Menos imigração, mais taxas: como ficará a economia dos Estados Unidos?
Economista da JP Morgan projeta os impactos das possíveis taxações aos importados propostas por Trump e aponta crescimento menos acelerado em 2025
Economista da JP Morgan projeta os impactos das possíveis taxações aos importados propostas por Trump e aponta crescimento menos acelerado em 2025
Bárbara Sacchitiello
13 de janeiro de 2025 - 12h56
A expectativa em torno das mudanças que podem acontecer a partir do dia 20, quando Donald Trump tomará posse de seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, é grande. Ainda durante a disputa eleitoral, o republicano anunciou medidas econômicas que pretende colocar em prática, como taxas de importação, além de uma ampla ofensiva contra a imigração ilegal. Se tudo for acontecer dessa forma, não apenas os Estados Unidos, como também todo o mundo, assistirá aos impactos já a partir deste ano.
Para tentar apontar o possível cenário econômico norte-americano em 2025, além de mapear sua influência direta para o varejo e os negócios da maior economia do mundo, Joyce Chang, chair of global research da JP Morgan, destacou alguns dos principais tópicos que devem nortear a situação econômica do país – e, consequentemente do mundo – nos próximos meses.
Chang iniciou a palestra informando que o excepcionalismo norte-americano – a teoria de que os Estados Unidos crescem mais e de forma mais acelerada e diferente dos demais países – se manterá em 2025. Porém, de forma um pouco mais lenta.
“O excepcionalismo dos Estados Unidos continuará, mas a taxa de crescimento deve ficará em torno de 2,5% acima do ano anterior e não mais de 3%, como esperavam as projeções anteriores. Será um crescimento mais lento”, projetou.
A inflação, algo que impacta diretamente o setor de varejo, deverá seguir nos moldes atuais, o que gera um grande desafio para as negócio. A economista destacou que a taxa de inflação nos EUA não deve mais voltar para os índices pré-pandêmicos, mantendo-se na casa dos 3%. E, como as grandes empresas acabam tendo custos mais altos, fazer com que essa alta de preços não gere impactos significativos nas vendas exigirá grandes esforços.
Na palestra, Chang também abordou as possíveis consequências da nova política de taxas que Trump promete implementar, que deve intensificar ainda mais a guerra comercial entre China e Estados Unidos. O presidente eleito prometeu impor uma taxa de 10% a 20% sobre os produtos de outros países que entrarem nos Estados Unidos. Já em relação a China, essa taxa de importação seria ainda maior – algo superior a 60%.
“As propostas de tarifas podem representar vantagens econômicas, mas também geram incertezas”, pontou Chang. Apesar de a possível taxação deixar os produtos dos Estados Unidos em condição de vantagem, a JP Morgan prevê que uma taxa universal de importação impactaria diretamente o orçamento dos consumidores.
Segundo ela, caso seja criada uma taxa universal de importação de 10% nos Estados Unidos, considerando os padrões atuais, as famílias do país teriam um custo adicional de US$ 1250.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e China está, também, alterando a ordem dos negócios globais, de acordo com a visão da economista. Chang exibiu dois mapas que mostram a evolução das parcerias globais chinesas em comparação com as norte-americanas. No primeiro deles, do ano 2000, o mapa gobal é praticamente todo azul, indicando que todos os países das Américas, Europa, quase toda a Africa e Ásia tinham nos EUA seu principal parceiro comercial.
Já o mapa de 2024 sinaliza o quanto o comercial internacional “avermelhou”, com a China conquistando o posto de principal parceira comercial de blocos continentais inteiros, como a Africa, Ásia, leste europeu, Oriente Médio, Brasil e alguns outros países sul-americanos. No geral, são 129 países, segundo a JP Morgan, que já tem na China seu principal parceiro comercial.
A economista pontou que o mundo, atualmente, está saindo do processo de globalização para outro, de regionalização comercial e organizações em blocos, como China, Rússia e União Europeia. Essas uniões e organizações laterais formarão outras ordens de negócios, que também devem impactar a estrutura geral.
Outro ponto no qual Chang tocou a respeito da política norte-americana foi a imigração. A proposta de Trump, de endurecer a tolerância a imigração ilegal e retirar os estrangeiros que vivem de forma irregular dos Estados Unidos, deve gerar impactos diretos na mão de obra do país.
“Menos imigração representa menos força de trabalho e menor produtividade, além de aumentar os índices de desemprego ao longo do tempo”, destacou a economista.
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