NRF 2023 começa já com discussões importantes
Esse artigo é sobre a NRF que eu vi. Tem tanta coisa acontecendo, e muita ao mesmo tempo, que tentar ver tudo é impossível.
Esse artigo é sobre a NRF que eu vi. Tem tanta coisa acontecendo, e muita ao mesmo tempo, que tentar ver tudo é impossível.
16 de janeiro de 2023 - 16h39
Varejo trabalha de domingo? Sim! E domingo é tradicionalmente o primeiro dia da NRF. Primeiro, é muito bom ver o Javits Center cheio de novo. E o primeiro dia costuma ser mais calmo, justamente porque é domingo e nem todos os americanos vêm. Só quero ver amanhã… O presidente da NRF, Matthew R. Shay, falou que está com altas expectativas de quebrar o recorde da NRF 2019, que chegou a mais de 40 mil participantes nos três dias. Veremos!
Vale dizer que esse artigo é sobre a NRF que eu vi. Tem tanta coisa acontecendo, e muita ao mesmo tempo, que tentar ver tudo é impossível. Portanto, isso é a NRF de domingo do Elói. Certeza que perdi coisas boas, e vocês estão sendo filtrados por aquilo que eu acho legal. Mas, é o que tem pra hoje… Ao conteúdo!
Em duas das palestras principais (Keynotes) destacou-se como está central o papel do varejo phygital. A CEO da Saks OFF 5th, Paige Thomas, destacou a mentalidade “digital-first” (digital primeiro) que todos estão tendo no seu negócio, como forma de acompanhar os clientes.
E que achei que deu liga com a fala que veio a seguir do CEO da Macy’s, Jeff Gennettee, quando ele explicou que notou que, ao fechar algumas lojas de rua que ele achava que não vendiam bem, ocorreu queda de conversão no online dos clientes nos CEPs no entorno das lojas fechadas.
Seria devido a redução do tempo de entrega ou do fim das possibilidades de pickup in store? Fato é que eles começaram inclusive uma migração para fora dos shoppings e rumo às lojas de rua e aumentando as vendas no online e no físico.
“Só vai sobreviver quem tiver uma mentalidade digital-first” –
Paige Thomas, CEO da Saks OFF 5th
Se isso não é phygital, não sei o que é. Eu arriscaria a dizer que o varejo tem que ser DigitALL, uma brincadeirinha em inglês com digital e “all” (tudo), ou se quiserem, DigiTUDO em português. Temos que entender que o digital agora é parte integral e normal dos negócios.
A futurista Kate Ancketill, CEO e fundadora da consultoria Business Futurist GDR, é sempre alguém que deixa a gente desconfortável na cadeira, colocando a gente fora da caixinha. Ela mencionou o difícil momento que o nosso mundo está enfrentando: conflitos constantes devido à falta de todo tipo de item (alimento, materiais, combustíveis), clima em perigo e, consequentemente, uma situação de crise permanente.
Ela declarou que o mundo vai entrar no fim da era da abundância e teremos que aprender a lidar com menos. A nota positiva seria que isso traz oportunidades para os negócios pois, segundo ela, são três as grandes alavancas que irão tirar a gente dessa situação. Se ela me permite, eu vejo mais como duas alavancas e um “mecanismo de fuga” para lidar com a situação. Mas, ainda assim, do ângulo que ela apresenta, necessário, até psicologicamente falando – papo pesado! Nunca a gente sai leve com a Kate!
A saber: 1) resiliência através da descentralização; 2) parar de compensar e passar a regenerar e corrigir; e finalmente, 3) a economia da dopamina.
Na primeira, ela fala das oportunidades de descentralizar para atingir múltiplos objetivos, como menor impacto para o mundo e resolver o desafio da abundância. Coisas como ter painéis solares em casa, para ficar num exemplo simples.
No segundo, fala contra ficarmos compensando emissões de carbono plantando árvores, pois logo não vai ter espaço para plantar tanta árvore e efetivamente não produzir emissões.
E finalmente, no terceiro, toda uma linha de negócios voltada para consumo de experiências imersivas, voltadas ao bem-estar e que permitem que as pessoas “esqueçam” um pouco o que está acontecendo lá fora. Seja Metaverso, sejam experiências físicas imersivas, trata-se de fazer você relaxar e sentir-se como se estivesse em outro lugar. Aqui está o mecanismo de fuga…
Para fechar, Leslie J Ghize, da Doneger/TOBE, e Kristin Patrick, CMO da Claire’s, deram uma aula sobre como tem evoluído a compreensão do perfil da geração Z. Mostraram como eles são contraditórios.
São anticapitalistas, mas gostam de comprar. Dizem que não ligam pra status, mas secretamente gostam. E a parte que mais me impactou: são nativos digitais que amam o analógico.
Elas argumentam que muitos deles sentem falta das partes analógicas da vida que veem que seus pais tiveram, e começam a ter consciência do mal que o excesso de digital faz em suas vidas.
Dizem elas que eles ainda não são os seres verdadeiramente phygitais, ou seja, eles também, assim como nós (gerações X e Y) estão aprendendo. A diferença é que eles nasceram no digital, mas amam o analógico.
Talvez a próxima geração, que estávamos chamando de alphas, mas que elas já começaram a chamar de Geração A, seja essa que equilibre verdadeiramente os dois lados? A ver.
No ano passado, parecia que a cada duas sessões, uma tinha Metaverso no título. Esse ano, eu chequei: apenas uma sessão tinha Metaverso no título, de 219 sessões!
Foi uma queda tão rápida quanto a ascensão! Mas, a própria Kate na sua palestra deu um conselho: não descartem o Metaverso ainda. Ela acredita que, em 2 ou 3 anos, a tecnologia irá alcançar o nível de fotorrealismo capaz de fazer com que o Metaverso alcance uma massificação que tire ele do nível de nicho que se encontra hoje.
É isso pra hoje pessoal. Vou dar uma passeada na expo e depois conto o que vi de bom por lá. Dia 1 encerrado!
Compartilhe
Veja também
Para CEO do GPA, avanço do retail media depende da crença dos líderes
Em entrevista, Marcelo Pimentel, explica os passos do grupo na construção da operação de retail e aponta a transposição da experiência da loja ao digital como o principal desafio da categoria
IA, pé no chão e experiência: CMOs fazem balanço da NRF 2024
Bárbara Miranda (Ipiranga), Washington Theotonio (Americanas S.A) e Vivian Zwir (Grupo Casas Bahia) dividem os temas que mais se destacaram ao longo dos três dias de evento