NRF 2023: Economia consciente. Não há mais espaço para os excessos
No feriado de Martin Luther King, as primeiras palestras do dia trouxeram um tom motivador e emocional; economia consciente também vem sendo pauta no evento
No feriado de Martin Luther King, as primeiras palestras do dia trouxeram um tom motivador e emocional; economia consciente também vem sendo pauta no evento
17 de janeiro de 2023 - 15h34
O momento de refletir sobre os grandes aprendizados do dia sempre me traz novos insights. Quando escrevi sobre os destaques do primeiro dia, percebi que ainda não havia passado por tudo o que queria, então, para este artigo resolvi fazer um mix dos principais assuntos e temas que achei mais interessante na NRF até aqui.
A abertura do segundo dia, que marca também o feriado nacional Martin Luther King Jr. Day (17/01), trouxe falas importantes sobre igualdade e otimismo, reforçando que os propósitos do líder pacifista precisam, sempre que possível, ser trazidos à tona.
Entre as primeiras palestras do dia, ouvi um talk bastante inspirador e motivacional da ginasta e medalhista olímpica, Simone Biles. Ela falou da importância do trabalho em equipe, objetivos claros e perseverança. Desde o princípio, ela explica que tinha como objetivo a conquista, independente se fossem pequenas ou grandes. Um passo de cada vez, esse é o seu lema. Na sequência, foi a vez do inspirador Marvin Ellison, CEO da Lowe’s, dizer que para garantir que você chegará em determinado nível de sucesso é preciso aceitar os trabalhos mais difíceis, e isso é que torna a motivação maior ainda. Desafios são aceitos para serem realizados e adquirir novos conhecimentos.
Outros temas que não posso deixar de mencionar são economia consciente, sustentabilidade e a preocupação com excessos, seja no consumismo, seja na presença quase que constante de todos no celular ou em devices. Mesmo que as pautas mais fortes tenham sido faladas no primeiro dia, é notável quanto esse “mercado” está crescendo e tomando para si um espaço poderoso.
Já Paige Thomas, da Saks, relatou que o mercado está enfrentando uma grande inflação, de cerca de 7%, algo inimaginável para os norte-americanos, e isso faz com que os compradores fiquem mais conservadores, principalmente no mercado de luxo, segundo a visão de Thomas. A tradicional loja de luxo da 5ª Avenida notando este cenário, identificou o quanto era necessário entrar no digital com algo diferente, visto que se a loja focasse somente na questão de preço, não haveria grandes diferenciações, e teriam uma tendência de queda da marca em poucos anos.
Diante dessa situação, a companhia começou a desenvolver e implementar alguns projetos no digital, como, por exemplo, um app da loja, onde é possível encontrar uma seção que funciona como um brechó de luxo. A empresa conseguiu chegar a esta decisão a partir de analisas do seu público por meio de pesquisas, e descobriu que, principalmente a Geração Z, que tem maior preocupação com sustentabilidade, tende a se tornar o principal público. Ainda de acordo com Thomas há uma expectativa que o digital supere as vendas do físico em alguns anos.
Trago este exemplo, pois, antes do evento, fiz algumas visitas técnicas em lojas e me deparei com a The RealReal, um brechó de luxo físico, que trabalha somente com peças em consignação. Na loja há diversos avaliadores, para diferentes tipos de produtos, com preços bem menores do que os praticados em marcas famosas, como Louis Vuitton, Prada, Gucci, Hermès, etc. Este nicho é bastante interessante, pois ele abre possibilidade de comprar um item raríssimo por valores bem mais atrativos. E esse tipo de negócio tem ganhado muito espaço por conta da Geração Z, que é extremamente preocupada com a sustentabilidade e o fato de não gostar dos excessos – esse último ponto também levado pela inflação, que fez os consumidores comprarem menos e com mais assertividade.
Vou para o último dia de evento bastante satisfeita com o que ouvi até agora, e bastante curiosidade para a última palestra, do ator Kal Penn. Mas, já tiro como lição alguns pontos importantes, como a jornada do cliente, a valorização da experiência e da personalização, além, de pensarmos, cada vez mais, em economias sustentáveis.
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