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NRF

Como o varejo explora a Web3, tema em destaque na NRF

Havaianas, Lojas Renner e Reserva iniciaram apostas no metaverso e em NFTs em busca de aprendizado e vínculo com comunidade


15 de janeiro de 2023 - 6h00

A Web3  já é realidade para muitos varejistas, principalmente quando se trata da moda. A marca The Fabricant já comercializou vestidos digitais no valor de US$ 9.500 e trabalha com marcas como Adidas, Puma e Tommy Hilfiger para colocar produtos no metaverso. Em junho de 2021, a Gucci vendeu uma bolsa digital por US$ 4 mil no Roblox. O preço é superior às bolsas físicas.

 

Gucci já apresentou coleções no metaverso (Crédito: Divulgação)

O envolvimento dessas marcas com o universo virtual não se resume a vendas. Para celebrar seus 100 anos, a Gucci realizou uma exibição em Florença, mas criou um segmento virtual no Roblox para aqueles consumidores que não puderam estar presentes fisicamente. O espaço virtual não tinha teto e incluía borboletas circulando nas salas, o que, muitas vezes, não é acessível em uma atração física. A Tommy Hilfiger promoveu uma convenção de vendas, que normalmente é realizada presencialmente, em uma plataforma imersiva, onde foram apresentadas as novas ações da companhia.

O movimento não se limita a marcas internacionais. A Havaianas, por exemplo, criou um mapa interativo com jogos e missões para apresentar seus produtos licenciados com o game Fortnite. Em 2021, a Renner criou uma loja física da marca dentro do jogo Fortnite, da Epic Games e desde esse primeiro movimento, lançou uma coleção para o metaverso, apresentou coleções físicas no metaverso e teve elementos no metaverso como inspiração para coleções.

Outro exemplo de empreitada na Web3 que não está diretamente ligado ao metaverso é o universo das NFTs (sigla para tokens não-fungíveis. A Nike, por exemplo, lançou em abril deste ano, uma coleção com 20 mil tênis em NFT. A coleção Nike Dunk Genesis Cryptokicks conta com unidades vendidas por até US$ 449 mil (cerca de R$ 2,2 milhões). O lançamento aconteceu meses após a marca comprar a fabricante de tênis virtuais, RTFKT. A concorrente alemã Adidas também está apostando nos tokens não-fungíveis. Em dezembro a marca lançou a coleção Into The Metaverse em parceria com a Bored Ape Yacht Club, Punks Comic e Gmoney. Ao todo formam disponibilizados 30 mil tokens, com os quais a Adidas conseguiu arrecadar mais de US$ 22 milhões (cerca de R$ 125 milhões).

As marcas brasileiras, Reserva, Pantys e Havaianas também criaram novas formas de se conectarem com seus consumidores por meio dos NFTs. No início deste ano, a Pantys lançou 33 artes entre fotos, vídeos e gifs em NFT. As artes foram comercializadas na plataforma OpenSea, marketplace de NFTs. Na época, o valor mínimo foi de US$ 40,66 (R$ 215,29. Depois de seu mapa no Fortnite, Havaianas lançou uma coleção de NFTs. Intitulada “Felicidade”, a coleção contou com um shape exclusivo de sandália em cinco artes inéditas do artista Adhemas Batista, que já tem um histórico antigo com a marca.

Coleção de NFTs da Havaianas apoia artistas brasileiros (Crédito: Divulgação)

Por sua vez, a Reserva disponibilizou NFTs de artes do Pistol Bird, pássaro que representa a marca. Os tokens esgotaram no mesmo dia e rendeu R$ 900 mil em vendas. A intenção é tornar os donos dos NFTs em uma comunidade com acesso a produtos, descontos e remuneração exclusivas, já que o dono do NFT pode revendê-lo e lucrar com alguns benefícios associados ao token.

A adoção dessas tecnologias pelo varejo brasileiro já nutre exemplos, mas há um longo caminho a percorrer, avalia Valéria Carrete, CMO da Converge, empresas de soluções tecnológicas que trabalhou com Reserva e Aramis, em projetos envolvendo metaverso e NTFs. “Como também ocorreu nos anos 1990 com a internet, estamos no início da adoção das tecnologias Web3 e do metaverso. E a adoção em larga escala leva um tempo. Este é um tempo precioso que as marcas precisam utilizar com sabedoria, para se prepararem para o momento de larga adoção. Essa situação se agrava um pouco mais em nosso País, pois ainda temos que enfrentar as desigualdades da infraestrutura, da qualidade da internet oferecida”, argumenta.

Na experiência da Reserva, o intuito de desbravar esse novo campo residiu em ter tempo para estudar, testar e aprender. Para Pedro Cardoso, diretor de marketing digital e inovação da marca, o valor dessas novas tecnologias reside na troca entre pessoas físicas e grupos de forma descentralizada e dinâmica. Para estimular essa troca, a empresa tem um grupo fechado onde se comunica diariamente com os donos dos NFTs para reuniões, debates sobre futuro e etc. “Muitos dos benefícios criados e ofertados aos Holders da ReservaX partiram de ideias da própria comunidade. Entendemos que cocriação não é uma estratégia, mas sim uma característica inerente à Web 3.0”, coloca.

O retorno de criar iniciativas voltadas ao metaverso ou NFTs envolve awareness, PR e, no caso da comercialização de ativos, uma nova fonte de receita, mas o executivo sublinha que a comunidade ainda é a maior recompensa. “Esta comunidade vem se tornando um organismo vivo de criação que aponta a direção de futuros investimentos. Um valor intangível que supera os milhões de reais de receita que geramos com a venda de NFTs ao longo de 2022”, descreve.

Para 2023, Valéria acredita que os desafios da experiência do usuário serão reduzidos à medida que as marcas começarem a integrar carteiras de NFTs e criptoativos nas suas propriedades, como site e aplicativo. Ao mesmo tempo, o modelo de ação deve partir de venda de ativo para venda de experiência, engajamento e fidelidade em que os NFTs são dados gratuitamente às pessoas como recompensa ou prova de interação.

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