longe de ser concluída.


Aline Santos

 

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Aline Santos (Crédito: Arthur Nobre)

O que o filme Alien e um episódio de bullying na infância têm a ver com a trajetória de uma executiva que chegou ao posto mais alto do marketing da Unilever no mundo? Para Aline Santos, a ficção científica foi um marco de mudança de percepção acerca dela própria.

Na época, alguns jornais do País trocaram as letras do título do filme, chamando o longa de Aline. O erro não foi perdoado pelos colegas de sala da futura executiva, que passaram a fazer piadas comparando-a com o monstro alienígena. O bullying, no entanto, acabou despertando a curiosidade. “Quis assistir para ver quem era o tal monstro. E foi aí que vi, pela primeira vez, uma heroína no cinema, uma mulher que conseguiu salvar o mundo. E pensei que eu também poderia ser aquela cientista ou qualquer coisa que quisesse sendo mulher. Foi tão forte que nunca mais esqueci”, recorda.

Depois de adquirir consciência acerca da própria capacidade, Aline decidiu fazer com que outras mulheres também passassem pelo mesmo processo. Ao longo dos seus 27 anos de carreira, ela vem colaborando diretamente para derrubar estereótipos e colocar as mulheres em um patamar
mais igualitário no mercado de trabalho. Mesmo com a responsabilidade de gerir o marketing de todas as marcas do portfólio da Unilever no mundo, ela encontrou tempo para aceitar o desafio de ser presidente do comitê global de inclusão e diversidade da holding. “Na minha opinião, a única forma de reduzir a desigualdade de gênero é começando pelo topo. Uma empresa que tem mulheres em sua liderança passará, consequentemente, a olhar para o restante do quadro de forma mais equilibrada. E essa tarefa de conscientização compete a nós, que estamos em uma posição de destaque. Quero ver se algum executivo homem tem coragem de me dizer que não existe alguma mulher apta para exercer a função dele”, desafia.

A fala engajada de Aline deriva de muitas experiências próprias. Não foram poucas as vezes em que ela sentiu os olhares e comentários desmerecedores acerca de seu gênero. Assim que decidiu cursar Marketing, ela se inscreveu em alguns processos de trainee. Entrou na Unilever, depois de um breve período como trainee na Johnson & Johnson – marca que, curiosamente, fez parte de seus primeiros meses de vida, quando ela e seu irmão foram alguns dos Bebês Johnson –, e já recebeu o desafio de ser a primeira mulher a trabalhar na equipe de vendas da divisão de margarinas. “Os clientes me chamavam de menininha Claybon, por conta da garotinha que estampava as embalagens da margarina. Mas eu pensava que o importante era que eles comprassem. E cumpria todas as metas de vendas antes do prazo”, conta.

Com o passar dos anos, entrou no marketing da Unilever e foi galgando diferenças posições em todas as áreas da companhia. Nessa fase, já conseguiu colocar em prática sua visão inclusiva, sendo uma das criadoras da versão do hidratante Vasenol para pele negra e, também, participando da elaboração da primeira linha de shampoo para cabelos cacheados do mercado. “Até então, só existiam shampoos para cabelos normais, secos, oleosos e mistos. Era como se não existissem mulheres com outros cabelos”, critica.

O talento e comprometimento da profissional a levariam a quebrar mais uma barreira, sendo a primeira mulher a ser promovida ao posto de vice-presidente. Junto com o reconhecimento, no entanto, veio um problema. “No andar dos vice-presidentes não havia banheiro para mim. Como só tinham homens, só existia banheiro masculino. Meu chefe disse que eu poderia utilizar o deles e respondi que de jeito nenhum”, ri, contando que pediu para que fosse construído um banheiro feminino em sua sala.

Com uma rotina de trabalho que pega dois fusos horários – Aline tem uma secretária no Brasil e outra em Londres, para atender as demandas internacionais –, seria normal que a executiva enfrentasse problemas para conciliar sua agenda. Mas sua organização e disciplina chegam a surpreender. “Sei tudo o que vou fazer, todos os dias do ano. Traço minha agenda profissional e viagens com base na grade da escola dos meus filhos. A partir disso vou encaixando reuniões, encontros e trabalhos”, conta. O mesmo vale para o lazer. Festiva e animada, Aline promove eventos rotineiramente em sua casa. “Adoro festas, reuniões, pessoas por perto. Mas isso só é possível porque tenho a ajuda da Marta, que é praticamente minha esposa”, brinca a executiva, referindo- se a governanta e amiga com a qual trabalha há 15 anos.

A mesma disciplina foi aplicada para ficar mais perto dos filhos. Quando Felipe, de 18 anos, e Frederico, de 14, eram menores, ela deu um jeito de estar ao lado deles até na escola. “Queria participar mais da rotina deles e consegui um espaço para dar aulas sobre arte, todas as sextas-feiras. Era ótimo porque ficava próxima e me divertia com as crianças”, conta.

Há anos atuando em um cargo global, ela se prepara para um novo desafio. Junto com os filhos e o marido, com quem é casada há 21 anos, ela se mudará para Londres no final de 2016. “Adiei muito a mudança, mas o cargo pede uma atuação global, que tem que ser feita de lá. Passei os últimos 15 anos viajando o tempo todo. Tenho mais de um milhão de milhas. Acho que chegou a hora de acalmar”, brinca Aline, que recebe o título de Women to Watch pela segunda vez (a primeira foi em 2005, em uma eleição da publicação britânica Campaign).

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