A fórmula Simone Biles do sucesso: saúde mental e confiança
Atleta olímpica e empresária listou suas práticas para dar a melhor versão de si em sua vida profissional
Atleta olímpica e empresária listou suas práticas para dar a melhor versão de si em sua vida profissional
Thaís Monteiro
16 de janeiro de 2023 - 14h58
Primeiro keynote da segunda-feira, 16, no Retail’s Big Show, Simone Biles foi entrevistada pela CMO da NRF, Martine Reardon, numa tentativa de traçar um paralelo entre a carreira de atleta e a que ela trilha agora como mulher de negócios. Apesar de ainda ser atleta, mesmo tendo desistido de continuar na competição nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Biles afirma que não quer que a ginástica seja seu único legado. Atualmente, ela tem uma coleção de NFTs em parceria com a Autograph, tem uma linha de roupas com a marca Athleta e marcas patrocinadoras e apoiadoras.
“O que você faz quando atinge seu maior sonho aos 19 anos?”, perguntou Biles à plateia. Dona de sete medalhas olímpicas, a atleta contou que tinha claro desde que chegou à sua primeira olimpíada que manter aquele como seu único propósito de vida seria um erro. Enquanto a maioria das pessoas atingem a liderança do ramo em que elas trabalham a partir dos 40 anos, para atletas o pico de suas carreiras acontece ainda na juventude. Sua percepção de que esse não deveria ser o fim e sim um começo fez com que Simone Biles se movimentasse para explorar novas frentes de negócios.
Em suma, a estratégia de Simone Biles para a forma como encara seus objetivos foi forjada por um aspecto da forma como ela foi educada desde a infância. Anualmente, a mãe da ginasta obrigava os filhos a escreverem seus objetivos a curto e longo prazo para o ano. Apesar de desgostar da atividade no início, a prática a auxiliou na visualização de planos A, B e C para seus propósitos. “Quando decidi que meu sonho seria competir nos Jogos Olímpicos como ginasta, eu sabia que esse era o plano de longo prazo e haveriam os de curto prazo que me fariam chegar mais próxima a esse sonho, como campeonatos locais e nacionais”, descreveu.
Outra prática adotada pela atleta desde a infância é a crença de que se outros podem fazer alguma coisa desafiante, ela também o pode, seja isso balançar em barras, que foi o que a inspirou a praticar ginástica, ou lançar-se como empresária. Para isso, ela pesquisa sobre os passo a passos que suas inspirações para suas ações tomaram para chegar onde estão. Para tornar essa inspiração mais acessível à sua vivência, ela busca, sobretudo, a trajetória de atletas que viraram executivos de negócios, como a tenista Serena Williams, o jogador de basquete LeBron James, a também ginasta Allyson Felix, entre outros.
“Eu era uma criança persistente, eu tinha que provar que eu conseguia fazer coisas que os outros duvidavam para os outros por mim também. Eu via meu irmão se balançar em barras e sentia que eu podia fazer isso também e tentava imitar os movimentos. Eu faço isso em todas as partes da vida”, explicou.
A manutenção desse planejamento e pesquisa é feito com apoio de menores eleitos por Biles ao longo da sua vida e para diferentes funções ou momentos específicos. Ela elenca os pais como os principais mentores, e também os mais antigos, a apoiando em toda sua trajetória. Sua técnica, a ginasta francesa Laurent Landi, que participou de Jogos Olímpicos representando a França, também é uma figura presente.
Há, ainda, a configuração de time, que ela considera essencial. “Competições em grupo sempre foram as minhas melhores competições, porque cada uma tem uma função para chegar no objetivo comum, além de toda a celebração em conjunto. E mesmo em competições individuais, quando eu recebo a medalha eu penso em todas as pessoas que me ajudaram a chegar naquele lugar: médicos, terapeutas, colegas. Precisa de uma vila”, disse.
E como principal prioridade sustentando todas essas estratégias está o autocuidado, sublinhado pela importância da saúde mental. Em 2020, a ginasta deixou de realizar algumas competições em detrimento de suas condições mentais. Foi uma recomendação médica, ela afirmou. “Todo dia eu tinha que passar por um médico e um psicólogo para eles me informarem se eu estava liberada para competir”, contou. Eventualmente, ela não foi mais liberada, mas seguiu presente nas competições para apoiar as colegas.
“Em ginástica, você ouve sobre abusos — Biles afirmou que foi abusada sexualmente pelo médico Larry Nassar, que foi acusado de abusar 330 garotas na ginástica americana e na Universidade Estadual de Michigan — e ups e downs, mas eu sou otimista e acho que tudo acontece por um motivo. Toda jornada para o sucesso não é uma reta, mas acho que o segredo é como você encara isso. Eu procurei terapia nova, porque sabia que minha saúde mental é importante e voltei em 2020. Eu acho que cuidar de si é importante. Sentar e entender quem somos. Achar ajuda certa e entender que o que aconteceu com você não era uma coisa pessoal não aconteceu comigo, mas aconteceu em geral”, explicou. Atualmente, ela disse tentar separar o seu eu profissional do seu eu pessoal para não ser consumida pela rotina de atleta.
Simone também detalhou sua parceria com a Athleta, marca de vestuário para garotas em fase de puberdade feita de mulheres para mulheres. A ginasta tem uma linha de roupas em parceria com a marca. Segundo ela, a união partiu de um alinhamento de propósitos, mas também da forma como a Athleta a abordou focando na Simone Biles pessoa, seus sonhos e suas ideias e não pensando o que a atleta Simone Biles pode trazer de resultado.
Outros fatores importantes para ela foram o fato da marca ser inclusivas, fazer roupas confortáveis para que as garotas se sintam confortáveis em seus próprios corpos e as mensagens de positivismo, com as quais Simone se identifica.
A ginasta não explicou se irá competir nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, mas afirmou que estará na capital francesa, seja no chão competindo ou na arquibancada torcendo pelos colegas. “Minha saúde mental vem antes para que eu possa estar na melhor versão de mim mesma”, finalizou.
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