O que difere um streamer de um youtuber na relação com marcas
O Brasil já possui 76 milhões de gamers o que só aumenta a demanda de marcas por ações com criadores de conteúdo relacionado a esse ecossistema
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Luiz Gustavo Pacete
11 de outubro de 2018 - 7h16
No Brasil, cerca de 76 milhões de pessoas são gamers, segundo os dados mais recentes da consultoria NewZoo. E ser gamer, neste caso, significa também ser fã e consumidor de marcas e personagens. A capacidade de gerar negócios deste ecossistema – a estimativa é que até 2021 a receita global da indústria de games seja de US$ 180 bilhões – também propiciou o surgimento do streamer: gamer que joga ao vivo e passa horas conectado a comunidades e fãs. Assim como os youtubers, os streamers vêm ganhando cada vez mais a atenção de marcas. Essa é uma das pautas presentes na Brasil Game Show, um dos maiores eventos voltados ao ecossistema game do Brasil que ocorre nesta semana, em São Paulo.
Diante da alta demanda para esses profissionais, que cresce juntamente com o interesse pelos eSports, é importante considerar diferenças dos perfis de um youtuber e um streamer. Ambos operam sobre a premissa da influência, ou seja, é com base na relação e a autenticidade com os fãs que eles conquistaram seguidores. Alessandro Sassaroli, head de Gaming do YouTube para a América Latina, explica que a internet conectou os jogadores fazendo com que a influência dos gamers e fãs seja, em alguns casos, maior que a de artes, política e religião nas redes.
“Temos mais de 50 bilhões de horas assistidas de conteúdo sobre games no YouTube somente no último ano. E, neste contexto, o formato de live traz uma série de atrativos como a imprevisibilidade narrativa (não se sabe o final, até vê-lo), a questão de performance e o improviso e ineditismo desse conteúdo”, explica Sassaroli. LG, Gillette, Vivo, Submarino e Red Bull, essa são algumas das marcas que trabalharam recentemente com Felipe “YoDa” Noronha, um dos maiores streamers do mundo e também sócio e head de conteúdo da consultoria nøline. Ele explica que, se comparar o youtuber clássico com o streamer, a diferença está na dinâmica e no modo de produzir conteúdo. “O youtuber consegue gravar, editar e publicar o que tem de melhor. O streamer tem que improvisar e fazer acontecer ao vivo. E a diferença aqui está no tipo de conteúdo que é entregue”.
Em relação ao que uma marca deve levar em consideração ao contratar um streamer, YoDa ressalta que se deve pensar que o público ou a audiência de um streamer é mais engajada e possui linguagem própria. “Uma relação produtiva com marcas envolve criação de conteúdo, proximidade com a comunidade e a construção do roteiro a quatro mãos. Acredito que o sucesso está na comunicação orgânica, que só acontece quando existe confiança e o respeito ao meu estilo”, afirma.
“Chega de se esconder para jogar em paz”
Lucas Braga, manager partnerships da Twitch, plataforma de games da Amazon, afirma que o streamer é conectado diretamente com a sua audiência. “De uma certa forma, isso acaba impactando e engajamento de uma maneira mais natural e orgânica o que beneficia tanto o próprio influenciador já que o crescimento acontece de forma mais rápida, quanto para as marcas que acabam criando uma comunicação mais direta com a audiência”, explica Braga. Ele reforça que o mais importante para a entrada de qualquer marca nesse ecossistema é o estudo do contexto da comunidade e também a garantia de que algo seja agregado tanto para o influenciador quanto para a comunidade.
“Já vimos diversos exemplos de marcas que simplesmente queriam obter um ganho monetário sem entender qual a realidade dos influenciadores que eles escolheram e isso gerou um feedback negativo. Resumindo, entender e saber comunicar com a comunidade é fundamental para o sucesso de uma campanha nesse mercado”, afirma Braga. Entre os principais streamers da Twitch estão Alanzoka, YoDa, Jukes, Gaules e Skipnho, nomes que acumulam milhões de horas ao vivo de jogo e também seguidores.
A youtuber Malena, atualmente um dos maiores canais de games do YouTube, conta que discutir as particularidades dos criadores de conteúdo desse ecossistema será cada vez mais importante tendo em vista seu crescimento. “A indústria de games já passou Hollywood em faturamento e investimento em produção. É natural que o reflexo desse mercado seja visto também no Brasil. Temos marcas se interessando cada vez mais pelo assunto. Desde então, muitas personalidades surgiram nos games, seja um creator, um streamer ou jogadores profissionais. A galera que acompanha videogame é apaixonada. É um público muito fiel e engajado que tem poder de compra”, afirma.
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