18 de janeiro de 2024 - 12h33
A abertura do segundo dia, coincidindo com o “Feriado de Martin Luther King” nos EUA, trouxe um tom de igualdade e otimismo, passando também por reflexões acerca do cenário varejista moderno e como empreendedores podem (e devem) se adaptar para terem sucesso. Acolher o envelhecimento populacional, gerenciar a pressão financeira, integrar inteligência artificial e explorar novos modelos de consumo foram os destaques do dia, em uma proposta única para garantir relevância em meio a um cenário global em constante evolução.
Começando em grande estilo, o palco principal da NRF recebeu Kate Patel, CEO e fundadora da GDR Creative Intelligence, que trouxe à tona mudanças de comportamento do consumidor e soluções de tecnologia. Para Patel, estamos diante de um cenário moldado por tendências no setor, mas com desafios à espreita, sobretudo por mudanças demográficas, como quedas nas taxas de natalidade e envelhecimento da população em países como o Japão. Há de concordarmos que a diminuição dos trabalhadores configura um dos principais impactos, já que pode gerar uma demanda maior por automação para otimizar operações.
Além disso, a executiva ressaltou que o cenário econômico atual indica um empobrecimento da população, resultando na redução do poder aquisitivo. Isso impulsiona a transição do consumo linear para a circularidade. Em outras palavras, estamos a nos despedir dessa realidade de abundância, em que usamos e descartamos, para outra, pautada em reutilizar, reciclar e minimizar desperdícios. A sustentabilidade no centro.
Como era esperado, a inteligência artificial também foi tema em destaque no painel, e não há mais dúvidas de que a IA continuará a impactar significativamente nossa interação com o mundo. Nesse sentido, a executiva fez uma análise interessante sobre como a empatia se torna crucial em um contexto em que a tecnologia age como solucionadora de problemas, ainda que atrelada a desafios modernos, como o crescimento da adoção de assistentes conversacionais e o índice elevado de ansiedade e solidão, especialmente entre as novas gerações, indicando uma necessidade de serviços de saúde mental nutridos por IA.
Outra apresentação que não posso deixar de citar é o painel do Lee Peterson, vice-presidente executivo da WD Partners, que trouxe uma provocação valiosa sobre a importância das lojas físicas se reinventarem, mesmo com a inclinação dos consumidores ainda para o ambiente digital. Prova disso são os dados apresentados pelo executivo, mostrando que aproximadamente dois terços dos americanos preferem compras on-line. Arrisco dizer que essa conta pode ser resultado do contato frequente com o virtual, que alterou o comportamento do consumidor em tempos de pós-pandemia, principalmente pela conveniência e agilidade encontradas nesse modelo.
Contudo, o consumidor pode até pesquisar informações pela internet e redes sociais, buscar avaliações e revisões de outros consumidores, mas o e-commerce não foi programado para orientar emoções. Isso quer dizer que as lojas físicas podem, sim, seguir com praticidades do modelo virtual, mas sem perder de vista as interações e experiências que às vezes só são possíveis a partir de trocas humanas. É nesse contexto que se destaca a nossa dinâmica social, do atendimento cara a cara, fortemente ligada à cultura do brasileiro, conhecido por ser um povo acolhedor.
Em conjunto, todos esses indicadores nos mostram caminhos possíveis que o varejo deve seguir ao longo deste ano e dos próximos. Fechar os olhos diante de tantas transformações já não é mais uma possibilidade, o futuro começa aqui e agora.