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NRF

Adversidades e oportunidades: previsões para 2025 na NRF

Nos próximos anos, a mídia social se transformará em mídia de recomendação, e o entretenimento será a chave para ganhar a atenção. Gradualmente, a cultura de massa evoluirá para nichos, sendo dominada principalmente pela Geração Z


18 de janeiro de 2023 - 11h47

Na medida em que a discussão sobre o cenário macroeconômico diminui pelos corredores da NRF 2023, outro assunto nos painéis ganha relevância e atenção de executivos: FUTURO. A palestra “Future drivers 2025: Strategies that will shape your business”, ministrada por Andrea Bell, VP de Consumer Insights da WGSN, consultoria de tendências de consumo, lotou o Elastic Path Stage no segundo dia de evento. Com a quantidade de brasileiros presentes na sala, me senti completamente em casa. Para se ter uma noção, o palco não era o principal, mas mesmo assim atraiu centenas de pessoas. E por que esse frenesi todo? Vou te explicar a seguir.

A WGSN é uma das referências globais em previsão de tendências de consumo, estilo de vida e design de produtos. Pensando nesse momento de incertezas que vivemos hoje, o qual a consultoria delimitou como o início da “era da policrise”, seria uma grande irresponsabilidade não nos planejarmos para o que virá nos próximos anos.

Em um primeiro momento, o termo pode remeter ao pessimismo, mas reflete a realidade na qual estamos inseridos: eleições políticas polêmicas, incerteza econômica, crescente desigualdade e um clima em rápida mudança. O estudo mostrou que, em fevereiro de 2022, as pesquisas por “O que fazer em um ataque nuclear?” aumentaram 38 vezes de acordo com os dados do Google Trends, quando a Rússia entrou em guerra contra a Ucrânia. Essas emoções que envolvem complexidade e sobrecarga é o que a pesquisa chamou de policrise e deu o prognóstico: vai piorar muito antes de melhorar.

Ao lado da inovação, o futuro sempre estará entre minhas prioridades, principalmente pelo fato de que sou mãe de duas meninas e tenho que pensar no mundo em que elas viverão durante sua adolescência, fase adulta e velhice. São elas que me motivam a buscar, cada vez mais, conhecimento para elaborar soluções que alcancem não apenas os nossos clientes, mas também a sociedade — que está em constante mudança de hábitos. Uma delas foi destaque: a nova forma de consumir entretenimento, provocada pela cultura digital descentralizada.

De acordo com o relatório, nos próximos anos, a mídia social se transformará em mídia de recomendação, e o entretenimento será a chave para ganhar a atenção. Gradualmente, a cultura de massa evoluirá para nichos, sendo dominada principalmente pela Geração Z (nascidos entre 1997 e 2010). Esses jovens serão os responsáveis pelas mudanças, que já temos acompanhado há algum tempo. Com uma criação quase que 100% no mundo digital, eles preferem conteúdos multimídias e de curta duração, tendendo a se conviver em comunidades mais nichadas, o que poderá possibilitar um aumento de criadores e plataformas voltadas aos grupos, por exemplo.

E quando falamos em pessoas, não podemos esquecer do planeta em que estamos inseridos. Isto é, as questões ambientais continuarão sendo priorizadas. Com o aquecimento global avançando e as tragédias naturais ganhando proporções desastrosas, em 2025, não haverá como fugir: a natureza deverá ser colocada como membro do conselho administrativo das instituições. O termo figurativo é para lembrar que a tomada de decisões empresarial deve levar em consideração o meio ambiente, a fim de evitar que o consumo excessivo e a exploração material levem à escassez de recursos e alimentos em todo o mundo.

Outro ponto explorado pela pesquisa foi o movimento migratório. Com início na pandemia, os cinco anos de 2020 a 2025 podem entrar para a história como a grande migração moderna. Durante a crise sanitária, para ficarem mais próximas de suas famílias ou mais seguras, as pessoas decidiram retornar aos seus países de origem, fenômeno que conhecemos como migração reversa. No sul da Ásia, 2020 e 2021 foram descritos como “a maior reversão da migração em massa desde a divisão da Índia em 1947”, segundo o Banco Mundial. Indo além das realocações relacionadas à pandemia, o estudo aponta que haverá a migração moral, migração ecológica e uma nova classe trabalhadora de nômades digitais que irão desafiar o status quo.

Para fechar o estudo, a criatividade sintética é apontada como uma das cinco forças motrizes. A imaginação será a chave para as companhias durante o período de transformação que estamos passando e será usada para criar uma nova era de produção criativa e narrativa. Em outras palavras, a criatividade e imaginação individual e coletiva se tornarão os principais criadores de valor econômico. Para ampliar o campo imaginativo, a especialista prevê que ferramentas de Inteligência Artificial serão usadas, de forma mais acessível do que vemos hoje.

Embora haja tantos obstáculos pela frente, causados pelas incertezas do presente, todos poderão ser superados. A lição que ficou para o público presente é que há dois cenários: as forças motrizes que guiarão os próximos anos e as oportunidades de transformar os modelos de negócios. Pode parecer clichê, mas as dificuldades são as molas propulsoras para as pessoas conseguirem se reinventar e mudar aquilo que já não está funcionando. Trazendo para o lado empresarial, a adversidade é uma grande oportunidade de desenvolver soluções inovadoras que impactam diretamente a vida das pessoas como um todo, não apenas no seu papel de consumidor.

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