Desafiando o status quo
Como os dados e a inteligência artificial estão transformando o varejo moderno
Como os dados e a inteligência artificial estão transformando o varejo moderno
21 de janeiro de 2025 - 11h20
O varejo vive uma transformação acelerada, impulsionada por inovações que desafiam constantemente conceitos pré-estabelecidos. No aguardado evento da National Retail Federation (NRF), dois temas extremamente relevantes ganham os holofotes: o poder revolucionário dos dados first-party e zero-party na reinvenção das operações e o impacto profundo da inteligência artificial (IA) na relação entre consumidores, produtos e marcas. Esses tópicos não refletem apenas tendências, mas nos convidam a reimaginar o futuro do varejo moderno.
De acordo com um estudo da desenvolvedora de softwares Avanade, 51% das empresas brasileiras planejam aumentar seus orçamentos em até 25% para projetos de IA generativa em 2025, por exemplo. Isso destaca ainda mais a relevância do tema – especialmente em território nacional – e a necessidade cada vez maior de preparar os times por meio de uma comunicação clara e uma cultura de adaptação, com treinamentos e lideranças inspiradoras, para que essas transformações sejam implementadas.
A ascensão do uso de dados first-party e zero-party oferece às empresas uma oportunidade única de interpretar o comportamento do consumidor de maneira integrada e estratégica. Em linhas gerais, dados first-party são aqueles coletados a partir de interações com os consumidores, enquanto dados zero-party são aqueles compartilhados voluntariamente pelo cliente, como ao preencher um cadastro ou uma pesquisa de opinião. Ferramentas como quizzes ou questionários que capturam esses dados voluntários geram insights valiosos, ajudando a construir uma relação mais emocional e personalizada, alinhada às expectativas modernas dos consumidores.
Quando estruturados em sistemas como data lakes próprios, esses dados permitem cruzar informações geográficas, comportamentais e transacionais, criando insights que vão desde a personalização da experiência de compra até a definição precisa de novas localizações para pontos de venda. A Netflix é um grande exemplo disso, conseguindo, por meio desse cruzamento de dados, oferecer recomendações customizadas de séries e filmes e prever o engajamento do usuário para otimizar a entrega de conteúdo, potencializando a satisfação do cliente com sugestões assertivas enquanto navega na plataforma de streaming.
Na Aramis Inc, também temos percebido como o uso estratégico de dados pode transformar a experiência do consumidor no varejo. Entre as diversas possíveis aplicações dessa tecnologia, estamos desenvolvendo um novo aplicativo para nosso time de vendas integrado com o data lake da companhia, colocando informações relevantes diretamente nas mãos dos vendedores. Isso permitirá recomendar as melhores opções para os clientes em tempo real, conectando os dados às necessidades específicas de cada cliente, o que permite reforçar a personalização, melhorar a experiência do consumidor e gerar maior conversão.
Nessa linha, fica evidente a importância da tecnologia não em substituir, mas em aprimorar as relações humanas. Ou seja, sabemos que o vendedor tem um papel crucial e que nenhum e-commerce o substituirá, mas como podemos dar ainda mais insumos e ferramentas para que ele consiga potencializar o seu trabalho? É justamente nesse ponto que está o grande poder da tecnologia, trazendo mais assertividade e praticidade para o dia a dia do profissional.
Um exemplo apresentado no Retail’s Big Show foi o “Style Fire”, uma abordagem criativa para personalizar experiências e capturar informações sobre comportamento de consumo. Dessa forma, as marcas conseguem compreender melhor a jornada de seus clientes, oferecendo recomendações mais assertivas e promovendo maior engajamento.
O desafio, entretanto, não está apenas na coleta de informações, mas em sua utilização inteligente. Empresas que conseguem transformar dados em ferramentas de planejamento se destacam no mercado por tomar decisões baseadas em evidências sólidas, adaptando suas estratégias às necessidades reais de seus clientes e operações.
A inteligência artificial tem se mostrado um recurso valioso para impulsionar a eficiência e a inovação no varejo. Tecnologias como o provador virtual Doris, que utiliza IA generativa para simular o caimento de roupas e que fizemos questão de estrear na recém-inaugurada loja Aramis do MorumbiShopping, em São Paulo, exemplificam o impacto transformador que essas soluções podem ter na jornada do consumidor.
Além das experiências de destaque, a força da IA também está em otimizar a eficiência operacional. Com base em padrões de compra, ajustamos o sortimento e gerenciamos estoques em tempo real, alcançando um avanço de 29% no giro de estoque e 25% na redução de rupturas, o que mostra como a IA pode ampliar a capacidade de varejistas para atender às expectativas dos consumidores com agilidade e precisão.
Eventos como o Retail’s Big Show, da NRF, são momentos cruciais para que líderes do varejo avaliem como estão se reinventando diante das novas dinâmicas do mercado. Em um cenário tão dinâmico, assumir novas perspectivas potencializa decisões estratégicas e mais do que isso: inspira equipes, parceiros e nós mesmos a enxergar possibilidades capazes de transformar o futuro do negócio e da sociedade em que vivemos. No final, a verdadeira inovação no varejo não está apenas na tecnologia adotada, mas na forma como ela se conecta às necessidades humanas e se traduz dados em ações que criam valor real.
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