YouTube diversifica para manter liderança
Plataforma aposta em canais de nicho para atrair tribos específicas, como o Youtube Kids e o Youtube Gaming
Plataforma aposta em canais de nicho para atrair tribos específicas, como o Youtube Kids e o Youtube Gaming
Karina Balan Julio
13 de setembro de 2016 - 8h00
Para plataformas já consolidadas como YouTube, atrair usuários já não é mais o desafio principal, mas sim fazer com que eles permaneçam em suas redes. Nos últimos anos, o avanço do consumo de vídeos impulsionou investimentos relevantes no formato por parte de gigantes como Twitter, Snapchat e Facebook. O YouTube, que tem 1 bilhão de usuários, se reinventou para poder manter sua competitividade, adentrando nichos específicos com o lançamento do YouTube Kids e YouTube Gaming.
O YouTube Kids foi lançado ao final de junho e está disponível apenas para tablet e celular, com conteúdo exclusivo para o público infantil. Já o YouTube Gaming, lançado no início de setembro, é voltado para a comunidade de gamers online e reúne os principais canais sobre o tema. Nos Estados Unidos e Europa, a plataforma conta também com os verticais YouTube music, com foco em música, e também Youtube Red, uma versão paga sem anúncios.
“O foco é sempre oferecer a melhor experiência com o conteúdo. Com a comunidade em mente, é preciso facilitar a produção, consumo e troca de experiências. Entender suas necessidades é fundamental nesse processo. Compreender os hábitos distintos da nossa comunidade permitiu a criação dessas novas experiências”, afirma Eduardo Brandini, diretor de conteúdo do YouTube Brasil.
YouTube lança plataforma de games no Brasil
Tornar a plataforma mais direcionada a tribos com hábitos distintos e com audiência crescente foi a saída de amplificar a imersão em um contexto onde a atenção do usuário é cada vez mais volátil. O Google, dono do YouTube, ainda não tem nada comparado ao feed de notícias, e portanto o usuário ainda tem que ir “fuçando” entre uma infinidade vídeos de diversos campos de interesse. Enquanto isso, embora os algorítimos de recomendação ajudem a direcionar a busca para o que faz sentido a determinado público, a pressão para gerar mais views e aumentar o tempo de sessão e o engajamento só cresce.
Games
O YouTube Gaming é a resposta a ao crescimento da indústria de games, que promete movimentar 99 milhões de dólares este ano. “O crescimento da tecnologia e das velocidades de conexão a internet permitiram a democratização do acesso ao vídeo para criação e consumo de conteúdo na internet. O ramo de games foi um dos principais beneficiários deste movimento, pois o assunto videogames começou a gerar muita audiência nos canais de “user-generated content” tais como o YouTube”, avalia Aydin Sarmadi, diretor geral do site IGN Brasil, pontuando que os games são um ponto comum entre todos os nativos digitais.
O site tem um núcleo de produção própria e um canal no YouTube. Segundo Aydin, desde que o YouTube Gaming foi lançado e disponibilizou vídeos da IGN na home, os vídeos contabilizaram cinco vezes mais views e comentários para a página. O diferencial, no entanto, continua sendo o combo de entretenimento, exclusividade e qualidade.
“O fato de ter canais exclusivos dentro de gigantes mundiais como Google e Amazon mostra as perspectivas grandiosas que este mercado tem em termos de conteúdos, audiência e monetização. O game sai cada vez mais do nicho de “geek” para virar um bem cultural universal e reconhecido”, avalia Aydin. Percursor do YouTtube Gaming, o Twitch, plataforma de games, foi comprada pela Amazon em 2014.
“Mais do que encontrar uma plataforma eficaz para a produção e distribuição de conteúdo criativo, o sentimento de pertencimento a essa comunidade é um fator essencial”, complementa Eduardo Brandini.
Público Infantil
YouTube Kids chega ao Brasil
Parcela de público renegada pelas TVs abertas e com poucos espaços exclusivos no ambiente virtual, as crianças são o alvo do YouTube Kids, que concentra canais como a Galinha Pintadinha e Turma da Mônica. A plataforma oferece aos pais ferramentas personalização de acordo com a faixa etária da criança, permitindo ainda denunciar vídeos e estipular um tempo máximo de uso.
Para Marcos Saraiva, diretor de marketing e produto da Turma da Mônica, a garantia de que a criança terá acesso somente a conteúdo infantil diminui o risco de a marca ser associada a algum tipo de conteúdo impróprio.“Pais tem muito medo que a criança saia daquele conteúdo e vá para algum conteúdo que não é apropriado”, afirma. A marca possui um canal no youtube desde 2012, e embora tenha ajudado a aumentar o alcance dos vídeos dos personagens de Mauricio de Sousa, a chegada do vertical infantil ainda não teve um impacto considerável.
“A audiência vem crescendo bastante desde a abertura do canal, mas ainda não é uma audiência tão assertiva. Ainda não temos uma grande diferença em relação a parcerias ou resultados de anunciantes”, pondera, ressaltando também que a plataforma disponibiliza uma enorme quantidade de conteúdo e que portanto surge o desafio de fazer com que esse conteúdo realmente chegue ao público.
“Há 15 anos atrás você assistia o que era apresentado na TV, hoje você tem que pensar em conteúdo realmente relevante para o público que quer atingir e fazer com que isso chegue a esse público”, complementa Marcos.
Aperfeiçoamento contínuo
A receptividade para novos formatos como vídeos em 360º e transmissões ao vivo, também faz parte da estratégia para manter o interesse na plataforma. Recentemente, a plataforma tem investido no aperfeiçoamento da ferramenta de live para atender também o universo Mobile. Nos EUA, a marca está testando recursos como recomendações baseadas em técnicas de learning machines e um aplicativo de mensagens para que pessoas possam compartilhar vídeos sem deixar a plataforma.
“A originalidade sempre é premiada, e isso vale também para os aspectos técnicos, como gravar em 360º e incentivar uso do Google Cardboard ou mesmo fazer uma transmissão ao vivo. Mas o que prenderá as pessoas é o conteúdo”, conclui Eduardo. Contudo, ainda não há a previsão de lançamento de outros verticais da plataforma no Brasil.
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