O que esperar do consumo e varejo em 2024, segundo a Capgemini
Estudo da consultoria explora hábitos de compra on-line e off-line, aceitação da IA generativa, consumo consciente, social commerce e outros
Estudo da consultoria explora hábitos de compra on-line e off-line, aceitação da IA generativa, consumo consciente, social commerce e outros
Giovana Oréfice
14 de janeiro de 2024 - 14h45
Com os últimos anos marcados por uma crise econômica global, o varejo sentiu os reflexos da diminuição do poder de compra. Para 2024, o cenário é um pouco mais animador e de mais atenção do segmento, dada a melhora das circunstâncias de economia e ascensão de novas tecnologias. Com isso, varejistas podem ter um norte para sua atuação nos próximos meses.
É o que aponta a Capgemini, com o estudo What Matters to Today’s Consumer, que será apresentado durante a programação da NRF’s Retail Big Show. O levantamento realizado com 14 mil respondentes acima dos 18 anos em 14 países, como Alemanha, França, Índia, Japão e outros, mapeia o comportamento do consumidor em relação à economia, inteligência artificial, canal de compras, social commerce e sustentabilidade.
No geral, os consumidores estão menos preocupados com sua situação financeira. Entre as gerações Z, millennials, geração X e baby boomers, houve uma queda de 9 pontos percentuais nesse quesito – passando de 61% para 52% entre novembro de 2022 e 2023. Entre os principais motivos para corte de gastos, estão menos compras por impulso no topo, com 70%. Na sequência, aparecem o corte de produtos não-essenciais e o adiamento de compra de produtos de luxo, ambos com 66%.
Há, ainda, maiores expectativas sobre os varejistas no que diz respeito a gastos. 65% dos respondentes afirmaram que esperam que varejistas informem quando as marcas reduzem o peso de um produto sem reduzir o preço. O fenômeno é conhecido como shrinkflation. Além disso, 64% esperam um alerta sobre a utilização de ingredientes e matérias primas de qualidade inferior também sem alteração do preço.
Entre a amostra, 55% dos usuários já tiveram experiências de compras melhorada por IA. Ademais, 20% deles já estão cientes sobre o emprego da teccnologia em suas transações. A geração Z e os millennials lideram em crenças sobre a IA generativa, com 56% e 61%, respectivamente. Com geração X e baby boomers, a aceitação é vista em 52% e 43%.
O estudo mostra que 33% planejam usar a tecnologia no futuro, contra 19% que não planejam empregá-la e 28% não estão cientes ou querem explorá-la. A grande maioria (70%) dos consumidores gostam que haja divulgação prévia se a sua interação envolver IA generativa.
Sobre exemplos de uso, mais da metade (52%) dos usuários substituíram os mecanismos de pesquisa tradicionais por ferramentas de IA generativa para recomendações de produtos. A recomendação, inclusive, é o quesito de maior aceitação para 66% dos respondentes. 59%, por exemplo, buscam recomendações personalizadas da IA que se alinhem com sua personalidade. Já 55% dos usuários procuram aconselhamento em fontes como planos de dieta, sugestões de maquiagem e combinações de moda, a partir de uma ferramenta de IA generativa.
Contudo, há desconfianças: 62% dos consumidores declararam terem preocupações sobre a produção de depoimentos ou avaliações falsas/enganosas pela IA generativa, em comparação com 30% em abril de 2023.
A geração Z lidera mais uma vez: até 46% fizeram uma compra em uma plataforma de mídia social em 2023. Há a preferência pelo Instagram (70 %), TikTok (63%) e YouTube (58%). Enquanto isso, os Millennials preferem principalmente usar o Instagram (67%) e o YouTube (63%). Entre os usuários da Geração X e Boomers são YouTube, Instagram e Facebook.
Mais da metade (53%) daqueles que compraram pelas redes sociais foram influenciados por feeds, stories, reels, shows ao vivo e influencers ao fazer compras. 51% ainda procuram aconselhamento das figuras nas redes sociais, e a mesma porcentagem os procura para ter descontos e ofertas.
Consumidores de todas as gerações passaram a comprar de marcas de celebridades e influenciadores. Um quinto dos consumidores comprou produtos de marcas do tipo em 2023. O destaque em interesse é da Geração Z (45%), seguido pelos millennials (32%). Nomes como Drew Berrymore e Shay Mitchell estão presentes com suas marcas na programação do evento da NRF.
Em 2020, 70% apontavam que compram produtos de organizações que consideram sustentáveis. Ainda que o número tenha tido uma queda – passando para 69% no ano passado – a temática ainda é de extrema relevância para o cenário de consumo. Ademais, 69% manifestaram preocupação com desperdício alimentar.
Dentro da temática, a Capgemini mostrou que 67% desejam campanhas educativas e programas de sensibilização para abordar a questão do desperdício alimentar. Outros 61% demonstraram suas expectativas em relação ao varejo. Eles avaliam que as marcas, lojas e supermercados deveriam fazer mais para reduzir o desperdício. Neste sentido, 57% sentiram-se decepcionados com os seus esforços em 2022.
A consultoria recomenda que o varejo lidere com propósito e auxilie na redução do desperdício de alimentos a fim de combater a crise do custo de vida. Além disso, podem incentivar os consumidores a modificar os comportamentos com ações mais sustentáveis.
Em 2023, 66% dos consumidores afirmaram ter interagido significativamente com lojas físicas – um aumento em relação aos 61% do ano anterior. O destaque de preferências de consumo vai para entrega e atendimento como fatores como os mais importantes quando fazem compras em lojas.
Em lojas físicas, há uma preferência quando o assunto é a possibilidade de experimentar produtos, disponibilidade de estações de sustentabilidade e tecnologia para oferecer o mesmo nível de interação de aplicativos de varejistas. Em compras de mantimentos e alimentos, por exemplo, usuários esperam experiência. Entre elas, a Capgemini destaca receitas selecionadas e outros conteúdos (36%), cursos de culinária nas lojas (35%) e possibilidade de poder comer em restaurante/cafeteria dentro das lojas (32%).
Em relação à conveniência, os consumidores da Geração Z estão dispostos a pagar 10% do valor do pedido pela entrega em 10 minutos. No geral, esse índice fica em 7%, e a disposição de pagar por entrega rápida diminui com a idade.
Compartilhe
Veja também
Para CEO do GPA, avanço do retail media depende da crença dos líderes
Em entrevista, Marcelo Pimentel, explica os passos do grupo na construção da operação de retail e aponta a transposição da experiência da loja ao digital como o principal desafio da categoria
IA, pé no chão e experiência: CMOs fazem balanço da NRF 2024
Bárbara Miranda (Ipiranga), Washington Theotonio (Americanas S.A) e Vivian Zwir (Grupo Casas Bahia) dividem os temas que mais se destacaram ao longo dos três dias de evento