O que a NRF 2024 está mostrando sobre inteligência artificial
No primeiro dia de evento, executivos se afastaram do tom profético e mostraram boas práticas e casos de uso já em aplicação
No primeiro dia de evento, executivos se afastaram do tom profético e mostraram boas práticas e casos de uso já em aplicação
Taís Farias
15 de janeiro de 2024 - 4h00
Na primeira tarde da NRF’s Retail Big Show 2024, Hope King, jornalista senior da Axios, abriu sua moderação avisando que aquele era o painel sobre tudo, menos inteligência artificial. O comentário foi recebido com diversão pela plateia e ilustra a presença – quase constante – da IA nas discussões.
O tema percorreu uma série de debates, mas, durante o maior evento de varejo do mundo, deixou de lado o tom profético e deu lugar a uma série de aplicações práticas de como a tecnologia já está ajudando o varejo a gerar experiência e ganhar mais eficiência financeira.
Um dos acenos ao tema e seus desdobramentos partiu da própria Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos (NRF). No ano passado, a instituição publicou um documento com princípios de como os varejistas deveriam aplicar IA em suas companhias. O artigo, que flerta com as boas práticas, aborda pilares como governança, riscos, aplicações, confiança e engajamento dos funcionários. Para isso, a NRF criou um grupo de trabalho com mais de 100 varejistas.
“O varejo precisa contar a história de como está usando IA e se conectar com outros stakeholders, o governo, a mídia e o público”, apontou Christian Beckner, VP de retail technology & cybersecurity da NRF. Para ele, mais do que usar a tecnologia é preciso mostrar o papel que ela está exercendo e tornar esse valor visível para os consumidores.
Anshu Bhardwaj, sênior VP e COO da Walmart Global Technology e Walmart Commerce Technologies, defende que a mudança trazida pelo ano de 2023 foi o fato de a tecnologia ter convergida na mão das empresas e de consumidores, com a ascensão da IA generativa. O resultado disso seria uma aceleração sensível na curva de adoção, automação de tarefas e maior precisão.
“O que a IA está nos permitindo fazer, agora, é passar de um varejista omnicanal para um negócio adaptativo. Ser adaptativo, basicamente, significa que posso cruzar você no ponto de sua conveniência para conseguir o que deseja, como deseja”, definiu a executiva. Nessa virada, o Walmart está investindo em inteligência artificial conversacional.
O primeiro investimento na tecnologia foi a ferramenta “Ask Sam”, um assistente de voz conectado com a base de dados da rede. Inicialmente, ela foi usada para municiar os funcionários com dados, mas a proposta hoje é que os consumidores possam por exemplo pedir itens para uma festa de aniversário e receber todos os itens necessários em seu carrinho.
“Você apenas precisa pensar nisso do ponto de vista do cliente e garantir que não sobrecarregue seu sistema a longo prazo. À curto prazo, pode ser caro. E, geralmente, qualquer inovação tecnológica é. Mas, no longo prazo, você precisa encontrar um caminho para chegar a uma solução econômica e de baixo custo”, pondera Bhardwaj.
Essa ultra conveniência também é uma ambição do delivery brasileiro. Frederico Nicolay, sênior manager do iFood, contou que para aumentar o engajamento da plataforma a companhia tem usado IA para oferecer recomendações mais precisas a partir da base de dados e do comportamento do usuário dentro do app.
O consumidor também conseguirá incluir a foto de um prato e a ferramenta oferecerá opções de ingredientes para compor o menu ou restaurantes que ofereçam semelhantes. Pedidos via assistente de voz e otimização das rotas também são mudanças já incorporadas no aplicativo de delivery.
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